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The Smile expande sua fórmula além do Radiohead em “Wall of Eyes”

Trio formado por Thom Yorke, Jonny Greenwood e Tom Skinner parece se distanciar cada vez mais da sombra dos gigantes do rock alternativo

Quando Thom Yorke e Jonny Greenwood apareceram no livestream de Glastonbury durante a pandemia apresentando The Smile ao mundo, uma narrativa se formou imediatamente. Não só eram dois integrantes do Radiohead juntos em um projeto paralelo: eram os dois principais membros da banda e a sonoridade desse novo grupo remetia ao passado – visto por alguns como áureo – do conjunto principal.

O álbum de estreia do grupo, “A Light for Attracting Attention” (2022), só serviu para reforçar essa narrativa. Era “o melhor lançamento do Radiohead em anos”, algumas pessoas falaram. Poderia significar até o fim de uma das bandas mais importantes dos últimos 40 anos. O fato de Yorke, Greenwood e o baterista Tom Skinner terem emendado a turnê do disco com mais sessões de gravação só contribuiu ao efeito bola de neve.

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Agora estamos perante o segundo lançamento do The Smile em menos dois anos, “Wall of Eyes”. E não soa tanto como Radiohead quanto o antecessor. O que é bom.

Uma característica que sempre marcou o quinteto de Oxford foi a mente aberta dos integrantes para explorar caminhos diferentes. Eles nunca ficaram satisfeitos em se repetir. Isso rendeu uma das discografias mais variadas e revolucionárias da história do rock.

Em “Wall of Eyes”, o trio parece pegar as influências principais da estreia – pós-punk, dub e Can – e começa a incorporar mais jazz. Tom Skinner é um dos melhores bateristas do gênero no Reino Unido, tendo antes feito parte do excelente conjunto Sons of Kemet. Esse álbum novo parece todo guiado pelo seu toque preciso na percussão.

Quase todas as faixas se estendem além de cinco minutos de duração, explorando com calma as nuances harmônicas das composições. E a percussão de Skinner guia o caminho. Os arranjos orquestrais de Greenwood também ganham uma nova dimensão, com mais espaço para desabrochar. O guitarrista sempre soube incorporar elementos de dissonância e eletrônica, mas enquanto em lançamentos do Radiohead suas cordas eram elementos complementares, aqui ele as usa como foco harmônico.

Os singles – a faixa-título, “Bending Hectic” e “Friend of a Friend” – já apontavam para esse caminho. E as outras cinco músicas oferecem outras facetas da identidade do The Smile sendo formada perante nossos olhos e ouvidos. Desde o uso de delay rítmico em “Read the Room” e “Under The Pillow” à sensualidade de “Teleharmonic”, o arranjo ambient quase new age de “You Know Me!”, Yorke, Greenwood e Skinner constroem para si algo que não deve nada ao Radiohead em termos musicais.

Acho até que se referir ao The Smile como projeto paralelo a esse ponto é inapropriado. Ao menos no sentido “clássico” do termo no contexto da história do rock. A percepção geral desses até hoje remete à indulgência ou ao exercício de ideias mais experimentais sem lugar (ainda) no grupo principal.

Esse trio parece operar em um caminho próprio e apenas acontece de ter na formação dois integrantes do Radiohead. É interessante acompanhá-los.

*Ouça “Wall of Eyes” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

*O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

The Smile – “Wall of Eyes”

  1. Wall Of Eyes
  2. Teleharmonic
  3. Read the Room
  4. Under Our Pillows
  5. Friend of a Friend
  6. I Quit
  7. Bending Hectic
  8. You Know Me!

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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