“In Times New Roman…”, do Queens of the Stone Age, é o som de Josh Homme desopilando o fígado

Canções em que o líder do grupo processa seu divórcio e batalha judicial são destaques tão grandes a ponto de fazer outros temas parecerem banais

Os últimos seis anos foram complicados para Josh Homme. O casamento do vocalista e guitarrista do Queens of the Stone Age com Brody Dalle, líder do The Distillers, acabou de forma abrupta e feia, com acusações de abuso sendo trocadas por ambas as partes. Uma batalha judicial pela custódia dos três filhos do casal foi palco para mais alegações de que o músico seria abusivo com as crianças.

Ao longo do processo, Homme permaneceu calado, sem qualquer declaração pública sobre tais acontecimentos. Toda informação compartilhada pelo líder do QOTSA era por meio de documentos legais.

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Em março de 2023, o músico venceu a disputa judicial contra Dalle e conseguiu a guarda total dos filhos. Dois meses depois, saiu o primeiro single do Queens of the Stone Age desde 2017: “Emotion Sickness”. A mensagem passada na letra dizia que ele estava pronto para falar sobre o período.

“In Times New Roman…”, do qual “Emotion Sickness” faz parte, é um disco torturado. Aqui, Homme explora as diferentes emoções relacionadas ao fim de um relacionamento. O termo “emotion sickness” (“doença emocional”), título do primeiro single, aparece nas letras de outras canções, assim como sensações conflitantes normais ao estado de luto. 

Um verso de “Negative Space” é uma ilustração perfeita disso:

“I am weightless, yet heaviness defines
Between what home was and the yellow moon
My love will not survive
Emotion sickness, I wanna die”

[“Me sinto sem massa, mas ainda assim pesado
Entre o que meu lar era e a lua amarela
Meu amor não irá sobreviver
Doença emocional, quero morrer”]

Entretanto, “In Times New Roman…” não é feito apenas de comiseração. Em “Paper Machete”, último single a sair antes do lançamento oficial do disco, Homme canta de maneira ácida sobre o que podemos apenas presumir ser Dalle, ou talvez o namorado da cantora responsável por falsificar depoimentos de seus filhos:

“The truth is just a peace of clay
You sculpt, you change, you hide, then you erase
You think you’re brave?
All the plans you made
Behind my back and from far away?
Truth is, face to face, you’re a coward
Sharp as a paper machete”

[“A verdade é apenas um pedaço de argila
Você esculpe, você muda, você esconde, então apaga
Você se acha valente?
Todos os planos que fez
Pelas minhas costas e de longe?
A verdade é, cara a cara, você é covarde
Afiado que nem um facão de papel”]

O som acompanha o tom incisivo das letras. Após o decepcionante “Villains”, o Queens of the Stone Age soa rejuvenescido e traz Michael Shuman (baixo) e Jon Theodore (bateria) como as grandes estrelas, graças à capacidade dos dois de incorporar ritmos e grooves à la T. Rex aos tempos quebrados da banda.

As guitarras, cortesia de Homme e Troy Van Leeuwen, são matadoras. Até nas canções com as letras mais triviais do disco – em meio a material confessional desse calibre, algo na veia lírica normal da banda acaba parecendo banal por comparação –, os riffs são tão instigantes a ponto de fazer o ouvinte querer dançar.

A única canção que se assemelha ao tom clássico do QOTSA e consegue bater de frente com as letras mais confessionais é a abertura, “Obscenery”. Os versos pegam clichês rock para virar ao avesso com jogos de palavras, além de muita acidez.

Ao final do disco, fica a impressão de um trabalho com uma primeira metade bem mais contundente que a segunda, porém depois de seis anos de espera após um álbum decepcionante, é bom ver o Queens of the Stone Age em forma.

Ouça “In Times New Roman…” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Queens of the Stone Age – “In Times New Roman…”

  1. Obscenery
  2. Paper Machete
  3. Negative Space
  4. Time & Place
  5. Made to Parade
  6. Carnavoyeur
  7. What the Peephole Say
  8. Sicily
  9. Emotion Sickness
  10. Straight Jacket Fitting

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

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