Quando Bruce Dickinson entrevistou James Hetfield

Em conversa de 2008, frontman do Metallica refletiu sobre internação, saudades de Cliff Burton e documentário “Some Kind of Monster”

Metallica e Iron Maiden são as duas bandas que melhor simbolizam a grandiosidade do heavy metal enquanto espetáculo. Ok, o Black Sabbath é considerado o pai fundador, assim como vários outros grupos possuem méritos inquestionáveis. Mas nenhum outro grupo atingiu o mesmo patamar de popularidade (os americanos) e devoção fanática (os ingleses).

Por conta do tamanho, é raro ver ambos no mesmo cast de um festival. O Rock in Rio 2013 e o vindouro Power Trip estão entre os privilegiados – embora em ambos os casos, as atrações se apresentem em datas distintas. Porém, já houve convívio mútuo em entrevistas. Como em 2008, quando James Hetfield compareceu ao programa de Bruce Dickinson na Radio 6 Music, do conglomerado midiático BBC.

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À época, o Metallica divulgava o álbum “Death Magnetic”. No entanto, conforme transcrição da Metal Hammer, também houve espaço para refletir sobre o passado. Como quando o assunto girou em torno de Cliff Burton, baixista original da banda, falecido em um acidente com o tour bus no ano de 1986.

“Você realmente não percebe como é afortunado por estar com certas pessoas até que elas se vão. Foi assim com Cliff. Ele e eu funcionávamos muito bem juntos no palco. Só fui me dar conta do quanto sentia sua falta quando me internei na clínica de reabilitação, em 2001. Ali, passei a lidar com muitas perdas em minha vida: meu pai, minha mãe e Cliff também. Muita coisa saiu.”

O vocalista e guitarrista rítmico reconheceu que a banda não foi muito legal com o substituto de Burton, Jason Newsted, que participou de sua fase de maior sucesso.

“Quando ele se juntou à banda, foi na esteira do luto. Não fomos capazes de lamentar a perda de Cliff. A teoria da nossa equipe de managers era: ‘Vá para a estrada, resolva isso no palco, no metal!’ E Jason ainda era um grande fã nosso, o que se tornou uma das grandes motivações do trote que o aplicamos: estávamos tentando expulsar esse lado dele. Fomos muito duros e descontamos muito de nossa dor nele também.”

“Some Kind of Monster”

A seguir, Bruce questionou James sobre o documentário “Some Kind of Monster” (2004). O filme registrou as gravações do álbum “St. Anger” (2003), além de todas as atribulações que a banda passou no período, incluindo a internação de Hetfield e a saída de Newsted.

“Talvez tenhamos sido um pouco mais honestos do que o necessário. Durante as gravações, passamos de ‘o poderoso e indestrutível Metallica’ para caras que batiam a porta e choravam em posição fetal ajoelhados no corredor. Certas pessoas não aceitam esse lado da personalidade.”

Porém, o frontman deixa claro que a experiência trouxe mais consequências positivas do que negativas.

“Não era um filme para fãs da banda. Era uma história humana. Expor aquelas fraquezas nos fortaleceu. Aprendemos muito uns sobre os outros através do documentário.”

Bruce Dickinson e James Hetfield

O áudio completo da conversa pode ser conferido no player abaixo. O “Bruce Dickinson Friday Rock Show” permaneceu na grade da rádio entre 2002 e 2010. O programa ia ao ar entre 21h e 0h no horário local.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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