Se comparado a “Yellow & Green” (2012) e, principalmente, a “Gold & Grey” (2019), o novo álbum do Baroness é mais econômico em diversos aspectos: duração, alternância de timbres e andamentos, mescla de estilos e até na experimentação em termos de produção. “Stone” é, definitivamente, um disco mais enxuto e direto ao ponto. Isso, no entanto, não o torna menos ousado.
O sexto trabalho de estúdio da banda, formada há exatos 20 anos em Savannah, no estado da Georgia (EUA), a mantém inquieta e desafiadora como sempre – ainda que com uma dose maior de objetividade. De certa forma, “Stone” se assemelha a “Purple” (2015) e certamente agradará em cheio aos fãs que apreciam o contraste entre o peso do sludge e belas melodias, instrumentais ou vocais.
Em “Gold & Grey” o Baroness foi acusado de ficar “indie” demais e extrapolar na busca por uma gravação orgânica, crua e minimalista, a ponto de tropeçar na baixa resolução do som. Já em “Stone” o metal como fio condutor está de volta e a produção é um pouco mais bem definida.
Só não espere nada cristalino ou totalmente asséptico. As camadas e texturas se tornaram parte intrínseca à banda.
Faixa a faixa
De cara, o prelúdio “Embers” abre caminho para “Last Word”, escolhido como primeiro single do álbum e que já mostra essa retomada de riffs pesados, cavalgados e que se aproximam do thrash metal, sem abrir mão de nuances que estão no DNA do Baroness, como as guitarras gêmeas e a explosão de harmonias na ponte e no refrão. John Baizley (guitarra e vocal) e Gina Gleason (guitarra solo) dobram as vozes em um dueto esplendoroso. Fica nítido que esse será um recurso explorado ao longo de todo o disco.
A supracitada mentalidade inquieta e desafiadora dá as caras em faixas como “Beneath the Rose” e “Choir”, coisas que o Baroness nunca havia feito até então. Nelas, John Baizley arrisca cantar de forma totalmente distinta, com um ar sombrio e meio que declamando a letra. As duas músicas se conectam de forma impressionante, a ponto de o ouvinte mais desatento achar que são uma só.
“The Dirge” surge como interlúdio para dois dos melhores momentos do trabalho: “Anodyne” e “Shine”. A primeira traz um riff memorável, que cresce de acordo com a tensão entre voz e os elementos percussivos da bateria de Sebastian Thomson; a segunda, outro single do álbum, se equilibra entre a ambientação lúgubre inicial e um hardão/stoner que faz do Baroness uma banda acessível para além do metal. Um público, aliás, que o quarteto nunca desprezou.
“Magnolia”, com quase 8 minutos, é a mais longa do disco, mas não se perde em excessos ou pretensões. A melodia etérea conversa muito bem com o peso esmagador do riff que explode a partir do segundo verso, tricotando uma estrutura que se mantém interessante até o fim.
“Under the Wheel” e “Bloom” são, provavelmente, as que menos acrescentam, mas tampouco deixam o nível geral de “Stone” cair drasticamente. Um encerramento digno para um disco que talvez não alcance o patamar de um “Blue” (2009), um “Yellow & Green” ou até mesmo um “Purple”, mas que ainda assim opera com um nível de qualidade bastante acima da média.
Assertividade
Repetindo a formação de “Gold & Grey” – o baixista Nick Jost completa o quarteto –, o Baroness se mostra mais assertivo do que no trabalho anterior e tende a se reaproximar de alguns apreciadores que haviam se afastado nos últimos quatro anos.
Ilustrador de mão cheia, John Baizley novamente assina a arte de capa e desta vez também a produção, mas abandona a tradição de nomear os álbuns da banda com cores. “Stone” traz consigo todas as tonalidades já utilizadas pelo Baroness, inclusive a da ousadia, sua marca principal.
*Ouça “Stone” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.
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Baroness – “Stone”
- Embers
- Last Word
- Beneath the Rose
- Choir
- The Dirge
- Anodyne
- Shine
- Magnolia
- Under the Wheel
- Bloom
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