O tempo passa muito rápido no rock e bandas antes consideradas de vanguarda podem muito bem serem classificadas como “ultrapassadas”, o que as obriga a mudar o som para se adaptar aos tempos. Esse foi mais ou menos o caso do Black Sabbath na segunda metade dos anos 1970.
Em entrevista ao The Rock Experience with Mike Brunn (transcrição via Ultimate Guitar), o baixista Geezer Butler refletiu sobre esse período específico, que levou à ruína da formação original do Sabbath. O músico relembrou como o grupo estava criativamente exausto após o álbum “Sabotage” (1975):
“Acho que a gente estava ficando sem ideias. Acho que o que causou isso foi quando descobrimos estarmos sendo muito roubados. A gente tinha feito essas turnês enormes, vendido milhões e milhões de discos, e tínhamos nada no banco vindo disso, porque tudo tinha sumido. O ponto mais baixo foi quando o fisco mandou uma conta para a gente desse dinheiro que nunca vimos, então a gente precisou focar tudo pra pagar impostos de um dinheiro que nunca vimos. Isso, eu acho, desgastou muito a banda.”
Enquanto isso, as bandas mais jovens tinham um som completamente diferente. Geezer destacou, em especial, os nomes que abriam seus shows no período:
“Muitas das bandas abrindo pra gente eram mais melódicas, como o Boston, conhecidos por venderem muitos discos. A Warner Brothers meio que perdeu interesse na gente, estavam promovendo o Van Halen.”
Os álbuns finais do Black Sabbath clássico
Os dois álbuns subsequentes a “Sabotage”, “Technical Ecstasy” (1976) e “Never Say Die!” (1978), foram marcados por uma guinada a um som mais pop. À época, o Black Sabbath tentava seguia a onda mais afável do hard rock.
Enquanto isso, o período também viu o surgimento do punk, mais visceral. Mesmo assim, Geezer Butler disse na entrevista que o grupo não sabia como reagir.
“A gente estava meio confuso quanto à direção a se seguir. Acho que quando o punk apareceu, trouxe de volta a crueza e as letras fortes que estávamos perdendo. Não tinha ninguém na banda para falar: ‘certo, essa é a direção pela qual iremos, vamos fazer isso’. E era como se todos nós estivéssemos confusos. Cada um de nós estava tipo: ‘bem, para qual direção vamos agora?’ Isso foi o que levou ao término.”
Tomado por seus vícios, o vocalista Ozzy Osbourne acabou fora do Sabbath em 1979. O grupo se reergueu com Ronnie James Dio na função, mas não demorou até o baterista Bill Ward sair, também com problemas pessoais e sentindo falta de Osbourne. A formação original se reuniu em outras ocasiões, mas não gravou nenhum álbum, já que “13” (2013) teve Brad Wilk (Rage Against the Machine, Audioslave) no lugar de Ward.
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