Os melhores discos de 2023 na opinião de João Renato Alves

Colaborador do site e editor das páginas da Van do Halen escolhe 10 álbuns de destaque e faz outras 33 menções honrosas

É difícil concluir se estou mais exigente ou a produção em geral decaiu, mas é o segundo ano em que o número de indicações além do Top 10 diminui. Mesmo assim, tivemos grandes trabalhos, que fizeram 2023 valer a pena.

Antes de partir para o ranking, vale reforçar aquilo que é dito todo ano: esta é uma lista pessoal. São os discos que eu mais gostei, escolhas estritamente pessoais, sem objetivo de se tornar palavra definitiva. Você não está errado por curtir algum que não está aqui ou por não ter gostado de algum que entrou. “Faltou fulano de tal”. Não, não faltou, apenas não coloquei. “Esqueceu aquele”. Não, não esqueci, apenas não coloquei.

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Melhores discos de 2023 para João Renato Alves

10) Foo Fighters – “But Here We Are” (Rock)

Era esperado que o primeiro álbum de Dave Grohl após as mortes da mãe e do baterista Taylor Hawkins fosse carregado de desabafos e explanações emotivas. Definitivamente, há várias passagens que nos comovem e provocam reflexões necessárias. Porém, a banda colabora, lançando seu disco mais coeso dos últimos tempos. Músicas consistentes e lotadas de momentos marcantes fazem dessa uma sessão de terapia pública muito agradável.

9) The Raven Age – “Blood Omen” (Melodic Groove Metal)

Em seu terceiro full-length, o grupo inglês demonstra evolução latente, arriscando em novas atmosferas, arranjos e melodias que apenas enriqueceram sua sonoridade. O quinteto mescla peso e momentos de fácil assimilação com destreza invejável, fazendo a diferença no resultado. É um mérito tão grande que só no final do texto você precisa lembrar se tratar da banda do guitarrista George Harris, filho de Steve Harris (Iron Maiden).

8) Black Stone Cherry – “Screamin’ At The Sky” (Hard/Southern Rock)

Em seu oitavo disco de estúdio, a banda americana – que é mais bem-sucedida em terras inglesas – oferece o melhor trabalho da carreira. A fórmula não mudou, mas a inspiração nas composições se mostra bem acima da média, superando de longe seus lançamentos anteriores, especialmente os mais recentes. O conteúdo lírico se sobressai, com a abordagem da dor sendo uma constante, propondo uma discussão aberta sobre o tema.

7) Last In Line – “Jericho” (Hard Rock/Heavy Metal)

Em seu terceiro disco, o projeto deixa de ser um resgate protagonizado por instrumentistas originais do Dio e ganha personalidade própria. Características clássicas se misturam a uma pegada e abordagem atualizadas. As composições são energéticas, com Vivan Campbell arriscando riffs e solos certeiros de uma forma que não teria espaço em sua banda principal, o Def Leppard. E o vocalista Andrew Freeman é dono de um gogó privilegiado. Para fazer a festa dos headbangers que não estacionaram no tempo.

6) Crypta – “Shades Of Sorrow” (Death Metal)

O segundo álbum da banda segue tendo o mérito de conseguir manter as características do estilo proposto e ainda aumentar a gama de influências, gerando um som ainda extremo, porém, de fácil assimilação até mesmo para pessoas que não adeptas ferrenhas. A qualidade das composições se coloca acima do habitual, evitando clichês perigosos e contando com execução bem acima da média.

5) Danko Jones – “Electric Sounds” (Hard Rock)

É digno de nota citar que esse é o 11º álbum do trio canadense, que se aproxima dos 30 anos de carreira. Ainda assim, o tempo não aplacou a fome sonora, o que acaba se convertendo em um dos melhores momentos dessa história. Potente e direto ao ponto, o grupo oferece um trabalho eficiente e divertido, daqueles capazes de levantar tanto uma arena quanto um bar da esquina com meia dúzia de bêbados sedentos por Rock And Roll.

4) The Rolling Stones – “Hackney Diamonds” (Rock And Roll)

Um senhor de 80 anos, outro de 79 e mais um de 76 foram responsáveis por um dos melhores discos de Rock And Roll do ano. Em um dos grandes momentos das últimas décadas, os Stones foram premiados com a condução de Andrew Watt rumo a um de seus trabalhos mais consistentes nas últimas quatro décadas. O dream team de convidados só abrilhantou o que já seria espetacular apenas com os protagonistas. Um exemplo muito bem acabado da dignidade nos derradeiros momentos.

