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A morte de Michael Jackson, o eterno rei do pop

Astro faleceu em 25 de junho de 2009, aos 50 anos de idade, dias antes de começar suas apresentações finais como artista

Michael Jackson, o eterno rei do pop e um dos artistas mais idolatrados da história, morreu no dia 25 de junho de 2009, tendo apenas 50 anos de idade. A causa foi uma intoxicação aguda causada por medicamentos para que pudesse dormir.

Na época, o cantor estava prestes a iniciar uma série de apresentações em Londres, que recebeu o nome de “This is It”, e vinha ensaiando bastante para aqueles que seriam seus últimos shows como artista.

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No entanto, por mais que estivesse determinado a fazer de “This is It” um sucesso, a verdade é que Michael Jackson não vinha muito bem, seja do ponto de vista pessoal, profissional e financeiro.

A seguir, vamos contar como foram os últimos dias e horas de Michael Jackson antes de nos deixar.

Michael Jackson não estava bem

Esta história começa em 2005. Foi no ano em questão que Michael Jackson foi considerado inocente pela Justiça por conta da segunda acusação que enfrentou por abuso de um menor de idade.

No entanto, por mais que tivesse conseguido provar sua inocência, o rei do pop não estava nada bem. Segundo Dick Gregory, comediante e amigo do cantor, Michael Jackson o procurou em seu famoso Rancho Neverland assim que retornou do julgamento implorando por ajuda. O astro teria dito o seguinte:

“Não me deixe. Estão tentando me matar.”

Além disso, Gregory notou que Michael parecia paranoico e desidratado. Perguntou ao amigo se ele estava se alimentando – ciente de que o astro tinha o costume de ficar dias sem comer quando se chateava ou se irritava com algo. E teve a seguinte resposta:

“Não consigo comer. Estão tentando me envenenar.”

O próprio Dick Gregory, então, sugeriu ao astro deixar tudo e todos que conheciam para trás. Michael Jackson seguiu o conselho do amigo e abandonou Neverland, que era sua casa e parque de diversões particular desde 1988, e se mudou para o Bahrein, pequeno país no Oriente Médio, a convite do sheik Abdullah bin Hamad Isa Al-Khalifa. 

A estadia no local durou pouco: em 2006, o cantor se mudou por alguns meses para a Irlanda antes de retornar aos Estados Unidos e passar a residir em Las Vegas. O astro optou por ter uma vida bem reclusa ao lado dos seus filhos e tentou ser o mais discreto possível. 

“This is It” ganha vida

No meio de 2007, a empresa AEG, uma das maiores promotoras de eventos do mundo, procurou o rei do pop. Ela havia acabado de abrir a O2 Arena em Londres e gostaria de promover uma série de shows com uma grande estrela para impulsionar sua nova atração. O CEO da companhia, Randy Phillips, já havia trabalhado com o astro e viajou até Las Vegas para conversar com ele.

No entanto, por mais que até tivesse interesse em realizar um série de shows, Michael Jackson não ficou muito entusiasmado com a ideia em um primeiro momento. Além disso, Phillips recebeu uma ligação de Raymone Bain, um dos conselheiros do cantor, e alertou que o rei do pop não estava em condições de se apresentar naquele momento – muito por conta desses problemas que vivia.

Pouco tempo após a reunião, Jackson notou que sua vida financeira estava pra lá de complicada por conta de inúmeras dívidas que surgiram com o passar dos anos. Para se ter uma ideia: em 2006, o astro usou parte do seu catálogo como compensação por vários empréstimos milionários que havia feito com um banco. E em 2008, teve de colocar o Rancho Neverland à venda.

Desesperado para conseguir sanar suas dívidas e também disposto a tentar dar a volta por cima, Michael pediu para se encontrar novamente com Randy Phillips, agora disposto a negociar essa série de shows na O2 Arena.

Para Phil Anschutz, dono da AEG, Phillips afirmou que para ele, Michael Jackson mudou de ideia por conta dos dois motivos citados acima.

