Por incrível que pareça, Eric Clapton tem lembranças dos anos 70, particularmente de sua participação no trabalho ao vivo “The Last Waltz”, da The Band. E, infelizmente, não são memórias positivas.
O lendário guitarrista conversou recentemente com o canal The Real Music Observer (transcrição via Guitar World), e revelou que a morte de Robbie Robertson o fez voltar atrás e escutar novamente a discografia da The Band. Isso incluiu o filme “The Last Waltz”, sobre o último show do grupo, do qual foi convidado especial na canção “Further On Up The Road”. Ele contou:
“Quando Robbie se foi, eu juntei todo mundo da minha família na sala pra assistir o filme. Eu não via há muito tempo. Eu fiquei impressionado com o quão jovem todo mundo parece…”
Entretanto, ele não se mostrou generoso na hora de analisar sua própria performance.
“Minha alça cai no começo da canção e então eu entro em um tipo de piloto automático. Então não estou particularmente orgulhoso da minha parte, porque eu tenho meu solo de guitarra e imediatamente preciso jogar pro Robbie!”
Eric Clapton sobre Robbie Robertson
Eric Clapton ainda aproveitou para exaltar a habilidade de Robbie Robertson como guitarrista:
“Pessoas subestimam o que ele faz. Elas querem tentar fazer. As introduções de canções, as coisinhas pequenas que soam improvisadas, o que é pra mim parte de seu atrativo único – ele soa como se ele estivesse só naquela hora pensando no que funcionaria. Eu tenho certeza que é bem mais pensado que isso. Eu o conhecia ele bem o suficiente pra saber que ele era bem preciso quanto ao que fazia. É tão difícil recriar esse tipo de expressão solta.”
O líder da The Band
Robbie Robertson nasceu em Toronto, no Canadá, filho de pai branco descendente de escoceses e mãe de origem indígena mohawk e cayuga. Ele aprendeu música em visitas à família dela na reserva Six Nations, onde moravam.
Quando adolescente, o jovem Robbie tocava num grupo de rock chamado The Suedes, e chamou a atenção do músico americano Ronnie Hawkins, que o contratou para sua equipe de apoio. Não demorou muito para suas composições entrarem no repertório do veterano.
Durante seu tempo com Hawkins, ele começou a tocar com os músicos que viriam a se tornar The Band: Levon Helm, Richard Manuel, Rick Danko e Garth Hudson, esse último agora o último integrante vivo.
Após se separarem de Hawkins em 1964, a banda teve uma oportunidade de ouro apresentada a eles quando receberam a oferta para acompanhar Bob Dylan durante sua primeira turnê mundial elétrica.
Ao longo de um ano, os músicos enfrentaram a fúria da parcela mais conservadora do público de Dylan, revoltados com sua guinada rock e a traição da tradição folk. A turnê chegou a um fim abrupto em 1966, após o cantor sofrer um acidente de moto.
A pausa proporcionada por esse acidente acabou levando ao estabelecimento da The Band como entidade própria e Robertson emergindo como seu principal compositor. Os primeiros dois álbuns do grupo – “Music From Big Pink” e “The Band” – são hoje considerados marcos da música americana, responsáveis por inspirar desde os Beatles ao country.
A The Band chegou ao final em 1976, deixando hits clássicos como “The Weight”, “The Night They Drove Old Dixie Down” e “Up On Cripple Creek” para a posterioridade. Nessa época, Robertson já estava estabelecendo uma das relações pessoais e profissionais mais frutíferas de sua carreira com o diretor Martin Scorsese.
Além de dirigir “O Último Concerto de Rock”, filme de 1978 capturando a última performance da The Band, Scorsese trabalhou com Robertson nas trilhas de filmes como “Touro Indomável” (1980), “O Rei da Comédia” (1983), “Cassino” (1995), “Os Infiltrados” (2006), “O Lobo de Wall Street” (2013) e “O Irlandês” (2019)”.
Robertson foi casado com a jornalista canadense Dominique Bourgeois, com quem teve três filhos: Alexandra, Delphine e Sebastian.
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