3) Exmortus – “Necrophony” (Thrash/Neoclassical/Melodic Death Metal)

Em seu sexto trabalho de inéditas, primeiro pela Nuclear Blast, o grupo americano esbanja personalidade de forma raramente vista em tempos recentes no ambiente metálico. A mistura de sonoridades descrita na introdução pode causar alguma estranheza quando encarada de forma descritiva. Porém, acaba desenvolvendo um material muito próprio, se mostrando capaz de impressionar o ouvinte.

2) Extreme – “Six” (Hard Rock)

O quarteto de Boston rompeu hiato de 15 anos sem material inédito em alto nível. O destaque individual dado para Nuno Bettencourt desde o lançamento do single “Rise” é justificável, mas acaba criando uma injustiça indireta para com o restante dos membros, que também oferecem grandes performances durante todo o tracklist. É raro uma banda com longo tempo de estrada oferecer um de seus melhores plays a essa altura da carreira, mas o Extreme conseguiu com méritos.

1) RPWL – “Crime Scene” (Prog Rock)

O grupo alemão que melhor emula o espírito do Pink Floyd (de quem começaram sendo uma banda cover) lançou um álbum conceitual tendo como pano de fundo histórias de assassinatos. Os músicos chegaram a ir a locais onde os crimes ocorreram para absorver a energia enquanto repassavam os acontecimentos envolvendo cada situação. O resultado é um disco envolvente, alternando momentos melancólicos e tensos. Uma verdadeira viagem musical.

Outros 33 que merecem ser conferidos

Em ordem alfabética, outros 33 que merecem ser conferidos:

Angelus Apatrida – “Aftermath” (Thrash Metal): O oitavo álbum da banda espanhola se mantém fiel ao Thrash Metal que os tornou um dos grupos mais conhecido do estilo nas últimas décadas. Ao mesmo tempo, permite experimentar, agregando uma série de convidados “fora da caixa”. O resultado é mais do que positivo, estabelecendo mais uma vez o quarteto como um dos mais relevantes do gênero. Um convite para a correria tendo um pacote completo de riffs como trilha.

Anthem – “Crimson & Jet Black” (Heavy Metal): Com mais de 40 anos de carreira, o quarteto japonês segue firme e forte com suas influências oitentistas, muito peso e melodias certeiras. A produção do renomado Jens Bogren dá um realce extra às características, fazendo com que características clássicas se somem a uma abordagem contemporânea. Play perfeito para quem gosta de empunhar sua air guitar e bater cabeça.

Arjen Lucassen’s Supersonic Revolution – “Golden Age Of Music” (Hard/Glam/Prog Rock): O lendário multi-instrumentista holandês é um verdadeiro herói do underground metálico. Em seu mais novo projeto, ele mergulha em um tributo aos anos 1970, reunindo influências de diferentes segmentos do Rock naquele período e até mesmo alguma coisa de fora, embora ainda contemporânea. O resultado é empolgante, amparado por um grupo de músicos muito acima da média e composições para lá de inspiradas. Uma festa em forma de disco.

Black Star Riders – “Wrong Side Of Paradise” (Hard Rock): Primeiro após a saída do guitarrista Scott Gorham, o quinto álbum do Black Star Riders não apresenta grandes mudanças na estrutura sonora. O que é bom, já que o grupo comandado por Ricky Warwick sabe fazer Hard Rock com melodias eficientes e peso na medida certa como poucos. E apesar de não ter mais nenhum ex-membro do Thin Lizzy, a banda irlandesa segue sendo a principal referência.

Buckcherry – “Vol. 10” (Hard Rock): Chegando a três décadas de carreira, a banda americana comandada pelo vocalista Josh Todd não abre mão da fórmula que os tornou um dos nomes que segurou o Hard Rock em seu pior momento, na segunda metade dos anos 1990. As músicas são cheias de riffs eficientes e melodias marcantes. Daqueles discos para apertar o play, deixar rolando e curtir sem maiores compromissos.

