Quando o músico Fred Lockwood ofereceu a um jovem nervoso chamado Willie Nelson a oportunidade de fumar um do lado de fora de um bar para escapar do nervosismo das audiências anticomunistas presididas por Joseph McCarthy na TV, ele não imaginava estar dando início a um dos maiores casos de amor da história da música.
Nem mesmo Willie pensou grandes coisas do baseado que preferiu levar pra casa ao invés de fumá-lo logo ali, mas seis meses de uso os fizeram inseparáveis. Tão inseparáveis a ponto de, quando sua casa em Nashville pegou fogo ao final dos anos 1960, o músico só salvou duas coisas: seu violão icônico Trigger e seu estoque de erva.
Aposentadoria, paz e… volta?
Willie Nelson era um cantor-compositor de sucesso mediano, cujos rendimentos de royalties financiavam turnês sem sucesso e essas frustrações o levaram a se aposentar da indústria country em 1970. Ele era um hippie num mundo de caubóis em Nashville e queria ser um maconheiro em paz.
A paz foi encontrada em Austin, capital do Texas. Junto dela, veio a inspiração para juntar elementos de psicodelia, jazz e folk ao seu amado country, revitalizando sua carreira.
Essa fama o tornou alvo para as autoridades. Sua primeira prisão por posse em 1974 acabou sendo eternizada por fãs do músico em pôsteres e camisetas adornados com sua foto da delegacia.
Foi daí em diante que sua relação com a maconha se tornou questão pública e parte do folclore da música country. Ele era o fora da lei, que fumava maconha e fazia música de grande sucesso mesmo fora dos padrões de Nashville.
“A maconha salvou minha vida”
A partir de 1978, maconha era a única coisa que Willie usava regularmente, como ele falou para a Rolling Stone em 2019:
“Eu tinha um maço de 20 Chesterfields, joguei todos eles fora, enrolei 20 baseados gordos e botei eles dentro do maço. Não fumei um cigarro sequer desde então. Não bebi muito desde então também, porque um me faz querer o outro.”
Essa relação com a erva, por mais que pudesse ser tratada por outros como uma piada, era séria na parte de Nelson. O músico sempre defendeu o uso dela, dizendo que salvou sua vida.
Na mesma entrevista à Rolling Stone de 2019, ele reflete:
“Eu não estaria vivo. Salvou minha vida mesmo. Eu não teria vivido 85 anos se tivesse continuado bebendo e fumando cigarros que nem eu fazia aos 30, 40 anos. Acho que a maconha me impediu de querer matar pessoas. E provavelmente impediu muita gente de querer me matar também.”
Willie Nelson e o ativismo
Essa postura levou Willie Nelson a ter um papel ativo na National Organization for the Reform of Marijuana Laws (NORML), organização a qual ele é o co-diretor do conselho consultivo desde os anos 1970. O artista é um dos maiores ativistas em favor da descriminalização e legalização da maconha, dando ênfase especial na convergência entre esse tema e outra causa próxima ao seu coração, que é a do pequeno e médio produtor rural e das fazendas familiares.
Em um texto para o site oficial da NORML, o fundador da organização, Keith Stroup, fala sobre a importância dos dois temas para o músico:
“Willie e eu frequentemente falamos ao longo dos anos sobre o cruzamento natural entre os dois temas. O amolecimento que está acontecendo de proibições estaduais e federais referentes ao cultivo de cânhamo industrial (definido como tendo menos de 0.03 por cento de THC) pode proporcionar um salva vidas financeiro para muitas das fazendas familiares que continuam ativas.”
Hoje em dia, Willie tem sua marca de produtos feitos à base de cannabis, Willie’s Reserve. A empresa trabalha com pequenos produtores rurais, alguns deles tendo ido para a cadeia por cultivar maconha antes da legalização em certos estados.
Nelson já foi preso diversas vezes por posse – e sabe muito bem o quanto tem sorte. No geral, 40% das prisões por porte de droga nos Estados Unidos são por maconha e negros são afetados quatro vezes mais que brancos.
Essa discrepância não foge ao ídolo country, que resumiu à Rolling Stone em 2019 de maneira simples o problema:
“Muito disso tem a ver com pessoas que são colocadas na cadeia e não tem dinheiro pra pagar fiança e sair. É melhor deixar essas pessoas saírem da cadeia, começarem a trabalhar e pagar impostos.”
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Eu sonho com a legalizaçaô da maconha em meu pais, pois minha filha . precisa do Òleo do canabidiol para autismo, e é muito caro importado e eu naô tenho como custiar é caro