Como o Velvet Revolver implodiu após “Libertad”, seu álbum final

Banda com músicos do Guns N’ Roses e vocalista Scott Weiland (Stone Temple Pilots) era como uma bomba-relógio, que estourou no ciclo de seu segundo e último disco

O Velvet Revolver era uma bomba-relógio. Apesar de terem alcançado sucesso quase imediato com sua estreia, “Contraband”, todo mundo temia o momento que tudo sairia dos trilhos, visto o histórico dos membros.

Formado por três ex-integrantes do Guns N’ Roses – o guitarrista Slash, o baixista Duff McKagan e o baterista Matt Sorum – com o guitarrista Dave Kushner e o ex-vocalista do Stone Temple Pilots, Scott Weiland, o supergrupo tinha membros que colecionavam quase tantas passagens pela reabilitação quanto discos de ouro e platina. 

- Advertisement -

Essa volatilidade serviu para o melhor durante o processo criativo da estreia. Contudo, não demorou para a fórmula azedar e tudo cair por terra em torno do segundo álbum, “Libertad”.

Problemas desde a turnê passada

A paz pro Velvet Revolver durou pouco. Durante a turnê de “Contraband”, em meio à tensão normal de viver em turnê, integrantes mal se falavam. Numa entrevista à Rolling Stone, Duff McKagan resumiu:

“Fiquei estressado com aquela m#rda toda. P#rra, não podia nem falar com meu guitarrista, como eu costumava fazer.”

Falando com o site Spinner em 2010, o guitarrista Slash resumiu a situação entre os membros:

“Eu comecei a beber muito e retomei minha paixão por opióides, mas então precisei sair dessa, e eventualmente precisei falar: ‘já chega!’ Certamente Scott tinha seus problemas, e até Duff e Matt foram por essa estrada. O único a ficar sóbrio durante tudo foi o Dave Kushner.”

A maioria dos integrantes conseguiu se recuperar ao fim da turnê. Na sequência, planos para o segundo disco começaram a ser desenvolvidos, com Weiland anunciando à imprensa que seria um disco conceitual chamado “Libertad”.

O nome eventualmente permaneceu, mas a ideia de ser conceitual foi logo descartada.

“Libertad”

Trabalhos começaram entre o Velvet Revolver e o megaprodutor Rick Rubin. Todavia, a banda rapidamente se viu insatisfeita com a dinâmica, preferindo continuar com Brendan O’Brien na função.

Em sua biografia “Slash”, o guitarrista descreveu o que diferenciou O’Brien o suficiente para o grupo decidir trabalhar com ele:

“Ele trouxe mais do que simples disciplina para a equação: ele trouxe uma musicalidade que vem do fato dele tocar guitarra, baixo e bateria. A qualquer momento ele podia tocar junto com a gente e isso facilitava muito o processo.”

Contudo, as tensões com Scott Weiland começaram a aumentar quando o vocalista desenvolveu um temor por uma volta do Guns N’ Roses ao descobrir que o empresário do grupo estava conversando com Axl Rose, tentando fazer o vocalista mudar de agência.

Weiland foi convencido de que não era o caso pelos outros integrantes e “Libertad” finalmente foi lançado em 3 de julho de 2007. O álbum chegou ao quinto lugar da parada americana, mas o sucesso foi curto. Nenhum dos singles – “She Builds Quick Machines”, “The Last Fight” e “Get Out the Door” – conseguiu manter o trabalho em grande evidência.

Em novembro daquele ano, Scott foi preso em Los Angeles por dirigir sob a influência de drogas, mas solto sob fiança. A banda saiu em turnê pelos Estados Unidos e Reino Unido logo depois. Durante esse período, o vocalista teve uma recaída pesada.

Em uma entrevista para a Classic Rock, Slash falou sobre como o grupo sempre teve ressalvas quanto ao cantor:

“Levando tudo em consideração, ele era irrecuperável. Todo mundo já tinha me dito isso quando a banda começou, mas eu não sabia nada sobre o Scott até a gente começou a trabalhar junto. Foi triste passar por tudo aquilo e como tudo se desenrolou.”

