O que Fab Morvan pensa hoje de escândalo do Milli Vanilli

História do duo virou assunto de um documentário homônimo, disponível no Paramount+

A saga do Milli Vanilli teve início em 1988 e implodiu dois anos mais tarde, após a descoberta de que Fab Morvan e Rob Pilatus eram apenas fantoches de uma engrenagem que funcionava em estúdio através de outras pessoas. No caminho, a dupla ganhou o Grammy de revelação e emplacou três singles no Billboard Hot 100. No total, permaneceu 78 semanas na principal parada de músicas avulsas dos Estados Unidos.

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Após serem pegos no playback, quando o disco travou durante uma apresentação televisionada pela MTV, o mundo da dupla desabou. Tiveram que devolver o prêmio conquistado – única vez que algo do tipo aconteceu até hoje – e entraram em um inferno astral, que incluiu uma tentativa de suicídio da parte de Rob. Anos depois, ele seria encontrado morto em um quarto de hotel, vitimado por uma overdose acidental.

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A história está sendo resgatada através de um documentário que leva o nome do projeto. Ele está disponível no serviço de streaming Paramount +. Em entrevista ao F5, da Folha de São Paulo, Morvan reconheceu a importância de poder falar abertamente sobre o assunto após tanto tempo.

“Finalmente pude contar minha história. As feridas emocionais foram curadas. Eu cresci, evoluí como pessoa e artista. Hoje vivo cercado de amor em casa. Aprendi com os meus erros e acho que o documentário é sobre isso.”

Durante a conversa, Fab relembra que a dupla foi engrupida pelo empresário Frank Farian (que se recusou a participar das filmagens), que nos anos 1970 havia alcançado sucesso com o Boney M.

“Ele foi o criador do Milli Vanilli, foi ele quem premeditou tudo e separou todo mundo que fazia parte do projeto para que não pudéssemos falar uns com os outros para tentar mudar o que estava acontecendo. Ele estava no controle de tudo.”

Quem saiu perdendo no Milli Vanilli

Morvan ressalta que ele e Rob acabaram sendo mais prejudicados que Frank, já que este prosseguiu a carreira como se nada tivesse acontecido.

“Mesmo 30 anos depois, ainda tem gente que se mantém calado sobre o assunto. Nós pagamos um preço alto, e que preço ele pagou? Ele continuou trabalhando, enquanto nós fomos jogados aos leões e colocados nas listas negras de gravadoras e emissoras de TV. Tive sorte de sobreviver por causa do meu amor pela música.”

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Outro aspecto importante, de acordo com o cantor, foi a possibilidade de dar voz a Pilatus, o que o emocionou.

“Rob não está aqui para contar a versão dele, mas fico feliz de poder ouvi-lo no documentário. Amadureceu muito emocionalmente no final da vida, mas era muito difícil para ele lidar com tudo o que aconteceu. Ele morreu de coração partido.”

“O que eles fizeram de errado?”

Curiosamente, a nova geração, acostumada com bases pré-gravadas e playbacks em aplicativos de mídias sociais, se assusta mais com as consequências que o Milli Vanilli sofreu do que com a própria descoberta. Fab Morvan comenta:

“Quando veem o documentário, as gerações mais jovens perguntam: ‘Mas o que eles fizeram de errado?’ Agora, com as redes sociais, a dublagem é celebrada. Nós não cantávamos, mas era música pop embalada de um jeito diferente, era o começo de uma nova era.”

Por conta disso, Fab ressignificou sua história e se sente confortável para ter uma carreira como artista e palestrante.

“Não preciso de um Grammy para me sentir relevante. Faço o meu trabalho, sou cantor, compositor e produtor, faço minhas coisas no palco. Acredite, o melhor ainda está por vir. As pessoas ainda vão me descobrir como artista, tenho certeza. Eu nunca vou parar.”

Milli Vanilli e Fab Morvan

O Milli Vanilli lançou dois álbuns: “All or Nothing” (1988) e “Girl You Know It’s True” (1989). Após a descoberta da farsa, os cantores ainda lançaram outro disco usando o nome The Real Milli Vanilli e mostrando seus rostos: “The Moment of Truth” (1991). Rob Pilatus e Fab Morvan gravariam “Rob & Fab” (1993).

Atualmente, Fab Morvan se divide entre Amsterdã, Países Baixos e Los Angeles, Estados Unidos. Seu único trabalho solo foi “Love Revolution” (2003). Também registrou “See the Light” (2012) com o Fabulous Addiction e “One of These Nights” (2014) com o NightAir.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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