Goste ou não do reality show, a verdade é que o tema do “Big Brother Brasil” é uma das músicas mais conhecidas do país. Intitulada “Vida Real”, a canção é uma versão da original holandesa “Leef”, de Han Van Eijk, mas por aqui é mais conhecida na voz de Paulo Ricardo, ex-integrante do RPM — que canta o tema desde a primeira edição do programa, ainda em 2002.
A Globo comprou em 2001 o formato do reality show da empresa holandesa Endemol. A primeira temporada foi ao ar no ano seguinte. “Leef” era a canção-tema e cada país que tivesse a franquia poderia regravar a música com um artista convidado.
Paulo Ricardo foi o escolhido. Mas afinal, Paulo Ricardo o ou o RPM?
RPM e a 1ª versão de “Vida Real” para o “Big Brother Brasil”
O RPM capitaneado por Paulo Ricardo existiu em períodos diferentes ao longo dos anos, entre idas e vidas. O grupo surgiu em 1983 e permanece na ativa até 1989, na fase de maior sucesso. Retornaram entre 1993 e 1994, com Paulo seguindo em carreira solo durante os hiatos. Em 2001, houve um novo retorno, motivado por um especial da MTV.
Foi nessa época que Paulo Ricardo foi procurado pela produção da Globo para fazer a adaptação nacional do tema do “BBB”. Dessa forma, ele escreveu a letra e o RPM gravou a primeira versão, que, segundo o próprio músico, foi usada entre 2002 e 2004.
Paulo Ricardo e a versão “clássica” da música
Em entrevista disponível no próprio canal do artista, Paulo Ricardo explica que em 2005, o produtor Boninho pediu que uma nova versão do tema fosse gravada. Nessa época, o RPM não estava ativo e coube a Paulo Ricardo fazer a nova versão. O próprio explica em vídeo disponível em seu canal do YouTube, com transcrição do site IgorMiranda.com.br:
“Em 2005, o Boninho me pediu uma nova versão, mais rápida – eu já estava solo –, mais pesada, e aí foi a versão que eu considero a clássica.”
De fato, a segunda versão de “Vida Real” é uma das mais lembradas pelos fãs do programa e foi usada de 2005 a 2012. Também é a versão apresentada em shows ao vivo pelo artista até hoje.
Experimentos e novidades no tema do “BBB”
A partir de 2012, quando uma nova versão do tema foi encomendada pela emissora, Paulo Ricardo passou a ter mais liberdade para fazer mudanças na música anualmente. Na mesma entrevista, o músico explicou que a intenção é atualizar a canção para que cada novo elenco do “Big Brother Brasil” se identifique com o estilo daquele ano.
Desde então, o tema do “BBB” tem sido um desafio para ele e para a equipe da Globo.
“O pop é muito efêmero por natureza, muito volátil, muito dinâmico. Uma coisa que soa bem hoje, no ano que vem pode estar terrivelmente datada. Na verdade o meu desejo era ter aquela galera, daquele ano, curtindo a músicas nas festas, como se fosse a música do momento, a música que toca na festa. Então eu comecei a fazer arranjos novos ano a ano, para que a música soasse atual e cada elenco se identificasse com aquele arranjo daquele ano.
Todos foram muito bem recebidos e muitas vezes até o Boninho e o Rodrigo Dourado (diretor) me disseram ‘o desse último ano ficou ótimo, vamos continuar usando esse’, mas eu dizia ‘eu vou fazer um novo, vou mandar e você vê o que acha’ e eles sempre acham o novo melhor. É um desafio grande, me obriga a estar antenado, a ouvir tudo o que está acontecendo.”
A única exceção nos experimentos promovidos por Paulo Ricardo é a versão de 2013, que contou novamente com o RPM, numa releitura da música de 2002.
A partir daí, o artista voltou a trabalhar em “Vida Real” em carreira solo, promovendo as mudanças anuais citadas. Nos últimos anos, ele priorizou influências eletrônicas, inclusive colaborando com o DJ Gui Boratto.
Para 2024, os convidados de Paulo Ricardo são Dennis DJ e a Funk Orquestra. O resultado, como não poderia deixar de ser, é uma versão funk.
De acordo com o site oficial do RPM, a versão brasileira do tema do “Big Brother Brasil” foi escolhida como a melhor do mundo pela Endemol, detentora do programa a nível mundial. Tanto Paulo Ricardo como a banda já participaram do “BBB” tocando “Vida Real” e outros sucessos ao longo dos anos.
Dessa forma, é difícil não associar a música ao programa, independente da audiência – ou da ausência dela.
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