Quando Vito Bratta foi sondado por Ozzy Osbourne e Kiss

No fim das contas, guitarrista do White Lion não tocou com o Madman e com a banda mascarada por motivos distintos

Vito Bratta ficou conhecido pela curta carreira com o White Lion. Mas, antes de fazer sucesso ao lado da banda na década de 1980, o guitarrista recebeu propostas para tocar com Ozzy Osbourne e Kiss

Como contou para a Guitar World, o convite para colaborar com o Madman veio porque integrava um grupo cover do Black Sabbath. Alguém enviou um material do projeto para a equipe do Príncipe das Trevas, que, então, o abordou.

“Não tenho 100% de certeza, mas provavelmente foi Sharon Osbourne [esposa de Ozzy] que me ligou dizendo: ‘ei, gostamos de sua fita e queremos que você vá ao Ritz para tocar’. Quando me pediram isso, meu primeiro instinto foi: ‘não posso, tenho um show esta noite’. Mas então pensei: ‘espere… por que você está se preocupando com uma banda cover? Essa é a sua chance de tocar com o Ozzy’. Então, eu disse a ela: ‘claro, eu posso. Que músicas você quer que eu toque?'”

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Para a vaga, era necessário ter conhecimento prévio sobre as faixas presentes nos álbuns solo de Ozzy. Vito não estava acostumado com esses discos e precisou ser honesto quanto a isso na ligação telefônica – o que o colocou em problemas. 

“Eu disse: ‘olha, eu não conheço os dois primeiros álbuns do Ozzy. Talvez isso não seja uma boa ideia. Você quer que eu vá ao Ritz em breve, mas eu não sei tocar as coisas ainda. Quanto tempo você acha que vai demorar para eu aprender os dois primeiros álbuns?’. Ela perguntou quanto tempo eu precisava e respondi: ‘me dê uma semana e estarei pronto’. E então ela falou: ‘ok, talvez você esteja certo, não é uma boa ideia’ e desligou.” 

Diante da recusa, o guitarrista sentiu frustração, sobretudo porque enxergou a possibilidade como uma oportunidade real. 

“O que me matou foi que o próximo álbum dele, ‘Speak of the Devil’, era de músicas do Sabbath. E eles estavam tocando o material em turnê e é provavelmente por isso que me queriam. Mas eu não sabia disso […]. Isso do Ozzy foi difícil porque eu senti que aquela era a minha chance, realmente me ligaram e queriam que eu fizesse o teste. E eu estava em vantagem. Acho que eu teria conseguido porque eu tinha as costeletas, o cabelo escuro e o som que eles estavam procurando.”

Vito Bratta e Kiss 

Outra grande proposta apareceu não muito tempo depois. Com a saída de Ace Frehley do Kiss em 1982, os mascarados começaram a procurar um novo guitarrista – e cogitaram Vito Bratta. Novamente, a banda cover do Black Sabbath da qual fazia parte entrou na jogada, mas por motivos diferentes, como relembrou no mesmo bate-papo. 

“Minha banda cover tinha dois guitarristas. Havia outro cara chamado Ace e eu. Ele tinha o cabelo do Ace Frehley e dominava escala pentatônica. Ele foi para a Califórnia fazer um teste quando Frehley deixou o Kiss. E devem ter gostado dele, porque quando ele voltou para Nova York, Paul Stanley e Gene Simmons apareceram nos clubes que estávamos tocando para vê-lo ao vivo.”

No entanto, o próprio Bratta quem acabou roubando a cena e conquistando a aprovação dos “chefes”.

“Eu saí do palco e Paul e Gene queriam falar comigo. Eles achavam que eu seria ‘perfeito para o Kiss’, provavelmente porque eu estava fazendo coisas modernas que eles não tinham. Então, me disseram: ‘ei, nós gostamos de você. Achamos que você seria perfeito para o Kiss. Você consideraria tocar numa Les Paul?’”

A sugestão não soou bem para o guitarrista, que não utilizava o modelo de instrumento. Vito optou por não aceitar o posto – ocupado então na época por Vinnie Vincent, que curiosamente não usou Les Paul durante seu período no grupo – e ainda protagonizou uma leve discussão com o Demon. 

“Quando me perguntaram sobre tocar uma Les Paul, eu imediatamente soube que não estava interessado. Eu simplesmente não conseguia imaginar, sabe? Mas talvez eu estivesse disposto a aceitar porque tinha começado com uma Les Paul. Depois de me perguntarem meu nome, eles disseram: ‘seu nome é muito étnico, você consideraria mudá-lo?’ e eu respondi: ‘você consideraria se f#der?’. Eu não ia mudar meu nome.” 

White Lion e Vito Bratta

O White Lion despontou na onda do hard rock oitentista e emplacou alguns sucessos, especialmente com o álbum “Pride”. Lançado em 1987, o segundo disco do grupo vendeu mais de 2 milhões de cópias, impulsionado pelo sucesso da balada “When the Children Cry”.

Vito Bratta não toca profissionalmente desde 1997, quando foi forçado a se aposentar por conta de uma lesão no pulso direito. Ele mora em Staten Island, no estado americano de Nova York, e raramente faz aparições públicas.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 22 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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