Muitas vezes chamado de “arroz de festa”, Andreas Kisser sempre fez grandes esforços para integrar o heavy metal à sociedade, especialmente por meio da parceria com outros estilos musicais. O guitarrista do Sepultura acredita que o gênero é excluído de espaços musicais mais ecléticos, desde festas informais até grandes eventos destinados à caridade, como o “Criança Esperança”, da TV Globo.
O assunto surgiu durante entrevista ao podcast Vozes da Vez, transcrita pelo site. Inicialmente, o músico lembrou que ele próprio tem um programa de rádio em uma estação famosa, mas é pouco, perto de uma representatividade geral para o metal.
Ele disse:
“Tenho meu programa de rádio (‘Pegadas de Andreas Kisser’, na Kiss FM), mas não é uma música que você vê em shows corporativos de fim de ano, ou esse tipo de coisa. Mas tudo bem. O que me incomoda um pouco é a representatividade do fã de heavy metal na cultura brasileira e como cidadão brasileiro.”
Ao refletir sobre o tema e citar o “Criança Esperança” como exemplo, o guitarrista do Sepultura apontou também que o preconceito é mútuo: tanto do grande público com o metal, quanto do gênero em questão com a música mais mainstream.
“Um exemplo: no ‘Criança Esperança’, o heavy metal é completamente ignorado. Não é sobre vender discos — pode até ser, sempre tem um lance comercial envolvido ali, mas não é essa a intenção. Por que não se estimula o público do heavy metal — que também tem esse certo preconceito com artistas que vão nesse tipo de evento, já que nunca tem alguém representando — para chamar atenção?”
Andreas Kisser e a comoção pelo fim
Por fim, Kisser exaltou os headbangers brasileiros, citando que muito do distanciamento vem de estereótipos. Ele também falou da comoção que a despedida do Sepultura causou em todo o cenário nacional.
“A nação heavy metal é gigantesca no Brasil. Lota qualquer estádio um show do Iron Maiden, Metallica, um festival como o Rock in Rio. O Sepultura gerou uma comoção com o anúncio da despedida, todo mundo querendo participar… é uma fatia de representatividade gigante que é ignorada por essa besteira de estereótipo de violência, que ‘fala do demônio’, ‘usa só preto’. É mais história da carochinha do que o dia-a-dia, do cara que trabalha, paga seus impostos, compra produto oficial, respeita o próximo em um show que não tem violência. As pessoas não prestam atenção nisso.”
A despedida do Sepultura
Após 40 anos de atividades, o Sepultura se prepara para seu encerramento. A banda brasileira começa em março de 2024 a turnê “Celebrating Life Through Death”, que promete ser a despedida dos palcos. A ideia é rodar o Brasil e a América do Sul nessa primeira parte do giro, que vai até abril.
A partir de setembro, o Sepultura faz mais algumas datas no Brasil antes de seguir para a Europa, onde deve ficar até o fim de novembro. A turnê de despedida deve durar cerca de um ano e meio, com mais datas a serem anunciadas.
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Aposto que para o pornofunk tem espaço.