“Acredito que o Michael precisa fazer isso financeiramente. E ele está pronto para fazer emocionalmente. Ele está pronto para montar no cavalo de novo.”

O acordo foi firmado entre as duas partes em fevereiro de 2009. No mês seguinte, Michael Jackson foi até Londres para anunciar oficialmente sua série de shows na O2 Arena, que ganhou o nome de “This is It”, escolhido pelo próprio astro. Ele também confirmou que essas seriam suas últimas apresentações como artista.

Horas após o anúncio, 1,6 milhão de pessoas já haviam deixado o nome na fila para os ingressos dos 10 shows anunciados previamente. Desta forma, o próprio cantor topou se apresentar 50 vezes no local para conseguir atender à demanda do público.

O astro entrou em contato com diversas pessoas próximas que o auxiliaram ao longo de sua carreira para ajudá-lo com sua empreitada final como artista. Michael também se mudou para Los Angeles, onde aconteceriam os ensaios de “This is It”. Os shows estavam programados para começar em 13 de julho de 2009.

Os ensaios começam; Michael segue não muito bem

Com a “This is It” confirmada, era hora de começar os ensaios e preparativos. Michael Jackson contou com a ajuda do coreógrafo Kenny Ortega, que dirigiu algumas de suas turnês. Ortega foi o responsável por escolher os dançarinos que fariam parte do espetáculo. Além disso, ele e Michael Jackson passaram horas discutindo os cenários e coreografias das apresentações, bem como decidindo juntos as 30 canções que fariam parte do setlist.

O próprio Michael Jackson deixou claro para Kenny Ortega que queria algo que deixasse o público incrédulo e sem palavras.

“Quando esses shows começarem, não quero segurar nada. Quero que tenha a abertura mais espetacular que o público já tenha visto. Eles precisam perguntar a eles mesmos: ‘como que eles vão melhorar isso?’. Não me importo se eles vão aplaudir. Quero que eles fiquem com os queixos no chão. Quero que eles fiquem sem dormir, porque ficarão maravilhados com o que viram.”

O rei do pop também pediu a ajuda de Lou Ferrigno, ator que interpretou o Hulk na famosa série de TV do personagem, para ficar em forma. Afinal, Jackson estava pesando apenas 57 quilos e tinha sofrido uma série de lesões nos últimos anos. Além disso, ele teria de se apresentar 50 vezes ao longo de nove meses e fazia 12 anos que não saía em turnê. 

No entanto, assim que começaram os ensaios, ficou nítido para muitas pessoas da produção que Michael Jackson ainda não estava muito bem. A maquiadora e cabeleireira Karen Faye disse, durante o julgamento da morte do cantor, que o rei do pop, por mais que estivesse animado, também demonstrava paranoia e medo, chegando ao ponto de repetir as mesmas falas constantemente. 

Ainda conforme as pessoas da produção de “This is It”, todos esses sintomas do astro só foram piorando conforme a data de estreia das apresentações se aproximava.

Como consequência, Michael Jackson passou a pedir ajuda do seu médico particular, Conrad Murray, que conheceu após tratar um dos filhos do cantor em 2006. A AEG também entrou em contato com Murray e pediu a ele para manter o astro saudável para a longa sequência de apresentações. 

Jackson, que já tinha problemas para dormir, precisou tomar diversos medicamentos receitados por Murray para tentar descansar após os extenuantes ensaios, que duravam horas. O médico praticamente passou a morar na casa do astro durante o período.

No dia 13 de junho de 2009, Michael Jackson não conseguiu ensaiar bem e por recomendação de Murray, faltou na sessão do dia seguinte. Ele só conseguiu voltar em 19 de junho e segundo Kenny Ortega, aparentava estar “perdido e com medo”.

O coreógrafo até pensou em pedir uma pausa da produção após ver o estado do cantor, mas decidiu não fazer isso com medo de chateá-lo. Ainda assim, enviou uma série de e-mails para a AEG pedindo tratamento psicológico para o rei do pop, alegando que ele demonstrava “paranoia, ansiedade e comportamento obsessivo-compulsivo”.