Creeper – “Sanguivore” (Gothic/Hard Rock): A ideia de transformar o cenário de pós-pandemia em uma história vampiresca já rende créditos aos britânicos por si só. Mas o terceiro disco ainda possui inúmeros outros méritos. Misturando Gothic Rock, Hard, Glam e Horror Punk, o quinteto obtém um resultado bastante diversificado e interessante. Não à toa, acabou ficando com o topo da lista da conceituada revista Metal Hammer.

Death Pill – “Death Pill” (Hardcore/Thrash Metal): A estreia do trio feminino ucraniano destila fúria em 9 faixas que misturam Hardcore e Thrash Metal com intensidade e pegada fulminantes. Também é preciso reconhecer o mérito de ter gravado um disco em maio à situação do país em que as integrantes vivem, o que com certeza contribuiu para a urgência e o espírito do it yourself aqui presentes. Recomendado tanto para os old school quanto a nova geração.

Demons Down – “I Stand” (Hard/Melodic Rock): Contando com membros atuais e antigos do House Of Lords junto ao vocalista chileno James Robledo e o guitarrista italiano Francesco Savino, o Demons Down estreia em um trabalho com referências ao passado, mas sem perder a personalidade. As melodias convivem de forma harmônica com uma bem-vinda dose de peso, pontuadas por composições inspiradas dos envolvidos.

Drain – “Living Proof” (Hardcore): O trio americano despontou em 2020 com seu álbum de estreia, mas não pode divulgar apropriadamente até o ano passado, por conta da pandemia. Agora, chega ao seu segundo disco, acrescentando bem-vindos elementos de crossover em composições inspiradas e execução afiadíssima. São 10 faixas em apenas 25 minutos, como manda o figurino. É a confirmação de uma das grandes revelações recentes do estilo.

Eclipse – “Megalomanium” (Hard/Melodic Rock): Ostentando impressionante constância, o grupo de Erik Mårtensson investe no lado mais direto de sua personalidade musical e mantém o nível dos trabalhos mais recentes. São 11 faixas em 38 minutos, feitas com eficiência sem se desviar dos clichês, mas sabendo usá-los com inteligência a favor das composições. O resultado tem tudo para deixar os fãs esfregando as mãos para a primeira vinda do grupo ao Brasil em 2024.

Enforced – “War Remains” (Thrash Metal): É o terceiro álbum do quinteto americano, que só melhora a cada novo lançamento. A sonoridade bebe na fonte do Thrash e do Death dos anos 1980, mas mantém uma conexão com tempos recentes. Em vários momentos, lembra o saudoso e excelente Power Trip. São 10 faixas em pouco mais de meia-hora, mostrando poder suficiente para empolgar e figurar entre os preferidos dos adeptos do gênero.

First Signal – “Face Your Fears” (AOR/Melodic Rock): Após três discos, o vocalista Harry Hess (Harem Scarem) mudou a parceria no First Signal. Saiu o músico e produtor sueco Daniel Flores (The Murder Of My Sweet, Find Me), entrou o italiano Michele Guaitoli, vocalista do Visions of Atlantis, Temperance e ERA. O resultado foi o melhor álbum do projeto desde a estreia, em 2010. A base do som segue sendo a mesma, porém, há uma consistência maior nas composições, com um bem-vindo approach metálico sem descaracterizar a proposta.

Ian Hunter – “Defiance Part 1” (Rock and Roll): A disposição e entrega de Ian Hunter são comoventes. Aos 83 anos, o roqueiro britânico segue disposto a criar e engrandecer seu legado como poucos. Tanto que, mesmo no período mais rigoroso da pandemia, usou o lockdown a seu favor, se trancou no estúdio e contou com colaborações de amigos – à distância, por motivos óbvios. O Rock and Roll clássico, com referências tipicamente inglesas em sua estrutura empolga, emociona e diverte, cada qual em sua medida certa.

Iggy Pop – “Every Loser” (Punk Rock): Aos 75 anos (à época do lançamento, agora 76), o avô do Punk se cercou de músicos do mais alto gabarito e ofereceu um de seus melhores trabalhos em muito tempo. A energia quase juvenil mesclada à experiência de quem sabe o que faz gerou um repertório cheio de referências ao passado sem soar como mera cópia de dias gloriosos. Vitalidade, energia e carisma que não se compram nem se fabricam.

