Os números impressionam — 42 anos de carreira, 19 álbuns de estúdio, 5 ao vivo e mais de 20 milhões de cópias vendidas —, mas talvez a maior conquista do Roupa Nova tenha sido sua penetração no imaginário coletivo por meio de tantas músicas em trilhas sonoras de novelas. Ao embalar momentos marcantes da teledramaturgia brasileira, a banda conseguiu, por meio de seu pop rock sofisticado, falar aos corações mesmo dos ouvintes mais casuais.
Não obstante a morte do vocalista e percussionista Paulinho em 2020, a banda segue na ativa, e a quantidade de streams nas plataformas digitais de áudio atesta sua sobrevivência a mais essa mudança na maneira de ouvir música: só no Spotify, são mais de 1,2 milhão de ouvintes mensais, e sua faixa mais ouvida — “Whisky a Go-Go” — está prestes a bater a marca de 40 milhões de reproduções.
Em entrevista a este jornalista para a edição 120 da webrevista Guitarload (março-2022), o guitarrista Kiko Pereira foi convidado a falar sobre as dez músicas mais ouvidas do Roupa Nova no Spotify. O músico comentou a respeito de cada uma delas do ponto de vista da guitarra, composição, repercussão… enfim, o que desse na telha. O resultado você confere abaixo.
Os hits do Roupa Nova comentados por Kiko Pereira
“Whisky a Go-Go”
Kiko Pereira: “A ideia dessa música era fazer uma festa, proporcionar alegria e diversão, e acho que conseguimos!”.
“Dona”
KP: “Quando sugerimos a música, ela não foi muito bem recebida pelo nosso produtor, Mariozinho Rocha. Ele pediu para deixarmos o arranjo mais pesado, totalmente fora do original. Aí fizemos e gostamos. Essa música na novela [‘Roque Santeiro’, de 1985] nos levou a Portugal e é um dos maiores sucessos”.
“Linda Demais”
KP: “Quando ‘Dona’ fez sucesso em Portugal, levou ‘Linda Demais’ junto. Ao chegarmos em Lisboa, o primeiro lugar nas rádios era ‘Dona’ e o terceiro era ‘Linda Demais’”.
“Noites Traiçoeiras”
KP: “A ideia era ser uma canção para o Natal que levasse a paz ao coração das pessoas. Acho que teve um resultado muito satisfatório. Os comentários foram os melhores possíveis”.
“Sapato Velho”
KP: “Na minha opinião, é o carro-chefe do nosso repertório. Foi o segundo sucesso do nosso primeiro disco [‘Roupa Nova’ (1981)]. Em qualquer arranjo, basta um violão, ela fica pomposa”.
“Um Sonho a Dois”
KP: “O primeiro arranjo dessa música foi no disco da Joanna [‘Joanna’ (1986)] e nós cantamos com ela. Quando fizemos o ‘RoupAcústico 2’ (2006), convidamos a Claudinha [Cláudia Leitte] para participar e ficou uma pérola no DVD”.
“Anjo”
KP: “Quando foi mostrada pelo Mariozinho, ela não era no tempo 6/8. Como ele toca piano, sugeriu nessa levada, e foi um sucesso”.
“Seguindo no Trem Azul”
KP: “Tenho um carinho muito especial por essa. Primeiro, porque foi a participação do Ronaldo Basto com o seu poema maravilhoso, e, segundo, porque o solo não era de guitarra. O Cleberson [Horsth, tecladista e vocalista] escreveu o solo pra cordas; então o Miguel [Plopschi, produtor] falou que não cresceu com as cordas. Aí fiz o solo em cima das cordas, dando uma interpretação de guitarra”.
“Coração Pirata”
KP: “Essa composição é a cara do Nando [baixista e vocalista]. Ele queria uma levada menos pesada, mais country. Mas não aguentei e coloquei a guitarra, menos pesada e fazendo uns comentários. Para o refrão, soltei mais a mão”.
“Volta pra Mim”
KP: “O tom original dela era dó. Gravamos tudo com solo e tudo mais, mas a voz do Paulinho não acompanhou. Mudamos pra ré. Aí a voz do Paulinho brilhou e tivemos que refazer tudo, mas graças a Deus saímos muito bem! [Risos] Essa é a canção que mais representa o nosso querido Paulinho”.
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