De acordo com uma pesquisa feita pela empresa Luminate, 24,8% das músicas disponíveis nas plataformas de streaming não recebeu nenhum play em 2023. O número chama a atenção, principalmente quando lembramos que o Spotify, serviço de streaming mais popular do mundo, está remunerando apenas as faixas que recebem mais de mil execuções.
Também há uma considerável discrepância do outro lado da pesquisa. A Luminate trata cada faixa de um artista como um “código de gravação padrão internacional”, ou ISRC, na sigla em inglês. Apenas 10 desses ISRCs – ou seja, apenas 10 músicas – receberam mais de 1 bilhão de streamings em 2023.
Esses números foram detalhados por Helena Kosinski, uma das responsáveis pela pesquisa (via NME).
“Tivemos 79,5 milhões de ISRCs que tiveram entre 0 e 10 streams no ano passado e, de fato, 45,6 milhões de ISRCs em nosso sistema não registraram um só stream em 2023. Então existe, como todos sabemos, existe um monte de músicas por aí e muitas delas não estão recebendo uma grande quantidade de streams.”
Os responsáveis pela pesquisa declaram que um dos principais argumentos a favor do streaming – o de que ele tornaria a arte em geral mais acessível – é apenas parcialmente verdadeiro. Na visão deles, a única música acessível é a que já é altamente popular e vai ter uma grande quantidade de streamings naturalmente. Para artistas de menor porte e independentes, haveria apenas um limbo.
Confira outros dados levantados pela pesquisa da Luminate:
- 79,5 milhões de músicas receberam entre 0 e 10 streams em 2023. Dessas, 45,6 milhões não foram tocadas nenhuma vez.
- 42,7 milhões de músicas tiveram entre 11 e 100 plays
- 30 milhões de músicas ficaram entre 101 e 1000 execuções
- De um total de 158,6 milhões de músicas, 86,2% delas ficou abaixo dos 1000 streamings
Spotify e a regra dos mil
Como já destacado, o Spotify passou a adotar novas regras de remuneração com base na quantidade de streamings. A partir deste ano, é preciso que uma faixa chegue ao número mínimo de 1.000 execuções para que passe a ser remunerada pela plataforma. A medida foi vista pela indústria como altamente prejudicial aos artistas não tão populares.
De acordo com o próprio Spotify, o serviço conta hoje com aproximadamente 100 milhões de músicas, das quais apenas 37,5 milhões atendem os requisitos para receber remuneração. Isso significa que em torno de 60% de todo o catálogo da plataforma não gera renda para os artistas que criaram as músicas.
Os responsáveis pela plataforma dizem ainda que essa quantidade de música corresponde a cerca de 1% da quantidade total de streamings da plataforma, outro dado que enfatiza a grande diferença numérica.
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Threads | Facebook | YouTube.