Joe Bonamassa é o exemplo de um guitarrista que consegue transitar por diferentes estilos. O próprio já declarou não se considerar um bluesman, embora muitos o associem ao gênero. Porém, sua abordagem vai muito adiante, passando pelo rock, jazz e até mesmo inserindo algumas pitadas pop em momentos específicos.
Outro artista que possuía um background semelhante era Gary Moore. Sendo assim, não é de se estranhar que o americano tenha vários elogios a fazer em relação ao saudoso colega de função norte-irlandês.
Em depoimento à Total Guitar, Joe recordou:
“Os dois pioneiros no tipo de música que toco foram Walter Trout e Gary Moore. Eles, especialmente na Europa, adotaram uma abordagem mais fragmentada do blues, e isso funcionou. Influenciou muitos artistas.”
O principal, ressalta Bonamassa, não estava exatamente na técnica – que por si só, já era fenomenal. Estava nas canções.
“Com Gary, as músicas eram ótimas. Quero dizer, música após música. ‘Midnight Blues’, ‘Too Tired’, com Albert Collins, e a música de Albert King, ‘Oh Pretty Woman’ – ele fez versões definitivas delas. E ainda teve ‘Still Got The Blues’, que era linda e se tornou um grande sucesso na América.”
O diferencial
Ainda durante a entrevista, Joe Bonamassa expôs o que considera ser o grande diferencial de Gary Moore enquanto guitarrista. São questões, em sua opinião, que transcendem a música.
“Em primeiro lugar está aquela coisa incendiária que ele tinha, está tudo na alma dele. Havia alguns demônios profundos que tentavam se exorcizar. Ele tocava com muita má intenção, mesmo quando ele estava tocando músicas tranquilas.”
Os traços dessa personalidade de Moore só se manifestavam quando ele estava tocando, de acordo com Bonamassa.
“Ele era uma pessoa muito legal e tímida. Estive com ele várias vezes. Mas quando ele pegava uma guitarra, era como se esse outro animal fosse criado.”
Ainda que não seja o principal, é claro que algumas habilidades únicas de Gary se provaram importantes. Joe reflete:
“Acho que também parte daquele som vem o fato de ele ser canhoto e tocar como destro. Eu sei que B.B. King também era assim: canhoto, mas tocava como destro. Há algo no ataque às cordas que muda quando as pessoas fazem isso. Isso pode explicar o dedo médio dele ser tão rápido. Porque ele passava rapidamente por todo o braço da guitarra com os dedos indicador e médio, daí você pensava: ‘uau, isso é pouco humano’. Foi simplesmente inovador e ainda soa muito novo.”
O favorito do parceiro de Joe Bonamassa
Colega de Bonamassa no Black Country Communion, Glenn Hughes escolheu Moore como o melhor guitarrista com que já tocou – e aqui está alguém que já compartilhou palcos e estúdios com outras lendas do instrumento.
Em entrevista ao Rockin’ Metal Revival, transcrita pelo Blabbermouth, o baixista e vocalista destacou:
“Quero registrar agora. Vou listar alguns para vocês. Toquei com Joe Satriani, Joe Bonamassa, Tony Iommi, Ritchie Blackmore, Pat Thrall, Brian May, Jerry Cantrell e Warren Haynes. Eu poderia continuar listando Mel Galley, Tommy Bolin e assim por diante. Mas meu favorito foi meu querido e velho amigo Gary Moore, com quem comecei a trabalhar em 1979. Ele foi o melhor.”
Sobre Gary Moore
Nascido em Belfast, Irlanda do Norte, Robert William Gary Moore despontou participando do Skid Row – o grupo irlandês, não o americano que faria muito sucesso posteriormente. A seguir, se juntou ao Thin Lizzy. Esteve na banda em 1974 e novamente entre 1977 e 1979.
Posteriormente, desenvolveu respeitada carreira solo, transitando entre o hard/classic rock e o blues. Também integrou o Collosseum II e o BBM, com Jack Bruce e Ginger Baker. Morreu no dia 6 de fevereiro de 2011, vítima de um ataque cardíaco quando passava férias em um hotel na Espanha.
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