James Brown, um dos artistas mais icônicos de todos os tempos, nos deixou no dia de Natal em 2006, aos 73 anos de idade. Oficialmente, o “Padrinho do Soul” morreu por conta de um ataque cardíaco e fluido em seus pulmões. No entanto, a teoria de que o cantor teria sido assassinado ganhou força mais de uma década depois.
A ideia surgiu graças uma extensa reportagem, divulgada em 2019, do jornalista Thomas Lake, da CNN, na qual entrevistou em torno de 140 pessoas e coletou algumas evidências que sustentam a teoria de que James Brown teria sido assassinado. Tudo isso em função do passado cheio de controvérsias do artista e diversos pontos enigmáticos e misteriosos sobre sua morte.
É importante ressaltar: as informações apresentadas a seguir compõem uma teoria publicada por um veículo de comunicação. A versão das autoridades é diferente.
O lado sombrio de James Brown
Atenção: há relatos de crime sexual a seguir.
A pessoa responsável por abrir esse questionamento foi a artista circense Jacque Hollander, que diz ter feito amizade com o músico após ter trabalhado junto dele.
Foi ela quem procurou Thomas Lake para mostrar este suposto lado da vida de James Brown e, como consequência, levou o jornalista a procurar outras pessoas que acreditam no assassinato do cantor.
Hollander alega que, em 1988, Brown a procurou armado e a pediu para entrar em sua van. Pouco depois, a artista afirma que o cantor começou a ficar fora de si e a gritar com ela – em um momento, declarou que o governo americano estava perseguindo os dois.
Brown, então, teria levado Jacque Hollander para um bosque próximo do escritório do cantor, que ficava em Augusta, cidade no estado americano da Georgia. Foi neste momento que, segundo a artista circense, o cantor a teria estuprado.
Ainda de acordo com Hollander, Brown teria dito que se ela revelasse qualquer coisa sobre o que havia acabado de acontecer para alguém, mataria toda a família da artista. Ela afirma que, por conta da alegada ameaça, preferiu ficar em silêncio durante vários anos.
A misteriosa morte da terceira esposa
Jacque Hollander também diz ter ficado amiga de Adrienne Brown, a terceira esposa de James Brown, que morreu em 1996 por complicações após uma cirurgia plástica.
No entanto, Hollander também acredita que Adrienne foi, na realidade, assassinada. Uma evidência surgida mais de 20 anos após a morte da terceira esposa de Brown ajudaria a sustentar a ideia.
Para Thomas Lake, a artista circense afirmou que tinha medo de que algo pudesse acontecer com a amiga. Dias após o alegado estupro, as duas se encontraram e Adrienne suspeitou que algo tivesse acontecido com Jacque, após supostamente encontrar cabelos loiros na van de Brown.
Além disso, Adrienne disse que no mesmo dia em que o suposto estupro alegado pela artista circense ocorreu, Brown teria chegado em casa sob o efeito de drogas e chegou a fazer disparos com armas de fogo.
Apenas três dias depois do fato, Adrienne também teria revelado à amiga que James Brown a teria agredido com um cano de metal e que o cantor, mais uma vez, teria realizado disparos com armas de fogo, que supostamente chegaram a perfurar o carro dela.
Brown teria sido detido pela polícia por conta do incidente, mas liberado pouco tempo mais tarde.
Foi aí que as duas amigas afirmam terem percebido por que James Brown e seu advogado não queriam que elas continuassem próximas: afinal, vivenciaram dois supostos fatos que poderiam acabar com a reputação do cantor.
No entanto, por conta do histórico de James Brown, as ameaças que teriam recebido do cantor e temendo que o pior pudesse acontecer com elas e suas famílias, optaram por ficar em silêncio.
Justamente graças a tudo que ocorreu, as amigas se afastaram uma da outra. Mas com o passar dos anos, o casamento de James Brown com Adrienne continuou tumultuado, com sua esposa enfrentando algumas das pessoas que eram próximas do cantor e pareciam querer controlar a vida dele, além de novas alegações de violência doméstica.