As horas finais de Michael Jackson

Em 23 de junho, dois dias antes de sua morte, Michael Jackson apareceu para ensaiar e estava diferente. O próprio Kenny Ortega afirmou que ficou alegre ao ver o cantor cheio de energia e demonstrando mais entusiasmo que nos dias anteriores.

No dia seguinte, 24 de junho, Michael Jackson deixou sua casa por volta das sete da noite para aquele que seria seu último ensaio de “This Is It”. As pessoas que estavam presentes afirmaram que o rei do pop parecia muito bem e ensaiou as coreografias de algumas de suas canções mais famosas, como “Smooth Criminal”, “Billie Jean” e “Thriller”.

Michael Jackson terminou o ensaio com “Earth Song”. Em seguida, fez questão de abraçar e agradecer aos dançarinos e produção. Ele teria dito “Deus abençõe todos” antes de voltar para casa.

Assim que chegou em sua residência, o astro ainda tirou um minuto para conversar com um pequeno grupo de fãs que o esperava do lado de fora. Em seguida, foi escoltado por seus seguranças para seu quarto, onde Conrad Murray o aguardava.

Jackson logo reclamou para o médico que estava cansado e precisava dormir, mas que não estava conseguindo. Murray, então, deu ao astro um coquetel de medicamentos para ajudá-lo a pegar no sono e ficou ao seu lado para monitorá-lo.

Mesmo assim, o astro não conseguiu dormir e passou a implorar a Murray para que lhe desse “leite”, termo usado para o poderoso sedativo propofol, pois se assemelha bastante com a bebida. O médico já havia usado o medicamento no cantor nas noites anteriores – o que explica sua atitude diferente nos ensaios finais – e não estava disposto a aplicá-lo novamente.

No entanto, quando já eram 10h40 da manhã, Jackson ainda não havia conseguido dormir. Murray acabou cedendo ao pedido do seu cliente e injetou 25 miligramas de propofol, diluídos em lidocaína.

Ao notar que Jackson havia pegado no sono, Murray o deixou rapidamente para ir ao banheiro. No entanto, assim que retornou, notou que o cantor não respirava e estava com o pulso fraco. O médico passou a fazer ressuscitação cardiopulmonar por 10 minutos e aplicou flumazenil – droga que elimina os efeitos do propofol – antes de chamar ajuda dos demais funcionários da residência.

Apenas às 12h21 – mais de uma hora e meia após o médico nottar que o cantor não respirava – que um segurança da residência ligou para a emergência. Os paramédicos chegaram cinco minutos mais tarde e notaram que Jackson já estava sem pulso.

O rei do pop foi encaminhado ao Hospital Ronald Reagan, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, onde chegou às 13h14. Médicos tentaram ressuscitá-lo por mais de uma hora, mas sem sucesso. Michael Jackson teve sua morte confirmada às 14h26 e nos deixou com apenas 50 anos de idade, gerando uma enorme comoção em todo o planeta.

As consequências da morte

A autópsia foi realizada no corpo de Michael Jackson no dia seguinte de sua morte e a família do cantor chegou a solicitar uma segunda. Os resultados só foram divulgados no dia 28 de agosto de 2009.

Segundo o laudo, o astro morreu por conta de uma intoxicação aguda causada pelo propofol, que foi agravada pela presença de outras drogas em seu corpo, como lorazepam, midazolam e diazepam. O documento destaca que ele estava saudável.

Neste mesmo dia, a polícia afirmou que considerou a morte de Michael Jackson como homicídio. Por conta disso, em novembro de 2011, Conrad Murray foi julgado e condenado por homicídio culposo e ainda teve sua licença médica revogada.

Murray foi sentenciado a ficar quatro anos detido, mas foi liberado em 2013 por conta da alta população carcerária da Califórnia e bom comportamento.