In Flames – “Foregone” (Melodic Death Metal): Inspirado e energizado, o grupo sueco lançou um dos melhores álbuns da carreira, resgatando elementos de seu passado e misturando a arranjos e estruturas dos trabalhos mais recentes. É pesado, profundo e envolvente, como há tempos os fãs esperavam. Ao mesmo tempo, não vai alienar quem chegou a partir dos últimos discos. Não é uma volta às raízes, apenas uma mistura de características dos 30 anos de história do grupo.

Katatonia – “Sky Void Of Stars” (Gothic Metal): Chegando ao 12º álbum, o grupo sueco oferece uma obra banhada em melancolia e mais intensa em comparação aos trabalhos mais recentes. Há espaço para algumas influências Prog pontuais, com arranjos elaborados e execução precisa. O vocalista Jonas Renkse, se certifica de que o tom dark não seja abandonado em momento algum da audição.

Laura Cox – “Head Above Water” (Hard/Blues Rock): Revelada no YouTube durante a década passada, a guitarrista e vocalista franco-britânica chega a seu terceiro disco demonstrando maturidade e categoria na interpretação e no instrumental. A base sonora está no Hard e no Blues Rock, com espaço para algumas inserções do Country e Americana. Tudo com total conhecimento, mostrando que as estrelas instantâneas podem muito bem desenvolver um trabalho competente.

Liv Sin – “KaliYuga” (Hard Rock/Heavy Metal): O terceiro disco do grupo comandado pela vocalista sueca Liv Jagrell (Sister Sin) adiciona influências modernas ao que já era feito nos antecessores. O resultado é um álbum que mescla peso, melodia e experimentalismo nas doses certas para não assustar fãs que já acompanhavam a trajetória da cantora e angariar novos adeptos.

Nita Strauss – “The Call Of The Void” (Heavy Metal): A guitarrista de Alice Cooper se reafirma como uma artista muito acima da média em um álbum que mescla faixas instrumentais e parcerias com grandes vocalistas – que assinaram suas composições. Pesado e moderno, o disco promove uma série de reflexões através de seu conteúdo, abordando os trolls da internet, os sentimentos negativos que alimentamos e a superação perante as doenças mentais. Tudo pontuado pela execução primorosa de uma das melhores instrumentistas de sua geração.

Overkill – “Scorched” (Thrash Metal): O quinteto americano se torna a primeira banda de Thrash Metal a alcançar a marca de 20 álbuns de músicas inéditas. E o faz com maestria, mantendo o alto nível de seus trabalhos mais recentes. Aos 63 anos o vocalista Bobby “Blitz” Ellsworth segue cantando com o registro que lhe é particular e os instrumentistas colaboram, oferecendo uma performance precisa, com o acréscimo de referências a outros subgêneros metálicos.

Pizza Death – “Reign Of The Anticrust” (Crossover/Thrashcore): De todas as possibilidades musicais, confesso que não esperava me confrontar com um quarteto australiano mesclando Thrash Metal e Hardcore oitentista com letras sobre pizza. E o mais legal é que realmente funciona! Formado durante a pandemia, o quarteto australiano mostra total competência em seu segundo disco, com 20 faixas em pouco menos de 28 minutos. Para cair no mosh com bastante massa e seu sabor preferido!

Rancid – “Tomorrow Never Comes” (Punk Rock): Com 16 faixas em menos de meia hora – a maioria abaixo dos 2 minutos de duração –, o quarteto abre mão das influências externas, como Ska e Reggae, para concentrar fogo em um Punk Rock simples e direto. Um testemunho à integridade de quem estourou no revival do estilo na década de 1990, mas que nunca deixou de manter sua personalidade musical atrelada ao underground.

Rival Sons – “Darkfighter” (Hard/Classic Rock): O sétimo disco de estúdio de uma das bandas de Rock mais relevantes do século atual possui uma maior afluência de teclados, mas não descaracteriza a sonoridade dos anteriores. Ao contrário, as composições foram bastante realçadas e ganharam contornos climáticos interessantes. E no fim das contas, ninguém pode ficar repetindo o mesmo álbum para todo o sempre. Nem aqueles grupos que todo mundo diz terem feito isso não o fizeram de verdade.

Robert Jon & The Wreck – “Ride Into The Light” (Country Rock): Em seu sétimo álbum, o grupo se juntou com craques da produção como Don Was (Rolling Stones, John Mayer, Bonnie Raitt), Dave Cobb (Rival Sons, Slash, Brandi Carlile, Chris Stapleton) e Kevin Shirley (Iron Maiden, The Black Crowes). Patrão da banda na Journeyman Records, Joe Bonamassa também participou. O resultado é um curto e competente disco de Country Rock, cheio de passagens memoráveis.

