O Metallica tem líderes muito claros e abertamente declarados. James Hetfield (voz e guitarra) e Lars Ulrich (bateria) fundaram a banda e comandaram todas as ações, sendo os únicos presentes em todas as etapas da carreira. O fato é encarado com naturalidade por todos os envolvidos – ao menos publicamente, mesmo nos momentos de crise, isso nunca foi questionado.
Sendo assim, não há como argumentar o fato de que o grupo não funciona como um regime democrático. A maioria dos coletivos artísticos, não apenas na música, acaba tendo uma estrutura de liderança, no final das contas.
Em entrevista de 2007 à Kerrang!, repercutida pelo Blabbermouth (via Whiplash), o próprio Hetfield admitiu o cenário com a maior naturalidade. À época da conversa, o quarteto trabalhava no que seria o álbum “Death Magnetic” com Rick Rubin.
Sobre a função do produtor, o frontman ressaltou:
“Rubin é muito bom em sentir músicas e dirá abertamente se não gostar de alguma coisa. Começamos com 20 composições e reduzimos para 14 desde sua chegada. Ele não dirá: ‘isso é uma m*rda’, mas fará sugestões. Estou definitivamente aberto a isso. Mas em ‘St. Anger’, a mente ficou tão aberta que acabou ficando fora de foco. Desta vez, há muitos: ‘desculpe, não é bom o suficiente’. Nosso objetivo é a excelência.”
Sendo assim, o vocalista e guitarrista não fez rodeios ao confirmar que a democracia em estúdio comprometeu o trabalho anterior.
“Definitivamente. Foi muito irrealista. Passamos de voar no pescoço um do outro com sarcasmo e raiva para o extremo oposto, onde abraçaríamos todas as ideias estúpidas para não ferir os sentimentos de ninguém. E isso também não funcionou.”
Metallica e “St. Anger”
Oitavo álbum de inéditas do Metallica, “St. Anger” foi o primeiro após a saída do baixista Jason Newsted. O produtor Bob Rock assumiu o instrumento durante as gravações, com Robert Trujillo sendo efetivado para a turnê. As sessões foram interrompidas para que o vocalista e guitarrista James Hetfield se internasse, visando tratar sua dependência química.
A sonoridade foi altamente contestada, especialmente pelo estilo de “lata” da caixa da bateria e o fato de os solos de guitarra terem sido totalmente excluídos das composições. Mesmo assim, a repercussão comercial foi positiva, com o disco chegando ao primeiro lugar em várias paradas mundiais e as vendas superando a casa de 8 milhões. No Brasil, ganhou disco de ouro.
As gravações e seus desdobramentos foram registradas e lançadas no filme “Some Kind of Monster” – que gerou alguns momentos de constrangimento para os envolvidos e de vergonha alheia para quem estava assistindo.
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