É difícil pensar em outra pessoa encarregada das baquetas no Rush além de Neil Peart, mas o famoso baterista e letrista da banda não esteve lá desde o começo. Em seus primórdios, o trio contava com John Rutsey na posição. A parceria que durou pouco tempo, mas foi a fundação de tudo o que seria construído nas décadas seguintes.
Rutsey fundou o Rush ao lado de Alex Lifeson, com quem jogava hockey na época da escola. Na época, a banda atendia pelo nome de The Projection e contou com algumas formações antes de se fixar em um trio, com Rutsey, Lifeson e o baixista Jeff Jones – que durou pouco e logo foi substituído por outro colega de escola, Geddy Lee.
Todas essas mudanças ocorreram entre os anos de 1963 e 1968, época em que o baterista atuou efetivamente como o líder da banda. Na biografia “Rush Visions” (1988), o autor Bill Banasiewicz resume bem o papel de Rutsey nesses primeiros anos ao cravar sua importância para que a banda evoluísse.
“John era o cara que enchia todo mundo para ensaiar e eu acho que ele se via como um ‘roqueiro’. Eu já disse antes e direi mais uma vez: não haveria Rush sem John.”
Escolha do nome e primeiras gravações
John Rutsey está diretamente ligado até mesmo ao nome do Rush. O anterior, The Projection, já havia caído em desuso. Embora estivessem ensaiando bastante antes do primeiro show, os integrantes ainda não tinham um nome do qual gostassem de fato. Foi preciso que os músicos se reunissem na casa do baterista para pensar em uma solução.
Quem surgiu com a ideia foi Bill Rutsey, irmão de John. Todos aprovaram a forma como Rush soava.
Assim o grupo começou a ganhar fama no circuito local e gravou seu primeiro single, um cover de “Not Fade Away”, de Buddy Holly, com uma música autoral, “You Can’t Fight It”, como lado B, composta pelo baterista junto de Geddy Lee.
O sucesso nos Estados Unidos, que era a meta àquela altura, viria com as gravações do primeiro álbum, homônimo, lançado em 1º de março de 1974. O single “Working Man” ganhou as rádios e gerou a divertida história dos ouvintes que ligavam após ouvir a música, perguntando sobre quando seria lançado o novo álbum do Led Zeppelin, tamanha a semelhança.
O disco de estreia do Rush estava permeada pela visão de Rutsey, que convenceu a banda a adotar postura e sonoridade mais próximas do glam rock. No entanto, o baterista, que também era o encarregado das letras, não assina nenhuma música do primeiro álbum, por não ter ficado contente com o que havia produzido até ali. Lee assumiu os versos em caráter de emergência.
John Rutsey fora do Rush
Após o lançamento de seu primeiro álbum, em 1974, o Rush saiu em uma turnê de divulgação. Aqueles seriam os últimos shows de John Rutsey. Ele perdeu cerca de um mês de apresentações devido a problemas de saúde causados pela diabetes, retornando para seu último mês antes de ser dispensado oficialmente.
Muito se discute sobre as motivações da saída de Rutsey. Geralmente, cita-se as questões de saúde como a principal razão, mas Alex Lifeson e Geddy Lee sempre negaram e atribuíram o fim da parceria a diferenças musicais e ao desgosto do baterista por longas turnês.
No documentário “Rush: Beyond the Lighted Stage”, lançado em 2010, Lifeson fala sobre as tais diferenças musicais. O baterista pretendia seguir um estilo mais hard rock, enquanto a dupla já se enveredava pelo caminho mais progressivo, que daria o tom dos álbuns seguintes.
“Tudo estava acontecendo muito, muito rápido. Não acho que John se sentia muito confortável com o que estava acontecendo. Nós conversamos sobre diferenças musicais e ele era um cara do rock muito mais direto. Ele gostava mais de Bad Company, enquanto Geddy e eu preferíamos Yes, Genesis e Pink Floyd, bandas assim.”
Rutsey saiu da banda ainda em 1974, sendo substituído por Neil Peart, que herdou não só as baquetas, mas também o posto de letrista. Executou ambas as funções com maestria, a ponto de ser visto como um dos maiores bateristas da história do rock.
Por sua vez, o integrante original do Rush se manteve distante da mídia ao longo dos anos. Era citado esporadicamente pelos ex-colegas, como em 1989, quando Lifeson afirmou que o via de vez em quando e treinava com ele, agora um amante do fisiculturismo.
Em 2008, a família de John Rutsey confirmou seu falecimento em 11 de maio daquele ano. Ele teve um ataque cardíaco enquanto dormia, devido a complicações do diabetes com o qual lutava desde a juventude.
O Rush divulgou uma nota de pesar e incluiu gravações ao vivo com ele em materiais extras de “Beyond the Lighted Stage” e do ao vivo “Time Machine 2011: Live in Cleveland”.
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Para mim foi o melhor álbum do Rush.