Rusty Anderson tinha um sonho recorrente quando criança: os Beatles apareciam na porta da sua casa com todos os instrumentos e o convidavam a tocar. Após 35 anos e uma carreira ilustre como músico de estúdio em Los Angeles, o guitarrista finalmente viu esse sonho se realizar em 2001, quando foi chamado para integrar a banda de Paul McCartney.
Em entrevista à Rolling Stone, Anderson contou sobre o convite:
“Estava conversando no telefone com David Kahne [produtor]. Ele fala: ‘Eu vou produzir o novo disco do Paul McCartney’. Eu falo, ‘Ótimo. Se precisar de guitarrista, me avisa.’ Ele responde, ‘Estava pensando a mesma coisa’.
Eu não falei sobre isso com ninguém. Mas dois meses depois, eu entrei no estúdio Henson em Los Angeles e encontrei um monte de caras ingleses. E aí conheci Paul. Dentro de meia hora, estávamos tocando música.”
Quanto ao nervosismo de estar na presenta de um Beatle, Anderson falou:
“Paul McCartney é a p#rra do Paul McCartney. Demorou alguns dias para me acostumar a estar na companhia dele. Isso mesmo ele sendo bem acolhedor e simpático. Ele era legal. Foi difícil conciliar o fato dele ser uma figura quase mítica e estar na minha frente, conversando comigo, e eu precisar ficar presente.”
Rusty Anderson e Paul McCartney
Rusty Anderson foi chamado para tocar com Paul McCartney já com a ideia de ser incorporado à banda ao vivo do cantor para a primeira turnê dele em quase uma década. Um dos primeiros shows do guitarrista ao lado do Beatle foi no Concert for New York City, em outubro de 2001.
O evento, que beneficiou as famílias das vítimas, policiais, bombeiros e outros serviços de emergência envolvidos nos esforços do 11 de setembro, foi realizado no Madison Square Garden. O guitarrista falou sobre a experiência de tocar clássicos dos Beatles num dos palcos mais famosos do planeta:
“Não tem como processar. Você só quer fazer um bom trabalho. Foi tão surreal só de pensar: ‘Você vai subir no palco e serão as luzes de Woodstock. Vai ser intoxicante e você vai entrar na vibe do momento’. Aí a gente sobe no palco e eu percebi que tudo aquilo era mesmo para os bombeiros, as pessoas na linha de frente, aqueles que perdemos e sua coragem. O trabalho que todas essas pessoas fizeram depois de 11 de setembro. Todos esses bombeiros estavam lá. Havia essas luzes de TV na plateia pra filmar as pessoas.
Dava pra ver todos os rostos, o que não acontece normalmente. Quando se toca um show grande, as luzes vão até certo ponto e o resto do público vira uma massa. Nesse, eu me senti como se estivesse numa sala de aula gigante. Eu pensei: ‘Uau. Se consigo fazer isso, consigo fazer qualquer coisa’.”
O guitarrista faz parte da banda de McCartney desde então. Já são 22 anos de estrada com o Beatle. A experiência de tocar os clássicos do grupo mais famoso da história o deixou ainda mais fã deles:
“É incrível. Até hoje, só de ver a evolução do George (Harrison) como guitarrista e suas habilidades, suas influêncas… Paul bolou muitas partes de guitarra também. Eles meio que se ajudavam. Era incrível. Ringo (Starr) criava acidentalmente títulos de canções ou letras chave. Era o jeito que eles trabalhavam juntos.
O que me deixa embasbacado sobre os Beatles é que eles eram uma gangue. Eles eram uma banda. Eles eram amigos. E aí você ouve: ‘ah, John (Lennon) e Paul escreviam a maior parte do material’. O que mais gostei de ver em ‘The Beatles: Get Back’ foi como eles se respeitavam, como se amavam, tinham reverência um pelo outro e prestavam atenção para ensinar coisas um ao outro.”
E acima de tudo, Anderson se mostrou grato pela experiência até hoje:
“Eu me sinto incrivelmente grato e feliz que Paul tenha me dado essa oportunidade.”
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