O funeral de Michael Jackson ocorreu em 7 de julho. Primeiro, sua família e amigos próximos realizaram uma cerimônia privada no cemitério Forest Lawn antes do evento público, que ocorreu no ginásio Staples Center e teve a presença de grandes artistas, como Mariah Carey, Stevie Wonder, Lionel Richie, Jennifer Hudson, entre outros.

O funeral público ficou marcado pela tocante e emocionante fala da filha de Michael Jackson, Paris, que tinha apenas 11 anos na época.

“Eu só queria dizer, desde que nasci, papai sempre foi o melhor pai que vocês poderiam imaginar e eu só queria dizer que eu amo ele… demais.”

A “This is It”, claro, teve de ser cancelada com a morte de sua grande estrela. Por conta da grande expectativa gerada pelas apresentações, há quem diga que esses foram os “maiores shows que jamais aconteceram”.

Ao menos, os fãs conseguiram ter uma ideia de como seriam estas performances com o lançamento do vídeo “Michael Jackson’s This is It”, que mostrou os bastidores dos ensaios.

Por fim, se considerarmos as palavras da produção, Michael Jackson estava pronto para as apresentações, mesmo com todos os problemas que passou em seus dias finais. 

Michael Bearden, diretor musical de “This is It”, afirmou que o rei do pop começou os ensaios patinando, mas que no final, já estava bem e em forma.

“Ele estava um pouco enferrujado no início, com certeza, ele errou algumas notas. Mas como ele sempre dizia: ‘é por isso que ensaiamos’. E nos dois ou três ensaios finais, ele estava pronto para fazer aquele show. Quando ele estava no palco na frente dos fãs, era pura mágica.”

Randy Phillips foi a última pessoa envolvida com as apresentações a falar com Michael Jackson, já que o acompanhou até seu carro quando o astro ia embora. Ao abraçar o executivo, deixou bem claro que também se sentia preparado.

“Obrigado por me levar tão longe. Eu consigo assumir daqui. Eu sei que consigo fazer isso.”

*As informações deste artigo foram extraídas de Wikipedia e fontes associadas, Rolling Stone, Los Angeles Times e Biography.

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Augusto Ikeda
Augusto Ikedahttp://www.igormiranda.com.br
Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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Michael Jackson, o eterno rei do pop e um dos artistas mais idolatrados da história, morreu no dia 25 de junho de 2009, tendo apenas 50 anos de idade. A causa foi uma intoxicação aguda causada por medicamentos para que pudesse dormir.

Na época, o cantor estava prestes a iniciar uma série de apresentações em Londres, que recebeu o nome de “This is It”, e vinha ensaiando bastante para aqueles que seriam seus últimos shows como artista.

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No entanto, por mais que estivesse determinado a fazer de “This is It” um sucesso, a verdade é que Michael Jackson não vinha muito bem, seja do ponto de vista pessoal, profissional e financeiro.

A seguir, vamos contar como foram os últimos dias e horas de Michael Jackson antes de nos deixar.

Michael Jackson não estava bem

Esta história começa em 2005. Foi no ano em questão que Michael Jackson foi considerado inocente pela Justiça por conta da segunda acusação que enfrentou por abuso de um menor de idade.

No entanto, por mais que tivesse conseguido provar sua inocência, o rei do pop não estava nada bem. Segundo Dick Gregory, comediante e amigo do cantor, Michael Jackson o procurou em seu famoso Rancho Neverland assim que retornou do julgamento implorando por ajuda. O astro teria dito o seguinte:

“Não me deixe. Estão tentando me matar.”

Além disso, Gregory notou que Michael parecia paranoico e desidratado. Perguntou ao amigo se ele estava se alimentando – ciente de que o astro tinha o costume de ficar dias sem comer quando se chateava ou se irritava com algo. E teve a seguinte resposta:

“Não consigo comer. Estão tentando me envenenar.”

O próprio Dick Gregory, então, sugeriu ao astro deixar tudo e todos que conheciam para trás. Michael Jackson seguiu o conselho do amigo e abandonou Neverland, que era sua casa e parque de diversões particular desde 1988, e se mudou para o Bahrein, pequeno país no Oriente Médio, a convite do sheik Abdullah bin Hamad Isa Al-Khalifa. 