Eis que em janeiro de 1996, Adrienne Brown morreu enquanto se recuperava de uma cirurgia plástica, com apenas 45 anos. Oficialmente, a causa de sua morte foi reação a um medicamento usado no procedimento e uma doença cardíaca que ela tinha.
No entanto, em 2017, um detetive que investigou a morte de Adrienne Brown, chamado Steve Miller, afirmou ter recebido um caderno das mãos de uma garota de programa, que alegava saber a verdade sobre a morte de Adrienne.
Nele, em várias páginas, a garota de programa afirma que um médico foi contratado para tirar a vida de Adrienne. Para isso, conseguiu entrar no local em que ela se recuperava da cirurgia e administrado uma dose fatal de medicamentos.
Como James Brown teria sido assassinado
James Brown teve de ser internado nas vésperas do Natal de 2006 por conta de alguns problemas de saúde. Segundo os médicos que o atenderam, parecia estar se recuperando.
Eis que, de repente, a condição de Brown teria piorado ao ponto do cantor admitir que partiria em breve. O “Padrinho do Soul” faleceu durante a madrugada de 25 de dezembro de 2006 e, oficialmente, a causa de sua morte foi uma insuficiência cardíaca agravada por uma pneumonia.
Thomas Lake conversou com Marvin Crawford, um pastor que também é médico e que assinou o certificado de óbito. Para ele, o cantor não faleceu de causas naturais.
“Ele piorou muito rápido. Ele era um paciente que nunca teria previsto que morreria. Mas ele morreu naquela noite e já levantei a questão: ‘o que aconteceu de errado naquele quarto?’.”
Crawford também foi o responsável por tomar conta de James Brown no hospital. Ele se lembra que na manhã do dia 24, o “Padrinho do Soul” estava se recuperando bem.
“Ele tinha melhorado bastante. Por volta de cinco da manhã do dia 24, ele provavelmente poderia ter saído andando do hospital se quisesse. Mas não poderíamos deixar ele sair. Não podíamos dizer que ele estava liberado.”
Por volta das 19h daquele dia, Crawford deixou o hospital para passar a noite de Natal com sua família – tranquilo de que nada aconteceria com o cantor. Eis que à 1h da manhã do dia 25, recebeu a ligação de que o coração de James Brown havia parado de bater.
Crawford insistiu a Thomas Jane que entre o período que deixou o hospital até retornar por conta da morte de Brown, soube de uma enfermeira – que não se recorda o nome – de que um homem, que não fazia parte da equipe do cantor, teria ido até o quarto dele fazer uma visita.
Pouco tempo depois, os sinais vitais de James Brown pioraram rapidamente, a ponto de ele falecer.
É importante ressaltar um detalhe sobre a morte de Brown: foi muito semelhante a de Adrienne. Afinal, os dois estavam internados e se recuperando bem. Até que pioraram rapidamente e faleceram.
Outros pontos que sustentam a teoria
Como qualquer teoria que ganha força, ainda existem outras questões envolvendo a morte de James Brown que ajudam a sustentar essa ideia de que o “Padrinho do Soul” foi assassinado.
A primeira foi o fato de o corpo de Brown não ter passado por uma autópsia. Em 2009, Charles Bobbit, um dos responsáveis por ter gerenciado a carreira do cantor, afirmou que o procedimento não ocorreu por ser um “desejo de JB”, segundo suas palavras.
No entanto, no mesmo ano em que questão, o próprio Thomas Lake entrevistou, para uma revista, Yamma Brown, uma das filhas de James e sua primeira familiar a chegar ao hospital após sua morte. Ao ser questionada sobre o mesmo assunto, ela deu uma resposta bem diferente.
“Eu tenho meus motivos particulares para não ter autorizado a autópsia. Eu não quero falar sobre isso.”