Siena Root – “Revelation” (Hard/Classic Rock): Em seu oitavo álbum de inéditas, o quarteto sueco comandado pela vocalista Zubaida Solid leva o ouvinte em mais uma viagem rumo aos anos 1960 e 70, com pegada clássica, belos arranjos, bastante groove e alguns toques de psicodelia muito bem encaixados. Há momentos carregados de emotividade, com sonoridades acústicas que nos carregam em uma genuína viagem. Basta se deixar levar.

Soen – “Memorial” (Prog Metal): Em seu sexto álbum de estúdio, os suecos estão cada vez mais próximos de alcançar um status privilegiado: o de fazer um som que não encontra precedentes a não ser a própria banda. As referências Prog não se resumem às obviedades, incorporando elementos distintos, mas que formam um conjunto de ideias bastante consistente. O resultado agrada ouvintes de diferentes backgrounds, outro mérito digno de nota.

Sophie Lloyd – “Imposter Syndrome” (Hard Rock/Heavy Metal): Fenômeno revelado nas mídias sociais, a guitarrista reuniu uma série de vocalistas da cena Hard/Heavy e expôs sua versatilidade em composições que transitam entre os lados mais pesados e os melódicos do gênero. A parceria se vale bem da técnica da protagonista, que não transforma o álbum em uma mera exibição de atributos técnicos, valorizando a música acima de tudo.

Spirit Adrift – “Ghost At The Gallows” (Heavy Metal): O quinto álbum do projeto capitaneado pelo vocalista e multi-instrumentista Nate Garrett é Heavy Metal tradicional em sua essência, remetendo a sons da NWOBHM e até mesmo algumas atrações da virada dos anos 1970 para os 80. E apesar das referências antigas, não soa como mera cópia do que já foi feito, garantindo personalidade e competência na execução.

Tortured Demon – “Rise Of The Lifeless” (Thrash Metal/Metalcore): Em seu segundo disco, o jovem quarteto inglês (o mais velho tem 22, o mais novo 17) exibe categoria de veterano para oferecer um trabalho de musicalidade superior. Passando por influências de todas as décadas do subgênero a que se propõem, demonstram bastante personalidade e qualidade técnica. Ah sim, vale citar que é uma banda de Manchester com irmãos. Que nunca briguem.

Unearth – “The Wretched; The Ruinous” (Metalcore): Resgatando as principais características do que os consagrou, o Unearth fez um disco que não é o melhor da carreira, mas traz um pouco de tudo aquilo que os fãs esperam da banda. O duo de guitarras se sobressai, com melodias e fraseados marcantes em praticamente todas as faixas, que se interligam sem deixar a energia cair. O exemplar perfeito de simplicidade, eficiência e correção musical.

Uriah Heep – “Chaos & Colour” (Classic/Hard Rock): Os britânicos conseguem manter a alta qualidade de seus trabalhos recentes, algo de muito valor considerando o tempo da banda e de seus próprios membros – o guitarrista Mick Box já está com 76 anos. Instrumental soberbo e os vocais característicos mostram que a obra do quinteto não precisa apenas se amparar no que foi feito em seu glorioso passado, ainda tendo muito a oferecer para quem deseja embarcar nessa viagem.

Vandenberg – “Sin” (Hard Rock): Sem medo de lembrar os tempos do Whitesnake, Adrian Vandenberg chamou o vocalista Mats Levén e cometeu o disco que David Coverdale não lança há tempos. O Hard Rock com pegada blueseira toma conta no melhor disco do guitarrista holandês desde que retomou a carreira em anos recentes. Um presente para quem sente falta do veneno da serpente branca na segunda metade dos anos 1980.

Warmen – “Here For None” (Melodic Death Metal): Quase uma década mais tarde, o tecladista Janne Wirman reforma o Warmen tendo Petri Lindroos (Ensiferum) nos vocais. O sexto álbum do grupo se aproxima ainda mais da sonoridade do Children Of Bodom, sem preocupações com impressões alheias agora que a banda não existe mais. Não é exatamente a mesma coisa, mas pode servir como um bálsamo ao fã saudosista da pegada do grupo comandado pelo saudoso Alexi Laiho.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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