Dois dias antes de dividir o Palco Mundo no Rock in Rio com Iron Maiden, Gojira e Sepultura, o Dream Theater desembarcou em São Paulo para um show à parte no Tokio Marine Hall. A banda americana de metal progressivo apresentou faixas de seu décimo-quinto álbum de estúdio, “A View from the Top of the World” (2021), além de tocar músicas de outros trabalhos.
Formado em 1985 pelo guitarrista John Petrucci, o baterista Mike Portnoy e o baixista John Myung enquanto frequentavam a Berklee College of Music – uma das escolas de música mais renomadas do mundo e conhecida por formar artistas como Steve Vai e John Mayer –, o Dream Theater é aclamado como um dos maiores grupos progressivos da história. Embora tenha passado por algumas alterações em seu line-up ao longo dos anos (incluindo a polêmica e nada amigável despedida de Mike Portnoy, membro fundador e um dos gigantes de seu instrumento), a banda não perdeu popularidade e segue conquistando fãs com suas composições extensas e complexas.
*Fotos de Gustavo Diakov / Sonoridade Underground.
São mais de 15 milhões de discos vendidos em todo o planeta e mesmo em “A View from the Top of the World” houve a conquista de uma marca notória: uma de suas músicas, “The Alien”, foi premiada com o Grammy de Melhor Performance de Metal. Foi a primeira vez que o grupo recebeu um troféu da Recording Academy, já que perdeu nas indicações a “On the Back of Angels” (2011) e “The Enemy Inside” (2013).
O clima frio e o cenário cinza e monótono da capital paulista não foram obstáculos aos fãs, que formaram uma fila quilométrica que se estendia por toda a rua Bragança Paulista desde às 18h. Pontualmente, a organização abriu os portões do Tokio Marine Hall para o público às 19h30, apesar do atraso de uma hora para o credenciamento da imprensa.
Diferentemente da maioria dos shows, não houve discotecagem para entreter o público que aguardava a apresentação principal. No entanto, os presentes tiveram a oportunidade de conferir um pocket show cover da banda Santíssima Trindade, com o vocalista Nando Fernandes, no palco secundário do clube. O projeto é focado em covers de Led Zeppelin, Black Sabbath e Deep Purple – a santíssima trindade do rock pesado da década de 1970 –, tendo tocado os maiores hits dos três grupos na ocasião.
Após anúncios de segurança e comerciais publicitários da Tokio Marine, seguradora responsável pela casa de espetáculo, as músicas “Pink Soldiers”, composição do artista sul-coreano Jung Jae-il presente na trilha sonora do seriado “Round 6”, e “Super Strength Invincible”, do duo norueguês/britânico Two Steps From Hell, começaram a soar pelos alto-falantes. Quando o relógio marcou 21h, imagens psicodélicas de planetas e galáxias começaram a ser exibidas nos telões do clube. Era a deixa para que James LaBrie (vocalista), John Petrucci (guitarrista), John Myung (baixista), Mike Mangini (baterista) e Jordan Rudess (tecladista) subissem ao palco.
Logo de cara, o premiado single “The Alien” foi tocado pelo quinteto. Durante a execução da faixa, o microfone de LaBrie apresentou falhas, porém, o público reagiu cantando mais alto do que o frontman. Na sequência, as batidas iniciais de “6:00” levaram o público à loucura. A canção que abre o álbum “Awake” (1994) foi acompanhada de imagens tridimensionais de relógios e outros elementos inspirados em sua composição.
Ao término da música, LaBrie indagou o público acerca da sensação de estar em um show ao vivo depois do longo período de isolamento ocasionado pela pandemia de Covid-19 e afirmou que estava muito feliz em fazer o que mais gosta novamente. Em seguida, a banda mandou “Awaken the Master”, outra faixa do novo álbum, cuja execução foi enfeitada por magníficas artes visuais que homenageavam a civilização egípcia.
Depois, foi a vez de “Endless Sacrifice”, faixa lançada originalmente no disco “Train of Thought” (2003), intercalada com “Bridges in the Sky”, do álbum “A Dramatic Turn of Events” (2011). Com mais de 20 minutos ininterruptos de músicas, LaBrie aproveitou um pequeno intervalo para fazer um discurso sobre “a importância de ser resiliente em momentos de dificuldade”. Mais uma sequência direta veio a partir daí, com “Invisible Monster”, “About to Crash” e “The Ministry of Lost Souls”. Apesar do peso e velocidade das performances, os fãs não iniciaram moshpits na pista – somente acompanharam a apresentação como se estivessem assistindo a uma aula de cálculo aplicado.
Para o encerramento do set regular, a escolhida foi “A View from the Top of the World”, faixa-título do álbum mais recente. A obra, que tem 20 minutos de duração e é dividida entre três partes (“The Crowning Glory”, “Rapture of the Deep” e “The Driving Force”), tirou o fôlego dos fãs. Além da impecável técnica apresentada pelos músicos, efeitos com imagens emocionantes exibindo saltos radicais de asa delta, paraquedas e bungee jump acompanharam a performance de forma sincronizada. Como resultado, uma inigualável experiência auditiva e visual.
Depois de um breve intervalo, o quinteto retornou ao palco para um bis. A escolhida foi “The Count of Tuscany”. Embora a música do disco “Black Clouds & Silver Linings” (2009) seja uma das favoritas dos fãs mais dedicados ao Dream Theater, uma parcela do público ficou descontente por esperar que o show fosse encerrado com o hit “Pull Me Under”.
Apesar disso, o Dream Theater não realizou apenas um show, mas sim uma aula verdadeira aula de profissionalismo e carisma. Além disso, os efeitos que acompanharam a apresentação no Tokio Marine Hall foram capazes de hipnotizar o público.
Certamente, foi uma noite gloriosa que não será esquecida nem tão cedo.
*Fotos de Gustavo Diakov / Sonoridade Underground.
Dream Theater – ao vivo em São Paulo
- Local: Tokio Marine Hall
- Data: 31 de agosto de 2022
- Turnê: Top of the World Tour
Repertório:
- The Alien
- 6:00
- Awaken the Master
- Endless Sacrifice
- Bridges in the Sky
- Invisible Monster
- About to Crash
- The Ministry of Lost Souls
- A View From the Top of the World
Bis:
- The Count of Tuscany
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instrumentalmente os caras são bons mesmo!!!! valeu!!!!
A única coisa que me chateou foi que os telões não estavam ligados, então quem estava mais ao fundo ou era baixinho não via porra nenhuma da banda kkkk
Eu fui e levei meu filho foi sensacional!!!
A descrição que li na matéria foi perfeita! Parabéns!