A estadia no local durou pouco: em 2006, o cantor se mudou por alguns meses para a Irlanda antes de retornar aos Estados Unidos e passar a residir em Las Vegas. O astro optou por ter uma vida bem reclusa ao lado dos seus filhos e tentou ser o mais discreto possível. 

“This is It” ganha vida

No meio de 2007, a empresa AEG, uma das maiores promotoras de eventos do mundo, procurou o rei do pop. Ela havia acabado de abrir a O2 Arena em Londres e gostaria de promover uma série de shows com uma grande estrela para impulsionar sua nova atração. O CEO da companhia, Randy Phillips, já havia trabalhado com o astro e viajou até Las Vegas para conversar com ele.

No entanto, por mais que até tivesse interesse em realizar um série de shows, Michael Jackson não ficou muito entusiasmado com a ideia em um primeiro momento. Além disso, Phillips recebeu uma ligação de Raymone Bain, um dos conselheiros do cantor, e alertou que o rei do pop não estava em condições de se apresentar naquele momento – muito por conta desses problemas que vivia.

Pouco tempo após a reunião, Jackson notou que sua vida financeira estava pra lá de complicada por conta de inúmeras dívidas que surgiram com o passar dos anos. Para se ter uma ideia: em 2006, o astro usou parte do seu catálogo como compensação por vários empréstimos milionários que havia feito com um banco. E em 2008, teve de colocar o Rancho Neverland à venda.

Desesperado para conseguir sanar suas dívidas e também disposto a tentar dar a volta por cima, Michael pediu para se encontrar novamente com Randy Phillips, agora disposto a negociar essa série de shows na O2 Arena.

Para Phil Anschutz, dono da AEG, Phillips afirmou que para ele, Michael Jackson mudou de ideia por conta dos dois motivos citados acima.

“Acredito que o Michael precisa fazer isso financeiramente. E ele está pronto para fazer emocionalmente. Ele está pronto para montar no cavalo de novo.”

O acordo foi firmado entre as duas partes em fevereiro de 2009. No mês seguinte, Michael Jackson foi até Londres para anunciar oficialmente sua série de shows na O2 Arena, que ganhou o nome de “This is It”, escolhido pelo próprio astro. Ele também confirmou que essas seriam suas últimas apresentações como artista.

Horas após o anúncio, 1,6 milhão de pessoas já haviam deixado o nome na fila para os ingressos dos 10 shows anunciados previamente. Desta forma, o próprio cantor topou se apresentar 50 vezes no local para conseguir atender à demanda do público.

O astro entrou em contato com diversas pessoas próximas que o auxiliaram ao longo de sua carreira para ajudá-lo com sua empreitada final como artista. Michael também se mudou para Los Angeles, onde aconteceriam os ensaios de “This is It”. Os shows estavam programados para começar em 13 de julho de 2009.

Os ensaios começam; Michael segue não muito bem

Com a “This is It” confirmada, era hora de começar os ensaios e preparativos. Michael Jackson contou com a ajuda do coreógrafo Kenny Ortega, que dirigiu algumas de suas turnês. Ortega foi o responsável por escolher os dançarinos que fariam parte do espetáculo. Além disso, ele e Michael Jackson passaram horas discutindo os cenários e coreografias das apresentações, bem como decidindo juntos as 30 canções que fariam parte do setlist.

O próprio Michael Jackson deixou claro para Kenny Ortega que queria algo que deixasse o público incrédulo e sem palavras.

“Quando esses shows começarem, não quero segurar nada. Quero que tenha a abertura mais espetacular que o público já tenha visto. Eles precisam perguntar a eles mesmos: ‘como que eles vão melhorar isso?’. Não me importo se eles vão aplaudir. Quero que eles fiquem com os queixos no chão. Quero que eles fiquem sem dormir, porque ficarão maravilhados com o que viram.”

