A revista Revolver publicou um trecho do novo livro de Rob Halford, “Biblical: Rob Halford’s Heavy Metal Scriptures”. A segunda obra bibliográfica do vocalista do Judas Priest retoma algumas histórias que não entraram em “Confess” (2020), além de lembranças da estrada em mais de meio século de atividades.
Em um dos momentos, o Metal God explica o que faz de alguém um grande cantor.
“Em primeiro lugar, e isso pode parecer engraçado, seu coração tem que estar no lugar certo. Você tem que encarar pra valer, tem que ser pura expressão, ou simplesmente não vai soar bem. Você deve encontrar a identidade e o caráter únicos de sua própria voz.
Quando você encontra essas características, experimenta como um louco e passa a entender o quantopode fazer com sua voz. Quão longe pode levá-la. Você está sempre aprendendo como cantor, o processo e a jornada nunca terminam.
Dito tudo isso, você geralmente começa copiando outras pessoas. Tentando imitá-los. Eu certamente fiz isso. Quando criança, ouvia todos os tipos de vocalistas incríveis – e comecei muito cedo.”
A seguir, Rob passa a enumerar alguns exemplos.
“Quando eu tinha uns dez anos a irmã do meu pai, minha tia Pat, me deu seu velho toca-discos Dansette vermelho e creme como presente. Levantei a tampa para encontrar três singles dentro: ‘Rock Around the Clock’ de Bill Haley, ‘Good Golly, Miss Molly’ de Little Richard e ‘Heartbreak Hotel’ de Elvis.
Dos três, foi Little Richard que realmente mexeu comigo. Eu nunca tinha ouvido tanta expressividade musical antes. Ele estava cantando, não escondendo nada e totalmente desnudando sua alma. Ainda me lembro de pensar: ‘Oh, meu Deus! Esse cara está cantando com o coração!’
À medida que entrei na adolescência e me envolvi mais na música, passei a admirar pessoas como Robert Plant, Janis Joplin e Ian Gillan. Eu acho que é justo dizer que esse fator comum une todos os vocalistas que eu amo. É um termo técnico: eles gostam de dar um pouco mais de vigor.”
A seguir, fez pequenas análises individuais de cada um dos citados.
“Eu fui atraído por Plant por conta dos lugares extremos que ele vai com sua voz. A maneira como canta é tão solta, primitiva, primordial e excitante. Ouvir Robert Plant me deu o impulso de ver o que minha própria voz poderia fazer.
O equivalente feminino de Plant era Janis Joplin. Eu amava como ela subia no palco e simplesmente deixava rolar. Havia tanta angústia, mas não estava nas palavras que ela cantava, por melhores que fossem. Não, estava em seus incríveis gemidos e gritos.
Foi o mesmo com Ian Gillan. Eu adorava seu material de alto registro, mas era tudo sobre a textura e a intensidade de sua performance. Há algo sobre um cantor que faz tudo do jeito que Gillan faz que mostra que eles amam o que fazem. Isso faz você amar também.
Eu adorava todos os tipos de vozes: Sinatra, Elvis, Shirley Bassey. Passei por uma fase adolescente ouvindo cantores de soul como Al Green, Marvin Gaye, Sam & Dave. Mas os que me pegam, todas as vezes, são os que chegam ao topo e vão em frente.”
“Bilblical” foi disponibilizado no último dia 1º de novembro na sua versão em inglês. O lançamento é da editora Hachette Books. Ainda não há previsão para uma edição nacional.
Sobre Rob Halford
Nascido em Sutton Coldfield, Inglaterra, Robert John Arthur Halford começou a carreira artística no teatro. Sua primeira aventura no rock foi com a banda Hiroshima.
Em 1973 se juntou ao Judas Priest através do contato de sua irmã, que namorava e se casaria com o baixista Ian Hill. Permaneceu até 1992, retornando em 2003 e permanecendo desde então, ostentando o título de Metal God.
Entre 1992 e 1995 comandou o Fight, que lançou dois discos trazendo uma pegada contemporânea e agressiva. Logo a seguir se aventurou por sons mais modernos e industriais no 2wo, que contava com o guitarrista John 5 e foi produzido por Trent Reznor (Nine Inch Nails). O projeto lançou um disco, Voyeurs.
Na virada do século fundou o Halford, se reaproximando do heavy metal tradicional. A marca segue ativa nos intervalos de atividades do Judas Priest com diferentes formações.
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