Quem ajuda a sustentar a fala de Yamma é o próprio Marvin Crawford. Ele havia sugerido à filha de James Brown a autópsia justamente por conta da piora repentina do cantor. No entanto, ela recusou o procedimento.
Além disso, ao ser questionada novamente sobre Lake, agora para esta reportagem da CNN, Yamma não quis comentar novamente o assunto. Além disso, em um livro de memórias sobre o pai, lançado em 2014, a herdeira do cantor não mencionou, em momento algum, a palavra “autópsia”.
Por falar de Yamma Brown, o segundo ponto que vamos citar tem relação com o ex-marido dela – e consequentemente, genro de James Brown: Darren Lumar.
Menos de três meses após a morte do cantor, o casal teria tido um discussão séria ao ponto de Yamma ter esfaqueado Darren no braço. Ela alegou que agiu em legítima defesa, enquanto ele afirmou que a mulher tentou acertá-lo no peito e queria matá-lo.
Após o acontecimento, o casamento entre os dois ruiu de vez e ele teria dito a ela que a colocaria na prisão por dez anos. Pouco depois, Darren Lumar chegou a enviar a seguinte mensagem para a agora ex-mulher:
“Acabei de conversar com Buddy Dallas (o advogado de James Brown) por uma hora. Você me f*deu pela última vez. Vou te expor e mostrar quem você realmente é. Vou agendar entrevistas com qualquer emissora que quiser me escutar. Eu sei que seu pai foi assassinado.”
Em outubro de 2008, o divórcio do casal foi finalizado. No mês seguinte, Darren Lumar sofreu uma emboscada e levou cinco tiros. Mesmo ferido, conseguiu dirigir seu carro até o hospital, mas morreu horas depois.
Frank Copsidas, outro dos responsáveis por ter gerenciado a carreira de Brown, garante que Charles Bobbit gostava de conversar com Darren Lumar e que um dia, o alertou para se cuidar por “saber coisas demais” – principalmente após ameaçar revelar tudo que sabia sobre a morte do sogro.
Thomas Lake não teve a oportunidade de conversar com Bobbit, já que ele faleceu em 2017. Copsidas acredita que nada aconteceu com o colega por ter preferido ficar em silêncio.
“É onde o Bobbit se calaria. Ele poderia saber (várias coisas sobre a morte de James Brown), mas ele não ia falar nada.”
Por fim, o terceiro ponto que vamos citar é o fato de que James Brown supostamente desejava deixar o sul dos Estados Unidos. Em 14 de novembro de 2006, semanas antes de falecer, fez sua última apresentação, que ocorreu em Londres.
Ao se encontrar com Nick Ashton-Hart, um dos organizadores da turnê europeia que estava fazendo, Brown revelou a ele era hora de encerrar a “servidão do sul”, as palavras que usou para deixar claro que queria deixar o local onde nasceu, cresceu e viveu e se mudar para Nova York.
Ashton-Hart revelou que, segundo Brown, a ideia era sair assim que 2007 chegasse.
“Ele queria, no ano novo, se mudar para Nova York.”
Eram pouquíssimas as pessoas que sabiam dos alegados planos do “Padrinho do Soul”. Para Frank Copsidas, o motivo disso é que Brown queria se separar das pessoas que estariam controlando sua vida – especialmente seu advogado, Buddy Dallas (que mencionamos anteriormente), e David Cannon, seu contador particular, que eram dois dos responsáveis por ajudá-lo a gerenciar sua fortuna, estimada em US$ 100 milhões.
“Ele não queria que muitas pessoas soubessem por que tinha medo de que Dallas e Cannon tentassem o parar.”
Esses são alguns dos pontos que ajudam a sustentar a teoria de que James Brown teria sido assassinado. Vale reforçar que as informações foram apresentadas por uma reportagem de um veículo de comunicação e não foram confirmadas por autoridades.
*Texto construído com informações da CNN (fontes 1, 2 e 3) e The Guardian.
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