O rei do pop também pediu a ajuda de Lou Ferrigno, ator que interpretou o Hulk na famosa série de TV do personagem, para ficar em forma. Afinal, Jackson estava pesando apenas 57 quilos e tinha sofrido uma série de lesões nos últimos anos. Além disso, ele teria de se apresentar 50 vezes ao longo de nove meses e fazia 12 anos que não saía em turnê. 

No entanto, assim que começaram os ensaios, ficou nítido para muitas pessoas da produção que Michael Jackson ainda não estava muito bem. A maquiadora e cabeleireira Karen Faye disse, durante o julgamento da morte do cantor, que o rei do pop, por mais que estivesse animado, também demonstrava paranoia e medo, chegando ao ponto de repetir as mesmas falas constantemente. 

Ainda conforme as pessoas da produção de “This is It”, todos esses sintomas do astro só foram piorando conforme a data de estreia das apresentações se aproximava.

Como consequência, Michael Jackson passou a pedir ajuda do seu médico particular, Conrad Murray, que conheceu após tratar um dos filhos do cantor em 2006. A AEG também entrou em contato com Murray e pediu a ele para manter o astro saudável para a longa sequência de apresentações. 

Jackson, que já tinha problemas para dormir, precisou tomar diversos medicamentos receitados por Murray para tentar descansar após os extenuantes ensaios, que duravam horas. O médico praticamente passou a morar na casa do astro durante o período.

No dia 13 de junho de 2009, Michael Jackson não conseguiu ensaiar bem e por recomendação de Murray, faltou na sessão do dia seguinte. Ele só conseguiu voltar em 19 de junho e segundo Kenny Ortega, aparentava estar “perdido e com medo”.

O coreógrafo até pensou em pedir uma pausa da produção após ver o estado do cantor, mas decidiu não fazer isso com medo de chateá-lo. Ainda assim, enviou uma série de e-mails para a AEG pedindo tratamento psicológico para o rei do pop, alegando que ele demonstrava “paranoia, ansiedade e comportamento obsessivo-compulsivo”.

As horas finais de Michael Jackson

Em 23 de junho, dois dias antes de sua morte, Michael Jackson apareceu para ensaiar e estava diferente. O próprio Kenny Ortega afirmou que ficou alegre ao ver o cantor cheio de energia e demonstrando mais entusiasmo que nos dias anteriores.

No dia seguinte, 24 de junho, Michael Jackson deixou sua casa por volta das sete da noite para aquele que seria seu último ensaio de “This Is It”. As pessoas que estavam presentes afirmaram que o rei do pop parecia muito bem e ensaiou as coreografias de algumas de suas canções mais famosas, como “Smooth Criminal”, “Billie Jean” e “Thriller”.

Michael Jackson terminou o ensaio com “Earth Song”. Em seguida, fez questão de abraçar e agradecer aos dançarinos e produção. Ele teria dito “Deus abençõe todos” antes de voltar para casa.

Assim que chegou em sua residência, o astro ainda tirou um minuto para conversar com um pequeno grupo de fãs que o esperava do lado de fora. Em seguida, foi escoltado por seus seguranças para seu quarto, onde Conrad Murray o aguardava.

Jackson logo reclamou para o médico que estava cansado e precisava dormir, mas que não estava conseguindo. Murray, então, deu ao astro um coquetel de medicamentos para ajudá-lo a pegar no sono e ficou ao seu lado para monitorá-lo.

Mesmo assim, o astro não conseguiu dormir e passou a implorar a Murray para que lhe desse “leite”, termo usado para o poderoso sedativo propofol, pois se assemelha bastante com a bebida. O médico já havia usado o medicamento no cantor nas noites anteriores – o que explica sua atitude diferente nos ensaios finais – e não estava disposto a aplicá-lo novamente.

No entanto, quando já eram 10h40 da manhã, Jackson ainda não havia conseguido dormir. Murray acabou cedendo ao pedido do seu cliente e injetou 25 miligramas de propofol, diluídos em lidocaína.

