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Com mais peso, Dorothy soa consistente e convincente em “Gifts from the Holy Ghost”

Diferentemente de antecessores, terceiro álbum da banda de hard rock liderada por Dorothy Martin não oscila e oferece bons momentos do início ao fim

A Dorothy, banda de hard rock liderada pela cantora húngara Dorothy Martin, chega a seu terceiro álbum em busca de consistência – e dá para dizer que conseguiu. Lançado nesta sexta-feira (22) pela Roc Nation (gravadora do gigante rapper Jay-Z), “Gifts from the Holy Ghost” acerta os ponteiros dos trabalhos anteriores, marcados por oscilações entre ótimas músicas e momentos pouco inspirados.

A história por trás de algumas letras do novo disco é peculiar. Três anos atrás, o técnico de guitarra da banda sofreu uma overdose dentro do ônibus de turnê. A cantora então começou a orar pela vida do amigo, já que as tentativas de socorro não deram certo. Ele acabou sobrevivendo mesmo ficando com o corpo inerte por alguns minutos; ela, por sua vez, entendeu tal situação como uma intervenção divina e passou a estar mais atenta a questões espirituais.

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O caso e seu desdobramento pessoal, porém, serviram apenas como gancho para algumas composições. O tom do álbum vai por outro caminho. “Gifts from the Holy Ghost” é, acima de tudo, pesado e bem direto. As influências do southern rock presentes no antecessor “28 Days in the Valley” (2018) deram lugar a uma estética bem alinhada ao hard rock tradicional, com timbres gordos e pegada visceral no instrumental assumido por Devon Pangle (guitarra), Eli Wulfmeier (também guitarra), Jason Ganberg (bateria) e Eliot Lorango (baixo).

Ao mesmo tempo, praticamente todas as músicas são bem produzidas e trazem um frescor que posiciona a banda no momento contemporâneo em vez de soar apenas retrô. E o melhor de tudo: as faixas são cantaroláveis, com refrães fortes e estruturas de impacto.

São méritos já percebidos nos discos anteriores, sempre temperados com uma sensibilidade pop que às vezes faz falta no rock atual. Ainda assim, não dá para negar que tais características foram aprimoradas aqui pela produção de Chris Lord-Alge (Muse, My Chemical Romance, etc) e pelo time de compositores que atua ao lado de Dorothy Martin: Keith Wallen (Breaking Benjamin), Jason Hook (ex-Five Finger Death Punch), Scott Stevens, Phil X, Trevor Lukather (filho de Steve Lukather, do Toto) e Joel Hamilton.

Por este disco ser bem constante em termos de qualidade, é difícil pincelar destaques. Contudo, saltaram aos meus ouvidos a dark-southern “Big Guns”, o hino “Black Sheep”, a pesada e groovy “Touched By Fire”, a veia contemporânea de “Top of the World” e a boa construção melódica da faixa-título.

“Gifts from the Holy Ghost” é o trabalho certo para assegurar Dorothy de vez como um dos grandes nomes do hard rock contemporâneo. Com repertório e gravação no capricho, soa convincente ao equilibrar peso e melodia na medida certa.

Ouça “Gifts from the Holy Ghost” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Dorothy – “Gifts from the Holy Ghost”

  1. Beautiful Life
  2. By Guns
  3. Rest in Peace
  4. Top of the World
  5. Hurricane
  6. Close to Me Always
  7. Black Sheep
  8. Touched by Fire
  9. Made to Die
  10. Gifts from the Holy Ghost

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

2 COMENTÁRIOS

  1. Conheci a banda pela Rest in Peace do terceiro album, curti muito a música e fui ouvir o cd inteiro, me apaixonei. Os dois primeiros são bons também, mas parece que vão ficando um pouco cansativos conforme vou ouvindo, já esse terceiro curto do começo ao fim

  2. Descobri a Dorothy meio que sem querer no You Tube e fiquei maravilhado principalmente pelo seu vocal robusto que em alguns momentos lembra o timbre de voz da cantora Adele.
    Comecei ouvindo esse Gifts From the Holy Ghost e o considero o melhor da carreira até agora pois conta com composições mais na linha do Hard-rock, estilo do qual gosto muito. Encontrei algumas músicas boas nos cds anteriores como é o caso de Flowless que é maravilhosa, mas sem dúvida esse último trabalho é impressionante. Em outras palavras, me tornei fã da Dorothy.
    Parabéns pela ótima resenha!

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