Antes de qualquer coisa, vamos lá: se você clicou para ler uma matéria com este título, acho que está mais do que claro que este texto tem spoilers de “The Flash”. Não custa avisar, né.
Agora, com todo mundo devidamente alertado e indo direto ao que interessa: para quem curte filme de heróis repletos de participações especiais, dá pra dizer que “The Flash” é um daqueles pratos mais do que cheios, em especial pelo que acontece na sequência final.
Mas vamos por partes.
Teve Batman e também Mulher-Maravilha
Logo no começo do filme, Barry Allen (Ezra Miller) é convocado pelo Alfred (Jeremy Irons) para uma missão em Gotham City. E dá de cara com ninguém menos do que o Batman do mesmo universo que ele, no caso, o ator Ben Affleck.
Mas este Bruce, cuja participação já tinha sido mais do que anunciada, não é o único integrante da Liga da Justiça de Zack Snyder que aparece – porque, tal qual acontece no recente filme do Shazam, a atriz Gal Gadot volta ao uniforme de Mulher-Maravilha. Ela ajuda a dupla durante uma perseguição ao filho do gângster Carmine Falcone numa ponte e, ao erguer o Homem-Morcego antes que um vírus mortal caísse no rio e causasse um tremendo estrago, ela usa o laço da verdade. E gera uma sequência constrangedora tanto pro Batman (lembrando que, desde sempre, existe uma tensão sexual entre eles no Snyderverse) quanto pro próprio Flash.
E aí que teve a volta do General Zod
Assim que o Flash volta pro passado pra tentar impedir a morte de sua mãe e, portanto, a acusação injusta de seu pai, replicando o conceito da saga Ponto de Ignição (Flashpoint, no original), ele acaba mudando o passado e, inadvertidamente, gerando uma linha do tempo divergente. Então, quando tenta voltar pra casa, ele acaba sendo lançado no passado desta linha do tempo diferente. Sim, sua mãe está viva e sim, seus pais são um casal muito feliz.
Mas o Barry Allen adolescente deste mundo, pouco antes de receber seus poderes, se tornou ainda mais insuportável do que ele era nos outros filmes. Pra completar, descobrimos que Barry recebeu seus poderes mais ou menos na mesma época que Zod tentou invadir a Terra, no filme “O Homem de Aço” (2013). Só que as mudanças que Barry fez nesta linha do tempo simplesmente apagaram os outros heróis. Victor Stone nunca virou o Cyborg, não existe Mulher-Maravilha, o pai do Aquaman (que aparece, mais uma vez, vivido por Temuera Morrison) nunca conheceu a sua mãe atlante e então ele nunca nasceu… E nem sinal do Superman.
E teve a Supergirl
Em sua estreia no papel, Sasha Calle é Kara Zor-El, a prima de Kal-El, enviada para a Terra para tomar conta do seu jovem parente. Ela veio parar em nosso mundo por acidente, nunca encontrou o bebê e acabou encarcerada por um bando de militares russos numa prisão de segurança máxima, na qual se tornou espécime de uma série de experimentos científicos.
Mas é em busca dela que Zod está, depois de já ter encontrado Kal-El e ter feito o pobre moleque sofrer um destino bem trágico. Dentro de Kara, está a chave genética para repovoar a Terra e transformá-la em um novo planeta Krypton.
Teve mais um Batman – no caso, Michael Keaton
Pois Barry Allen descobre que pelo menos UM de seus parças da Liga da Justiça de fato existe neste mundo. No caso, é o Batman. E aí, eis que ele se mete a procurar Bruce Wayne. Ao invadir a Mansão Wayne, completamente abandonada e jogada às traças, a dupla de Barrys se depara com um Batman mais velho, meio riponga e já aposentado – e que não é, nem de longe, parecido com Ben Affleck.
É o Michael Keaton, que acaba convencido a tirar a capa do molho e faz uso dos uniformes e apetrechos retrô (além da música-tema de Danny Elfman, claro) vindos diretamente dos filmes de Tim Burton, ali do final dos anos 1980-começo dos anos 1990.
O grande multiverso tudo junto e misturado da DC
A grandiosa cena final, quando o Barry Allen mais velho descobre que a criatura que luta contra ele dentro da Força de Aceleração é na verdade uma versão dark do Barry Allen mais jovem, em sua insistência de voltar no tempo para tentar impedir as mortes da Supergirl e do Batman (ou seja, nada de Flash Reverso ou Zoom por aqui), revela que a bagunça temporal também está chacoalhando as muitas linhas temporais da DC. E aí, somos apresentados a diferentes versões dos heróis audiovisuais da editora.
Vemos o Superman de George Reeves, diretamente da telessérie dos anos 1950, em uma sequência em preto e branco que mostra o primeiro Flash, Jay Garrick (ou Joel Ciclone, para os leitores das antigas), aqui interpretado pelo ator Teddy Sears, um dos responsáveis pelo papel na série do Flash do canal CW.
Curiosamente, nem Grant Gustin (o Flash do seriado ao longo de nove temporadas) e nem John Wesley Shipp (que foi o Barry Allen na série dos anos 1990) deram as caras por aqui.
Somos então apresentados ao mundo dos anos 1960, com a visão de Adam West interpretando o Batman na clássica série soc-pow-blam de 1966. Logo depois, vemos num telhado uma versão do Superman vivido por Christopher Reeve ao lado da Supergirl da atriz Helen Slater (diretamente daquele esquecível filme da heroína, lá de 1984).
A cereja do bolo, no entanto, é o universo no qual ninguém menos do que Nicolas Cage está vivendo o Superman. Caso você não saiba, muito antes de Henry Cavill vestir a roupa azul e vermelha do herói, Cage estava escalado para um filme do Homem de Aço. O roteiro era do cineasta e nerdmaster Kevin Smith e a direção seria de Robert Rodriguez, depois pulando para as mãos de Tim Burton. Mas o filme – que traria inclusive o herói enfrentando uma aranha gigante, como acontece nesta aparição especial – obviamente nunca saiu do papel.
Sugerimos assistir ao documentário “The Death of ‘Superman Lives’: What Happened?” ou ler este artigo no site para entender o que rolou com este malfadado projeto que se tornou lendário em Hollywood.
O outro Batman – no caso, George Clooney
Quando percebe a zona que se instaurou, Barry Allen volta mais uma vez pro passado e impede que a mudança que ele mesmo tinha feito aconteça. Como o diabo do sujeito não aprende, ele ainda deixa uma pequenina mudança para minimamente ter uma prova em mãos que ajude a inocentar o seu pai.
Por mais que ele ache que aquilo é tão mínimo que não vai causar nada, na verdade vai – e quando o carro de Bruce Wayne para na frente do tribunal e ele desce pra falar com Barry, na verdade se trata não de Ben Affleck, mas sim de George Clooney. Sim, sim, o ator que fez o Morcegão no horroroso “Batman & Robin”, de 1997, dirigido por Joel Schumacher.
E eis que Barry saca que tá tudo diferente. Ainda. O quanto, só James Gunn pode nos responder.
E a cena pós-créditos com o Aquaman
A sequência que surge depois dos créditos finais mesmo, depois que todas as letrinhas já subiram, mostra Barry ancorando o Aquaman-Jason Momoa na saída de um bar. Bêbado feito um gambá, o herói submarino escuta o amigo contando detalhes da sua aventura temporal, mas parece não entender muito bem que, até pouco tempo, tinha sido completamente apagado da existência. Então, Arthur Curry cai de cara numa poça d’água no meio da rua e fica ali, enfiado, dizendo que é a sua casa, enquanto canta a música do marinheiro Popeye.
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