Ao notar que Jackson havia pegado no sono, Murray o deixou rapidamente para ir ao banheiro. No entanto, assim que retornou, notou que o cantor não respirava e estava com o pulso fraco. O médico passou a fazer ressuscitação cardiopulmonar por 10 minutos e aplicou flumazenil – droga que elimina os efeitos do propofol – antes de chamar ajuda dos demais funcionários da residência.

Apenas às 12h21 – mais de uma hora e meia após o médico nottar que o cantor não respirava – que um segurança da residência ligou para a emergência. Os paramédicos chegaram cinco minutos mais tarde e notaram que Jackson já estava sem pulso.

O rei do pop foi encaminhado ao Hospital Ronald Reagan, da Universidade da Califórnia em Los Angeles, onde chegou às 13h14. Médicos tentaram ressuscitá-lo por mais de uma hora, mas sem sucesso. Michael Jackson teve sua morte confirmada às 14h26 e nos deixou com apenas 50 anos de idade, gerando uma enorme comoção em todo o planeta.

As consequências da morte

A autópsia foi realizada no corpo de Michael Jackson no dia seguinte de sua morte e a família do cantor chegou a solicitar uma segunda. Os resultados só foram divulgados no dia 28 de agosto de 2009.

Segundo o laudo, o astro morreu por conta de uma intoxicação aguda causada pelo propofol, que foi agravada pela presença de outras drogas em seu corpo, como lorazepam, midazolam e diazepam. O documento destaca que ele estava saudável.

Neste mesmo dia, a polícia afirmou que considerou a morte de Michael Jackson como homicídio. Por conta disso, em novembro de 2011, Conrad Murray foi julgado e condenado por homicídio culposo e ainda teve sua licença médica revogada.

Murray foi sentenciado a ficar quatro anos detido, mas foi liberado em 2013 por conta da alta população carcerária da Califórnia e bom comportamento.

O funeral de Michael Jackson ocorreu em 7 de julho. Primeiro, sua família e amigos próximos realizaram uma cerimônia privada no cemitério Forest Lawn antes do evento público, que ocorreu no ginásio Staples Center e teve a presença de grandes artistas, como Mariah Carey, Stevie Wonder, Lionel Richie, Jennifer Hudson, entre outros.

O funeral público ficou marcado pela tocante e emocionante fala da filha de Michael Jackson, Paris, que tinha apenas 11 anos na época.

“Eu só queria dizer, desde que nasci, papai sempre foi o melhor pai que vocês poderiam imaginar e eu só queria dizer que eu amo ele… demais.”

A “This is It”, claro, teve de ser cancelada com a morte de sua grande estrela. Por conta da grande expectativa gerada pelas apresentações, há quem diga que esses foram os “maiores shows que jamais aconteceram”.

Ao menos, os fãs conseguiram ter uma ideia de como seriam estas performances com o lançamento do vídeo “Michael Jackson’s This is It”, que mostrou os bastidores dos ensaios.

Por fim, se considerarmos as palavras da produção, Michael Jackson estava pronto para as apresentações, mesmo com todos os problemas que passou em seus dias finais. 

Michael Bearden, diretor musical de “This is It”, afirmou que o rei do pop começou os ensaios patinando, mas que no final, já estava bem e em forma.

“Ele estava um pouco enferrujado no início, com certeza, ele errou algumas notas. Mas como ele sempre dizia: ‘é por isso que ensaiamos’. E nos dois ou três ensaios finais, ele estava pronto para fazer aquele show. Quando ele estava no palco na frente dos fãs, era pura mágica.”

Randy Phillips foi a última pessoa envolvida com as apresentações a falar com Michael Jackson, já que o acompanhou até seu carro quando o astro ia embora. Ao abraçar o executivo, deixou bem claro que também se sentia preparado.

“Obrigado por me levar tão longe. Eu consigo assumir daqui. Eu sei que consigo fazer isso.”

*As informações deste artigo foram extraídas de Wikipedia e fontes associadas, Rolling Stone, Los Angeles Times e Biography.

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