Vinnie Vincent foi escolhido para substituir Ace Frehley no Kiss em 1982, mas não durou por muito tempo. Por conta de uma série de comportamentos descritos por Gene Simmons como “antiéticos”, o guitarrista foi desligado da banda em 1984.
Ele não chegou a retornar ao grupo, mas no início dos anos 1990 voltou a colaborar criativamente com seus ex-colegas, compondo músicas para o álbum “Revenge” (1992) Anos mais tarde, Simmons contou em sua autobiografia como surgiu a ideia da parceria com o guitarrista, cujos talentos como compositor sempre foram destacados.
“Vinnie pediu desculpas por causar tanto sofrimento à banda enquanto era um integrante. Queria remediar a situação, e perguntou se eu consideraria compor algumas músicas com ele. ‘Claro’, eu disse. Queria deixar o passado no passado. Liguei para o Paul [Stanley, vocalista e guitarrista] e disse que Vinnie aparentemente tinha mudado.”
Por sua vez, Vincent apresenta uma versão um pouco diferente dos acontecimentos.
“Eu me encontrei por acaso com Gene e Paul nos estúdios A&M e começamos a conversar. Foi bom vê-los novamente. Fazia muito tempo que não os via. Logo depois, recebi um telefonema do Gene perguntando se eu gostaria de compor para o disco ‘Revenge’. Achei uma ótima ideia.”
Vinnie Vincent volta a tretar com o Kiss
Ao todo, três músicas feitas em parceria foram aproveitadas em “Revenge”. São elas: “Heart of Chrome” e os singles “I Just Wanna” e “Unholy”. Sobre a última, Gene Simmons comentou:
“A ideia de ‘Unholy’ veio de uma música que Adam Mitchell compôs e que Doro Pesch gravou, chamada ‘Unholy Love’. Adorei a palavra ‘Unholy’. Criei a maior parte de ‘Unholy’, inclusive o nome. Terminei a demo original e criei o refrão. Vinnie acrescentou um pouco da letra. Ele virou a música do avesso. Vinnie e eu escrevemos a letra juntos.”
Por outro lado, ele reconheceu que se enganou com Vinnie Vincent. O baixista e cantor diz que o comportamento do guitarrista voltou a piorar antes mesmo do álbum sair.
“Antes do lançamento do disco, ele já estava aprontando de novo. Renegou um contrato que tinha assinado conosco e decidiu que queria renegociar. Nos processou e perdeu. A partir daquele ponto, o considerei persona non grata para sempre.”
No artigo “Como o Kiss voltou ao rock clássico com ‘Revenge’”, você confere mais detalhes do período.
Em entrevista de 2019 à Guitar World, Simmons comentou a possibilidade de uma nova colaboração com Vincent. Para ele, da perspectiva dos negócios, a parceria não é viável tendo em vista os diversos processos movidos pelo guitarrista contra o Kiss ao longo dos anos.
“Ouça, há o lado pessoal e há negócios. Vale dizer que Vinnie processou a banda e perdeu 14 vezes. Não estou aqui para lançar calúnias. Ele é um cara talentoso. É por isso que ele estava na banda. Mas eu dependeria dele para subir no palco e fazer alguma coisa? Nunca.”
A carreira instável de Vinnie Vincent
Após sua saída do Kiss em 1984, o guitarrista fundou a Vinnie Vincent Invasion. O projeto, que rendeu dois álbuns, durou apenas três anos graças a conflitos entre o líder e o baixista Dana Strum, que deixou a banda acompanhado do vocalista Mark Slaughter e do contrato de gravação. Desde então, Vincent segue uma carreira instável, com longos períodos fora dos holofotes, retornos misteriosos e quase nenhum material lançado oficialmente.
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Ótima matéria, lembro desses fatos. Eu li o livro do Gene.
Parabéns