O advogado de Jean-Luc Godard, Patrick Jeanneret, confirmou à AFP (via BBC) que o falecimento do cineasta, aos 91 anos, se deu por meio de suicídio assistido.
A prática de suicídio assistido é legal na Suíça, onde Godard morava. Por causa de dupla cidadania, o diretor tinha o direito ao recurso devido a múltiplos problemas incapacitantes decorrentes de sua idade.
Segundo a legislação suíça, o suícidio assistido é permitido sob a condição de ser oferecido sem motivo pessoal para alguém capaz de tomar decisões. Ao contrário da eutanásia, contudo, a ação não pode ser feita por terceiros.
Uma fonte da família de Godard disse ao jornal francês Liberátion:
“Ele não estava doente, estava simplesmente exausto. Então ele tomou a decisão de dar o fim. Foi uma decisão dele e é importante que se saiba.”
A morte de Godard acabou ocorrendo na mesma semana que o presidente francês Emmanuel Macron declarou que há a possibilidade de um plebiscito para ampliar opções de final de vida no país, incluindo potencialmente eutanásia e suicídio assistido. No momento, a França permite apenas a sedação paliativa de pacientes terminais.
Sobre Jean-Luc Godard
Jean-Luc Godard foi um dos pioneiros do movimento Nouvelle vague, que buscou contestar práticas de direção existentes até o momento. Ao longo de sete décadas de carreira, ele dirigiu 40 filmes e mudou a forma como o cinema era feito e consumido ao propor movimentações de câmera diferenciadas, diálogos cortados de maneira mais moderna e histórias cheias de reflexão.
Desde 2020, ele planejava sua aposentadoria do cinema. Porém, ainda pretendia realizar dois longas antes de encerrar a premiada carreira.
Entre os principais trabalhos de Godard, estão filmes como “Acossado” (1960), “O Desprezo” (1963), “Viver a Vida” (1962), “Alphaville” (1965), “O Demônio das Onze Horas” (1965), “Week-End à Francesa” (1967), “Carmen” (1983), “Eu Vos Saúdo Maria” (1985) e “Adeus à Linguagem” (2014). Pouco ortodoxa, a obra de 1985 chegou a ser condenada pela Igreja Católica e proibida no Brasil.
Emmanuel Macron emitiu um comunicado de pesar pela morte de Jean-Luc Godard. O político lamentou a perda e chamou o diretor de “tesouro nacional e gênio”, além de “o mais iconoclasta dos cineastas da Nouvelle vague”.
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