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Como o piano ajudou James Hetfield com habilidade na guitarra

Frontman contou não ter gostado da experiência porque era forçado a tocar só música clássica, mas reconheceu valor das aulas anos depois

Todo músico tem seu mito de origem. Seja uma experiência ouvindo uma música, um show, um instrumento que lhe chama. Ou às vezes é simplesmente o caso de um familiar vendo a criança tocando algo e tendo a ideia. É o caso de James Hetfield.

Em entrevista de 2009 à Metal Hammer, o frontman do Metallica contou ter feito aulas de piano quando criança. A ideia partiu de sua mãe, Cynthia.

“Minha mãe tinha me visto na casa de um amigo meio que começar a bater no piano e pensou: ‘ah, ele vai ser músico… ok, vamos colocar ele pra fazer aula de piano’.”

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O primeiro contato não foi nada satisfatório, relembrou o artista.

“Eu fiz aulas por alguns anos e foi meio que um saco, porque era aprendizado daquelas peças clássicas, coisas que eu não ouvia no rádio, sabe?”

James Hetfield, guitarra e piano

Entretanto, o diferencial se mostrou ao longo dos anos. James Hetfield destacou que a experiência foi benéfica na hora de aprender outros instrumentos.

“Eu fico feliz de ter sido forçado a fazer isso, porque ter as mãos esquerda e direita fazendo coisas diferentes, além de cantar ao mesmo tempo, meio que plantou uma semente do que faço agora. Cantar e tocar é mais fácil do que seria se eu não tivesse feito aula de piano.”

Família e Ciência Cristã

Durante a mesma entrevista, o vocalista e guitarrista do Metallica falou sobre ter crescido em uma família adepta da Ciência Cristã, movimento religioso fundado no século 19 que, entre outras coisas, pregava contra a medicina tradicional em favor de oração para cura de doenças. A mãe dele morreu ainda jovem, em 1979, porque se recusou a receber tratamento contra um câncer.

O frontman discutiu sua experiência com esse lado da crença:

“Certamente me afetou – mais do que minha irmã ou meus irmãos, eu levei mais pro lado pessoal. Nossos pais não levavam a gente pro médico. Nós basicamente contávamos com o poder espiritual da religião para nos curar ou nos poupar de ficarmos doentes ou feridos.”

A participação da família nesse movimento também acarretava em situações incômodas na escola para James, como ele falou:

“Na escola, eu não podia assistir à aula de saúde, aprender sobre o corpo, sobre doenças e coisas assim. E, digamos que eu tento entrar para o time de futebol e preciso de um exame médico pra conseguir um atestado, eu precisaria ir até o técnico e explicar que, sabe, nossa religião diz isso. Eu me sentia demais como um excluído, as outras crianças riam disso. Quando a aula de saúde começava, eu ficava em pé no corredor, que era basicamente uma forma de punição em outros aspectos. Todo mundo que passava, olhava pra mim como se eu fosse um criminoso, sabe?”

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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