Certa vez, Dinho Ouro Preto clamou por uma banda que unisse todas as tribos, tal qual o Norvana. Na última quinta-feira (18), o Kraftwerk foi o grupo a atender o chamado no C6 Fest, no Vivo Rio, tendo também o Underworld na programação do dia.
Kraftwerk em melhor contexto
Os pioneiros da música eletrônica abriram os trabalhos do evento, em sua primeira edição no Rio de Janeiro (continuando nesta sexta, 19, e sábado, 20) e em São Paulo (começando nesta sexta, 19, e indo até domingo, 21). Fizeram quase o mesmo show de 2009, quando abriram para o Radiohead também nas capitais paulista e fluminense. Contudo, algumas mudanças cruciais de contexto fizeram essa apresentação muito mais contundente.
Primeiro, grande parte do público presente no Vivo Rio estava lá para ver o Kraftwerk. Isso inclui galera clubber, hipsters, turma do hip hop e tiozões do rock e da eletrônica. Uma plateia consideravelmente mais variado que a do Radiohead.
Outra diferença enorme foi o efeito do espaço no som. Na praça da Apoteose, ao ar livre, a música do Kraftwerk soava mais semelhante aos discos, se expandindo no ambiente sem nada para lhe conter. Contudo, no Vivo Rio, paredes e teto reagiam ao volume das batidas e aos graves presentes na mixagem.
Chegava ao ponto de, ao longo do show, grande parte da plateia – a casa não estava cheia, mas um público bem saudável assistiu ao Kraftwerk – aos poucos demonstrar a vontade coletiva de balançar de um lado para o outro, rolando os ombros. Durante “Trans Europe Express”, haviam pessoas rebolando tal qual num baile funk.
A música dos alemães se tornou uma pedra fundamental no funk carioca e no hip hop por uma razão: é dançante, sim. Quando eles deixaram o palco, os fãs tentaram um canto de “Music Non Stop”, na esperança fútil de um bis, mas desistiram perante a equipe rapidamente desmontando o equipamento.
Repertório – Kraftwerk:
- Numbers / Computer World
- Spacelab
- The Man-Machine
- Autobahn
- Computer Love
- The Model
- Tour de France 1983 / Prologue / Tour de France Étape 1 / Chrono / Tour de France Étape 2
- Trans Europe Express
- The Robots
- Planet of Visions
- Boing Boom Tschak / Music Non Stop
Underworld desfavorecido pela programação
Após uma pausa, entrou o Underworld. A dupla eletrônica formada por Karl Hyde e Rick Smith de cara continha um perfil completamente diferente dos alemães.
Enquanto a apresentação do Kraftwerk era minimalista, sem nenhuma demonstração de empolgação por parte dos music arbeiters (eles nunca se referem como músicos), Hyde é energia em pessoa, dançando por todo palco cantando. Já Smith opera a parte musical num bunker de equipamento, incluindo o que parecia ser um PC, mesas de mixagem e sintetizadores.
Contudo, é preciso apontar algo: uma parte considerável do público foi embora após o Kraftwerk, dando a impressão da ordem da programação ter sido mal concebida. Apesar do Underworld ter mais cara de headliner e o pedigree necessário – são um nome importante na música eletrônica dos anos 90, com o clássico “Born Slippy .NUXX” –, colocá-los após o nome mais importante da história do gênero os prejudicou.
Não que isso tenha impedido o Underworld de fazer uma apresentação boa, no mesmo padrão de sempre.
Repertório – Underworld:
- Juanita 2022
- Two Months Off
- Push Upstairs
- Jumbo
- Dark & Long (Dark Train)
- King of Snake
- Rez/Cowgirl
- And the Colour Red
- Born Slippy .NUXX
*No Rio de Janeiro, o C6 Fest ainda receberá shows de Jon Batiste, Samara Joy e Domi & JD Beck nesta sexta-feira (19) e The War on Drugs, Black Country New Road e Terno Rei no sábado (20). Em São Paulo, o festival começa nesta sexta (19) e terá todas as atrações do Rio, além de outras exclusivas em território paulista. Mais informações no site oficial.
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Colocar o Kraftwerk como abertura do Underworld com todo respeito e surreal. O Kraftwerk e um dos maiores expoente da musica eletronica alema se nao a maior.