O guitarrista Ronnie Montrose já era uma figura conhecida devido às associações com Edgar Winter e Van Morrison. Sua versatilidade o colocou como um dos primeiros guitar heroes do rock americano, atribuição concedida basicamente aos ingleses – incluindo o estadunidense Jimi Hendrix, que estourou de verdade quando se dirigiu ao Velho Continente e encontrou seus pares musicais.
Sendo assim, a Warner viu uma possibilidade de promover o instrumentista através de uma banda que levaria seu sobrenome. Para tal, reuniu o baixista Bill Church e o baterista Denny Carmassi. Para os vocais, um jovem desconhecido chamado Sammy Hagar. Estava criado o quarteto que faria, de acordo com uma frase promocional bastante divulgada, o primeiro álbum de heavy metal gravado nos Estados Unidos.
É verdade que alguns grupos já transitavam pelas características do estilo anteriormente. Um exemplo muito claro foi o Dust, power trio que revelou o baterista Marc Bell, posteriormente conhecido como Marky Ramone – além do guitarrista/vocalista Richie Wise e o baixista Kenny Aaronson, que produziriam os dois primeiros discos do Kiss. Mas a postura heroica, remetendo ao Led Zeppelin, foi abraçada por Ronnie e seus comparsas. A ponto de serem promovidos como uma resposta local ao que Jimmy Page e companhia faziam.
Lançado em 17 de outubro de 1973, o debut do Montrose conta com 8 faixas em poucos mais de 32 minutos. Não fez o sucesso esperado à época. Porém, se tornou um dos trabalhos mais influentes do hard rock yankee. A ponto de, 5 anos mais tarde, um desconhecido grupo chamar o produtor Ted Templeman e o engenheiro de som Donn Landee para trabalhar em todas as gravações de sua formação original.
Essa banda era nada menos que o Van Halen, que acabaria chamando o próprio Sammy Hagar para assumir o posto de vocalista, deixado por David Lee Roth em 1985. Outra curiosidade é o fato de uma das faixas desse disco, “Make it Last”, ter sido bastante tocada pelo quarteto em seus tempos de clubes. Registros amadores que soam quase irônicos dada a linha do tempo existem aos montes pela internet. É a única chance de conferirmos Diamond Dave cantando algo de seu desafeto declarado.
Mas não para por aí. O tracklist ainda reuniu clássicos como “Rock the Nation”, “Bad Motor Scooter” e “Rock Candy” – esta última um verdadeiro hino, tendo recebido várias versões posteriores de artistas dos mais variados subgêneros roqueiros. Uma canção que vai despertar lembranças em fanáticos pelo Iron Maiden é “Space Station #5”, que ganhou um cover dos ingleses e foi lançada como b-side à época do álbum “Fear of the Dark” (1992).
Sammy Hagar ainda gravaria mais um álbum com o Montrose, “Paper Money” (1974). A sonoridade já não era tão afeita ao hard rock, por decisão do líder do projeto. Sem poder de decisão, Hagar pediu as contas e partiu em carreira solo, tendo Bill Church como fiel escudeiro.
Ronnie mudaria formações, gravaria com o Gamma e sozinho. Nunca mais obteve a mesma relevância, embora fosse reconhecido como influência e patrimônio material pelo que ajudou a forjar. Infelizmente, decidiu encerrar sua passagem pelo mundo em 2012.
Questionado pelo Ultimate Classic Rock em 2015, Hagar refletiu sobre o impacto do álbum. E confirmou que ele superou o teste do tempo.
“Tenho muitos bons sentimentos em relação a esse disco. Quando ouço ‘Rock Candy’ ou ‘Make it Last’, ainda me identifico com o garoto que era naquele momento. Mal posso acredito que envelheci, pois não sinto qualquer diferença.”
Montrose — “Montrose”
- Lançado em 17 de outubro de 1973 pela Warner Records
- Produzido por Montrose e Ted Templeman
Faixas:
- Rock the Nation
- Bad Motor Scooter
- Space Station #5
- I Don’t Want It
- Good Rockin’ Tonight (original de Roy Brown)
- Rock Candy
- One Thing on My Mind
- Make It Last
Músicos:
- Sammy Hagar (vocal)
- Ronnie Montrose (guitarra)
- Bill Church (baixo)
- Denny Carmassi (bateria)
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