Quentin Tarantino não parece muito animado com a indústria do cinema nos últimos tempos. Atualmente, ele estaria planejando seu décimo – e possivelmente último – filme, sem tanta pressa para lançá-lo.
Agora, o cineasta deixa claros os motivos que o levam a já vislumbrar uma aposentadoria mesmo em um ponto alto da carreira.
Em conversa com a CNN, com falas transcritas pelo site AVClub, Tarantino foi perguntado sobre o assunto. Seu nono e mais recente filme, “Era Uma Vez em Hollywood…” (2019) ganhou Oscars, foi elogiado pela crítica e é considerado pelo próprio cineasta como seu melhor trabalho. De fato, não parece um momento para falar sobre encerrar a carreira, mas Tarantino discorda.
“É hora de encerrar o show. Não quero trabalhar com retorno diminuindo. Não quero me tornar aquele velho alienado… quando, na verdade, eu já me sinto um pouco como um velho que está alienado em relação aos filmes que estão saindo agora. E é isso que acontece, é exatamente isso que acontece.”
De qualquer forma, Tarantino sempre disse que faria 10 filmes antes de pendurar as chuteiras, o que nos dá mais um longa. O diretor não faz ideia de quando seu último trabalho sairá – e não parece estar preocupado. Pelo contrário, ele aproveitou a resposta para criticar a forma como o cinema é consumido atualmente – basicamente, fora do cinema.
“O que é um filme? É algo que passa na Netflix? É algo que passa na Amazon e as pessoas assistem em seus sofás?”
Tarantino é um grande defensor das telas grandes e não parece disposto a abrir mão disso para sua despedida. Seja lá quando e como ela vai acontecer – se acontecer.
O último filme de Quentin Tarantino
Conforme revelado no último mês de março, Quentin Tarantino estaria acertando os detalhes finais de seu último filme, que deve ser anunciado em breve. Segundo fontes ouvidas pelo site Hollywood Reporter, o longa-metragem terá o título de “The Movie Critic” e será ambientado nos anos 1970, em Los Angeles, nos Estados Unidos.
O roteiro estaria pronto e a produção começaria no outono americano, entre setembro e novembro. Não há ainda elenco ou um estúdio envolvido por trás da obra, mas a Sony seria uma das favoritas para assumir o posto, visto o bom relacionamento entre o diretor e a empresa – responsável por distribuir “Era Uma Vez em Hollywood”.
De acordo com o site mencionado, a trama abordará a vida de Pauline Kael, influente crítica de cinema da revista The New Yorker, ensaísta e romancista. Suas opiniões normalmente eram contrárias às dos outros profissionais — ela defendeu, por exemplo, “Último Tango em Paris” (1972), massacrado pela crítica na época — e eram conhecidas pela originalidade e pelos detalhes contidos nelas.
No fim dos anos 1970, a pedido do ator Warren Beatty, Kael virou consultora do estúdio Paramount Pictures, mas deixou o cargo após poucos meses, para voltar a se dedicar ao trabalho que realizava anteriormente. Ela sofria da doença de Parkinson e faleceu em 2001, aos 82 anos de idade.
Como destacado pela revista GQ, Tarantino citou uma frase da crítica no livro “Once Upon a Time in Hollywood: A Novel” – que aprofunda a história do filme “Era Uma Vez em… Hollywood” e que marca sua estreia literária. “Em Hollywood, você pode morrer por encorajamento”, diz tal declaração de Pauline.
Sobre o cineasta
Entre os filmes dirigidos por Quentin Tarantino, estão “Pulp Fiction: Tempo de Violência” (1994), “Kill Bill” (volume um em 2003, volume dois em 2004), “Sin City” (2005), “Bastardos Inglórios” (2009) e, mais recentemente, “Era Uma Vez em Hollywood” (2019). Ele ganhou dois prêmios Oscar de Melhor Roteiro Original.
Em entrevista ao Deadline em 2014, o diretor e roteirista revelou o desejo de se aposentar dos cinemas enquanto ainda faz sucesso. No bate-papo, contou também que gostaria de escrever peças de teatro e livros depois disso.
“Eu não acredito que você deva continuar até as pessoas implorarem para você sair. Gosto da ideia de deixar as pessoas querendo um pouco mais. Não estou tentando diminuir ninguém que pensa diferente, mas quero sair enquanto ainda estou no topo.”
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