O comportamento errático do artista causou o cancelamento de uma turnê australiana. Foi a gota d’água para os outros integrantes.

Guerra de declarações

Durante um show em Glasgow, na Escócia, em 20 de março de 2008, Scott Weiland anunciou que aquela seria a última turnê do Velvet Revolver. Nos dias após a apresentação houve uma guerra de palavras entre o vocalista e o baterista Matt Sorum, por meio de declarações em sites, com um atacando o ego do outro.

Weiland foi demitido do Velvet Revolver no dia 1º de abril daquele ano. Logo em seguida, reuniu-se com o Stone Temple Pilots, sua banda anterior.

Numa entrevista à Guitar World, Slash falou sobre a saída de Weiland em Glasgow:

“Havíamos chegado ao ponto em que estávamos resignados ao fato que não trabalharíamos mais com Scott, mesmo antes da gente sair para a última parte da turnê. Então quando ele disse todas aquelas coisas no palco, ficamos meio que surpresos, porque não tínhamos a menor intenção de acabar com a banda. Pode ter sido o último show pra ele, mas não era o último show pro Velvet Revolver.”

Possível volta do Velvet Revolver

Apesar da declaração do Slash em 2008, o Velvet Revolver permaneceu no limbo por anos. Rumores indicam que a banda testou uma série de substitutos para Scott Weiland, incluindo Myles Kennedy (que trabalharia com o guitarrista da cartola nos anos seguintes), Lenny Kravitz, Corey Taylor (Slipknot, Stone Sour), Chester Bennington (Linkin Park), Franky Perez (Scars on Broadway), entre vários outros.

Porém, o projeto acabou adormecendo – até um show de reunião com Scott Weiland em 2012, onde surgiu a possibilidade de uma volta. Numa entrevista em abril de 2012 sobre sua carreira solo e uma turnê comemorativa do Stone Temple Pilots, Weiland falou à Rolling Stone:

“Se Maynard James Keenan pode voltar com A Perfect Circle e o Tool, então não tem razão pela qual eu não posso ir e fazer a mesma coisa com as duas bandas.”

No mês seguinte, Weiland alegou que a reunião com o Velvet Revolver era oficial, com turnê e disco a caminho. Isso foi desmentido numa entrevista por Slash, que questionou a sanidade mental do vocalista.

Em 2015, Scott foi encontrado morto durante uma turnê solo. Ele, que tinha 48 anos, teve uma overdose de cocaína, álcool e MDA. No ano seguinte, Slash e McKagan voltaram ao Guns N’ Roses.

Numa entrevista para a Classic Rock em 2022, Slash resumiu os altos e baixos do Velvet Revolver:

“Velvet Revolver sempre foi uma situação complicada. Tenho orgulho do fato que conseguimos fazer tudo aquilo e tivemos dois discos maneiros. Mas era difícil porque nunca consegui estabelecer uma base sólida com aquela banda. Tinha muita m#rda acontecendo, cara. Muita gente envolvida com a banda que tinha uma agenda. E Scott era difícil.”

Velvet Revolver – “Libertad”

  • Lançado em 3 de julho de 2007 pela RCA Records
  • Produzido por Brendan O’Brien e Velvet Revolver

Faixas:

  1. Let It Roll
  2. She Mine
  3. Get Out the Door
  4. She Builds Quick Machines
  5. The Last Fight
  6. Pills, Demons & Etc.
  7. American Man
  8. Mary Mary
  9. Just Sixteen
  10. Can’t Get It Out of My Head
  11. For a Brother
  12. Spay
  13. Gravedancer (com a faixa oculta “Don’t Drop That Dime” a partir de 4min40seg)

Músicos:

  • Scott Weiland (vocal, teclados nas faixas 3 e 5)
  • Slash (guitarra)
  • Dave Kushner (guitarra)
  • Duff McKagan (baixo, backing vocals)
  • Matt Sorum (bateria, backing vocals, percussão na faixa 3)

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Twitter | Facebook | YouTube.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioCuriosidadesComo o Velvet Revolver implodiu após “Libertad”, seu álbum final
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades