Peter Gabriel é um dos artistas mais inovadores e bem-sucedidos da história do rock. Seja como parte do Genesis ou em sua carreira solo, o cantor sempre buscou expandir limites tradicionais impostos a canções e performances ao vivo. Mas como era a experiência de trabalhar com ele num contexto coletivo?
O guitarrista Steve Hackett, ex-colega do vocalista na banda, deu uma entrevista recente ao Ultimate Guitar na qual discutiu, entre outros assuntos, sua relação com Gabriel. Ele falou:
“Eu diria que trabalhar com Peter Gabriel era mais fácil nos estágios iniciais do desenvolvimento do Genesis. Acho que fizemos ótimos álbuns juntos – ‘Foxtrot’ e ‘Selling England by the Pound’ são discos fenomenais, pra mim. Não acho que existe uma faixa abaixo da média nesses dois. E essa era a força do coletivo compondo junto.”
Peter deixou o grupo em 1975, desiludido com a indústria musical e com o desejo expresso de passar tempo com sua família. Não demorou muito, contudo, para ele lançar sua carreira solo, na qual ajudou a moldar a sonoridade do pop nos anos 80.
Mesmo assim, Hackett disse que a saída do vocalista da banda não afetou a relação entre os dois:
“Nós éramos – e continuamos sendo – amigos e camaradas. Lembro de elogiar o trabalho dele, particularmente quando fez seu terceiro disco solo, e eu achei que tinha desenvolvido um estilo único para si. Isso foi antes mesmo dele adotar a ideia de world music, e gosto de imaginar que tive influência nisso.”
Steve Hackett elogia Peter Gabriel
No fim, Steve Hackett não poupou elogios a Peter Gabriel:
“Peter é muito, muito criativo. Um doce de homem. Super filantrópico. Inventor e visionário de tantas maneiras. Acho que foi privilégio meu trabalhar com ele. Acho que fomos todos bons uns aos outros – os caras do Genesis antes de nos dividirmos em facções.”
As facções do Genesis
Ainda durante a entrevista, Steve Hackett detalhou como o Genesis deixou seu espírito coletivista para trás em meio a uma competição interna que culminou na saída de Peter Gabriel. Ele disse:
“Quando chegamos em ‘The Lamb Lies Down on Broadway’ – o último álbum de Peter com o Genesis –, o grupo estava começando a se dividir em facções. Era óbvio que Peter não permaneceria na banda. Parecia haver uma competição entre Peter e Tony [Banks, tecladista] – para ver quanto espaço cada um podia ocupar. E isso significa que os arranjos ficaram super elaborados, com teclados virtuosísticos e letras super densas e narrativas vindas de Peter. E esses dois caminhos pareciam estar em conflito na sua maior parte. Ficou mais complicado definir o que os outros instrumentos podiam fazer – havia menos espaço livre nos arranjos por causa disso.”
Inicialmente mal visto no Reino Unido na época de seu lançamento, em 1974, por causa de seus excessos, “The Lamb Lies Down on Broadway” se tornou o álbum responsável por fazer o Genesis estourar nos EUA. Hackett expressou uma opinião durante a conversa que o alinha mais à reação da imprensa britânica. Ele comentou:
“Apesar de achar que ‘The Lamb’ tem ótimas faixas, demorou até as remixagens para poder ouvir de verdade metade dos detalhes nesse negócio. Havia muitos detalhes naquilo – surround sound e mixagens subsequentes trouxeram de volta muitos dos detalhes que deviam estar presentes o tempo inteiro, se não fossem as limitações de mixagem da época e as várias personalidades competindo por espaço… O disco caiu naquela clássica questão com a qual bandas precisam lidar quando existe uma disputa de poder acontecendo. Quando existem agendas diferentes. Mesmo assim, é muito interessante.”
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