“Você usaria salto alto?”: Quando Steve Farris gravou solo para o Kiss

Músico registrou o momento na faixa-título do álbum “Creatures of the Night”, lançado em 1982

O Kiss era uma banda totalmente fragmentada quando entrou em estúdio para gravar o álbum “Creatures of the Night”. A principal ausência era o guitarrista Ace Frehley. Ainda um membro de forma oficial à época do lançamento, ele não gravou uma nota sequer no disco, embora tenha aparecido na capa, fotos promocionais e videoclipe do primeiro single, “I Love it Loud”.

Nomes como Robben Ford, Adam Mitchell e Vinnie Vincent – que assumiria a titularidade para a turnê – registraram solos. Outro escalado foi Steve Farris. O músico participou da faixa-título, que abriu o tracklist e se tornaria uma das preferidas dos fãs.

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Em entrevista à Guitar World, o instrumentista contou como o convite para ir ao estúdio acabou acontecendo.

“Eu estava tocando em uma banda chamada Mambo Jets quando um amigo disse: ‘O Kiss está realizando testes porque Ace Frehley deixou a banda’. Pensei: ‘Ei, estou sentado tomando sopa Campbell’s fria todas as noites. Vale a pena arriscar’. Não tinha dinheiro e meu Volkswagen Rabbit nem funcionava sem que eu pisasse na embreagem e o empurrasse. Parte de mim estava tipo, ‘Por que diabos eu tentaria fazer um teste para o Kiss?’ Mas consegui o telefone de contato, gravei uma fita de teste e a deixei no escritório para uma garota que parecia entediada e nada impressionada.”

A resposta não demorou a vir, embora em um mundo com menos comunicação, possa ter parecido uma eternidade.

“Duas semanas depois, recebi um telefonema: ‘Aqui é Paul Stanley do Kiss. Gene e eu gostamos da sua fita. Você pode ir ao Record Plant?’. Tive que pensar um pouco antes de dizer: ‘Sim’, pois chegar ao Record Plant a tempo não seria fácil. De qualquer forma, fui até lá no meio da noite e entrei no Studio D. Havia dois caras com longos cabelos pretos, Paul e Gene. Eu nunca os tinha visto sem maquiagem antes, mas imaginei que fossem eles.

Eu me aproximei e disse: ‘Ei, prazer em conhecê-los’. Eles disseram: ‘Oh, ainda estamos com esse outro cara. Você pode ficar no corredor?’. Pensei: ‘Este é um daqueles momentos em que as coisas se juntam. Preciso não me preocupar, andar devagar, calar a boca e tocar’. Fui apresentado ao cara com quem eles já estavam, Bob Kulick. Conversamos por um minuto e ele era uma pessoa legal.”

“Creatures of the Night”, a música

Embora não tivesse garantido a vaga – que não viria de qualquer modo – Farris pôde gravar o solo daquela que se tornaria a canção que daria nome ao play posterior do grupo.

“Entrei em uma sala com um grande amplificador Marshall e cabos no chão para conectar. Tinha uma Fender Strat comigo. Disseram que dariam sinal na ponte para o solo da música que estavam tocando, que era ‘Creatures of the Night’. Estou parado aí; eles me contaram e eu fiz o primeiro solo que me veio à mente.”

Tal qual havia acontecido uma década antes com Ace Frehley e “Deuce”, o que Steve fez chamou a atenção – embora não a ponto de ele ser efetivado.

“Eu terminei, eles pararam a fita, Paul veio até mim e perguntou: ‘Cara… você consegue usar salto alto?’ Eu disse: ‘Posso tentar.’ E esse take é o que você ouve no disco. Nenhuma segunda tentativa – foi isso. Do começo ao fim. Não entrei porque não sabia cantar, mas ainda assim foi incrível.”

Steve Farris e Mr. Mister

No mesmo ano, Steve Farris entraria para a banda Mr. Mister. Ele gravou os três primeiros discos do grupo, “I Wear the Face” (1984), “Welcome to the Real World” (1985) e “Go On…” (1987).

O segundo foi o de maior sucesso, emplacando dois singles no topo do Billboard Hot 100, principal parada de singles dos Estados Unidos: “Broken Wings” e “Kyrie”. O trabalho vendeu mais de 1 milhão de cópias no país, além de ter faturado premiação de platina tripla no Canadá e ouro no Reino Unido.

O guitarrista saiu em 1988, com o fim do conjunto acontecendo dois anos mais tarde. Ano passado, os quatro membros originais se reuniram para um show no aniversário de 70 anos do baixista e vocalista Richard Page.

Kiss e “Creatures of the Night”, o álbum

Lançado em 13 de outubro de 1982, “Creatures of the Night” foi o décimo trabalho de inéditas do Kiss. A sonoridade aproximava a banda do heavy metal, com bastante ênfase na bateria de Eric Carr.

Ganhou disco de ouro nos Estados Unidos, apesar de não ter sido tão bem-sucedido quanto os trabalhos da década anterior. Com o passar dos anos, passou a figurar entre os preferidos do público e de seus próprios autores. A turnê marcou a primeira passagem do grupo pelo Brasil, tocando para o maior público de sua carreira no Maracanã, Rio de Janeiro.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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