Conar abre representação contra Volkswagen por publicidade com Elis Regina

Celebrando 70 anos no Brasil, empresa promoveu encontro da cantora com sua filha, Maria Rita, usando inteligência artificial

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu uma representação contra a Volkswagen por conta da publicidade que celebra 70 anos da implantação da empresa no Brasil. O vídeo usa inteligência artificial para unir Elis Regina e Maria Rita em uma interpretação de “Como Nossos Pais”, música de Belchior que fez sucesso na voz da primeira na década de 1970.

Na obra, Maria Rita aparece dirigindo uma ID.Buzz, versão moderna e 100% elétrica da Kombi. De repente, sua mãe surge ao lado, conduzindo a primeira edição do veículo. Outros automóveis conhecidos da empresa, como Fusca e Brasília, também se juntam à comemoração.

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A abertura do processo foi motivada por denúncia feita pelo advogado Gabriel de Britto, que argumentou que Elis Regina, já falecida, não poderia reivindicar o uso da própria imagem. Em documento enviado ao Conar – e transcrito pelo G1 –, ele alega:

“Importante esclarecer que, o direito de imagem protege a personalidade física da pessoa, como traços pessoais, corpo, atitudes, gestos, entre outros, já o direito autoral protege a obra criada pela pessoa. E o que se transmite aos herdeiros é apenas o direito autoral.

A campanha viola pelo menos cinco artigos, além do ‘Anexo O – Veículos Motorizados’, que diz que, ‘na propaganda de automóveis (…) Não se permitirá que o anúncio contenha sugestões de utilização do veículo que possam pôr em risco a segurança pessoal do usuário e de terceiros, tais como (…) desrespeito (…) às normas de trânsito de uma forma geral.’

No caso da publicidade em questão, ambas motoristas de ambos veículos figuram a cantar e a olhar uma a outra enquanto dirigem, em desatenção e de forma imprudente, considerando que deveriam olhar de forma fixa o caminho e estrada à frente na qual transitam.”

Diz a nota enviada à imprensa pelo órgão:

“O Conar abriu hoje, 10 de julho, representação ética contra a campanha ‘VW Brasil 70: O novo veio de novo’, de responsabilidade da VW do Brasil e sua agência, AlmapBBDO, motivada por queixa de consumidores.”

A Volkswagen respondeu:

“A Volkswagen lançou sua nova campanha institucional no momento em que celebra 70 anos no Brasil, a evolução da marca, incluindo seu portfólio renovado, e a chegada de veículos elétricos no País. O objetivo da campanha era criar um momento único, por meio da inteligência artificial, reunindo Elis Regina, uma das maiores cantoras da história da música brasileira, e sua filha Maria Rita, ícone atual da MPB. A utilização da imagem de Elis Regina na campanha foi acordada com a família da cantora.”

Mais detalhes sobre o comercial

Para conseguir realizar o encontro de gerações, a Volkswagen revelou ter usado “deepfake”. A técnica, que usa inteligência artificial, permite criar adulterações realistas com o rosto de pessoas.

Uma atriz dublê foi usada para se passar por Elis dirigindo o veículo. O rosto da cantora foi inserido por meio de uma tecnologia de reconhecimento facial. A edição recorre a uma tecnologia de redes neurais artificiais, que une o rosto da dublê à imagem da artista, cuja voz original é reproduzida no áudio.

A agência AlmapBBDO ficou responsável pela criação, com produção da Boiler Filmes. Dulcidio Caldeira assina como diretor. Uma empresa americana especializada, com projetos em Hollywood, cuidou da pós-produção.

Sobre Elis Regina

Nascida no dia 17 de março de 1945, em Porto Alegre (RS), Elis Regina gravou 18 álbuns de estúdio e 12 ao vivos, se tornando uma das vozes mais icônicas da história da música brasileira. Vendeu cerca de 4 milhões de cópias de seus discos em vida, número que se multiplicou inúmeras vezes após a morte.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

4 COMENTÁRIOS

  1. Como o mundo está repleto de gente sem noção, não reconhecem a essência da propaganda que foi a melhor dos últimos tempos. Santa ignorância. Parabéns aos produtores, usaram a propaganda para emocionar a todos. Só os sem noção repararam nós detalhe sem a menor importância!

  2. Realmente quem entrou com o processo é uma figura sem noção, não sei se fazem isso para aparecer ou por inveja, a propaganda foi muito bem elaborada e bem feita.

  3. Esse mundo tá ficando chato. Vc veio de gente desocupada. A propaganda é uma homenagem a memória da Elis. pq esse advogado tão preocupado com a lei de trânsito pra proteger o cidadão, não entrou vc om um processo quando propuseram acabar com a cadeirinha nos veículos?

  4. Na verdade esse povo prefere esses comerciais toscos que tem aparecido ultimamente. A beleza, a emoção e a grandiosidade dessa propaganda, na verdade, fere a “cultura atual”….. Além do que, esse advogado deve estar “meio desocupado” né….

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