As declarações de David Crosby, músico que nos deixou nesta quinta-feira (19) aos 81 anos, sobre o futuro da indústria musical não costumavam ser as mais positivas. O músico deixava claro sua preocupação com a maneira como a arte é tratada na realidade atual.
A visão desesperançosa se fez presente em uma de suas últimas entrevistas, ao Stereogum, em fevereiro de 2022.
“Sempre que perguntam o conselho que daria a jovens artistas, digo que não se tornem músicos. Você consegue imaginar como me sinto falando isso? Consegue ter ideia de como não gostaria de ter que dizer? Temos grandes talentos, como Becca Stevens, Michelle Willise, Michael League e meu filho James. Não quero dizer isso a eles, mas é a verdade. Não há esperança.”
Crosby se usou como exemplo, ressaltando que fazia música até seus tempos finais de vida por motivos sentimentais, já que financeiramente não compensaria.
“Sigo fazendo discos com James e a Lighthouse Band por amor. Vejo a música como uma força de elevação. Sim, eu acredito nessa besteira hippie. Vivemos tempos muito difíceis e as pessoas precisam de energia. A música melhora as coisas e deixa todos mais felizes. Isso é bom o suficiente para mim. Se eu não recebo por isso, que seja.”
Recusa ao streaming
David, que apoiou a recente ação de Neil Young contra o Spotify, revelou acreditar que todos os artistas deveriam retirar suas músicas das plataformas de streaming, pois não são remunerados de forma justa por seu trabalho.
“Não gosto do Spotify nem de qualquer outro streaming. Eles não nos pagam adequadamente. A proporção está errada. Ganham bilhões e repassam centavos. Isso não está certo.”
“For Free”, álbum mais recente de David Crosby, saiu em 23 de julho de 2021. O trabalho entrou em 8 paradas europeias. A capa reproduz uma pintura da cantora e ativista Joan Baez.
Adeus a David Crosby
Um dos maiores representantes do folk americano nos anos 1960, David Crosby morreu aos 81 anos de idade. A família confirmou a informação sem revelar a causa, dizendo apenas que ele sofria de uma longa doença.
David Van Cortlandt Crosby nasceu em 14 de agosto de 1941, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Consagrou-se inicialmente como membro do The Byrds, mas ainda na década de 60 deixou a banda para alçar voos mais altos.
A popularidade definitiva veio ao iniciar uma parceria com Stephen Stills (Buffalo Springfield) e Graham Nash (The Hollies), que resultou no projeto Crosby, Stills & Nash. Algum tempo depois, o trio ganhou a colaboração de Neil Young e se transformou no Crosby, Stills, Nash & Young.
David Crosby também flertou com o jazz em um trio formado ao lado de seu filho, o tecladista James Raymond e o guitarrista Jeff Pevar, chamado CPR. Seu nome é um dos poucos a estar no Rock and Roll Hall of Fame duas vezes, uma com o The Byrds e outra com Crosby, Stills & Nash.
Paralelamente à música, defendeu suas opiniões políticas abertamente ao longo da vida, muitas vezes de forma ambígua – como pacifista e partidário do porte de armas. Famoso pelo posicionamento a favor da maconha, criou uma marca de produtos derivados da planta que, segundo ele, permitiu que fizesse música por tanto tempo – seja com inspirações ou como tratamento complementar a um problema no ombro.
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