Como aconteceu com muitas vítimas de perseguições dos nazistas, o passado da família de Paul Stanley era assunto evitado. Hoje, com seus pais já falecidos, o vocalista e guitarrista do Kiss pediu ajuda de jornalistas para tentar descobrir mais sobre o que teria acontecido antes de sua vinda ao mundo.
O músico de 71 anos ficou sabendo que, aos 12, sua mãe foi forçada a fugir da Alemanha para escapar da perseguição nazista. Quando ela e seus pais chegaram aos Estados Unidos, viveram em uma comunidade onde seus amigos eram judeus que não conseguiram sair da Alemanha a tempo e, em vez disso, suportaram os horrores dos campos de concentração de Hitler, embora de alguma forma tenham sobrevivido.
Em entrevista ao jornal germânico Bild, o Starchild relatou uma lembrança muito viva em sua mente.
“Quando menino, sempre me perguntei por que havia números escritos nos braços de amigos e conhecidos de meus pais. Eles diziam a nós, crianças, que eram números de telefone.”
Embora nascido em Manhattan, Nova York, nos Estados Unidos, Paul, que nasceu Stanley Bert Eisen, tinha mãe alemã. Eva nasceu em Berlim no ano de 1923. Após um show em Leipzig, o músico abordou jornalistas do Bild e pediu ajuda para descobrir mais sobre a vida de sua mãe quando criança.
Após anos de pesquisa, o jornal apresentou algumas informações surpreendentes, como a identificação do túmulo do bisavô de Stanley, Bernhard Kasket, que está enterrado no maior cemitério judeu da Europa em Berlim. A lápide diz:
“Aqui descansa em paz meu querido marido, nosso bondoso e fiel pai e avô. Você não está morto. Feche os olhos também, em nossos corações você vive para sempre.”
Espancamento e fuga
Outra descoberta foi que Joseph Mandl, o segundo marido da avó de Paul Stanley, Berthy, foi espancado até quase morrer por nazistas da SA em abril de 1934. Um relato escrito por Mandl revela:
“Na Joachim-Friedrich-Straße, fui – sem qualquer provocação da minha parte – empurrado por três homens da SA em uniformes. Sem uma palavra, dois deles me seguraram, e o terceiro me atacou com golpes horríveis na cabeça, com um porrete.”
Após o ocorrido, Mandl decidiu tirar sua família da Alemanha nazista o mais rápido possível. Ele começou a abrir contas bancárias no exterior. Em novembro de 1935, recebeu uma denúncia por telefone de que estava em uma lista da Gestapo, a polícia secreta.
Mandl levou Eva, então com 12 anos, e a avó Berthy até uma estação de Berlim. Pegaram o próximo trem para Praga, República Tcheca, deixando o carro na rua. Quatro anos depois, a família chegou aos Estados Unidos via Amsterdã, Holanda.
Como era o bisavô de Joseph Mandl
Paul Stanley disse que se lembra de Joseph Mandl com bastante clareza e que ele era um homem sofisticado.
“Aprendi muito com ele. Era culto. Nos Estados Unidos, ele me ensinou a comer com hashi (os tradicionais pauzinhos) muito antes de a comida asiática se tornar popular. Seu apartamento era cheio de livros. Em nossa casa, o alemão não foi uma língua que minha mãe me ensinou. Permaneceu um trauma para ela – o país que foi seu lar e depois quis aniquilá-la.”
Histórico no Kiss
Vale lembrar que a família de Paul Stanley não foi a única de um membro do Kiss a sofrer com os horrores do nazismo. Nascido Chaim Witz, em Israel, o baixista e vocalista Gene Simmons migrou para os Estados Unidos aos 6 anos com sua mãe, Flóra “Florence” Klein – que teve a família dizimada em campos de concentração nazistas.
Judia e de origem húngara, Florence sobreviveu ao Holocausto, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. Ela e o irmão, Larry, foram os únicos membros da família a saírem vivos. Mudou-se para Israel, onde Simmons nasceu. Juntamente do marido, Ferenc “Feri” Yehiel Witz, e do filho, Florence se mudou para os Estados Unidos na segunda metade da década de 1950.
Em entrevista ao Sydney Morning Herald, Gene Simmons destacou que via a mãe, falecida em 2018 aos 92 anos, como “sua heroína”.
“Ela foi para um campo de concentração nazista aos 14 anos e sobreviveu, mas todos os membros da família morreram. Ela viu a mãe ser levada para uma câmara de gás. Apesar da tragédia, ela é uma pessoa positiva que vê bondade nos outros. Eu não seria tão complacente se tivesse passado pelo que ela passou.”
Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.