Jason Newsted deixou o Metallica, no ano de 2001, em meio a diversos conflitos internos. O principal ponto de discordância foi a iniciativa do baixista em criar um projeto paralelo, o Echobrain, algo vetado pelo baterista Lars Ulrich e especialmente pelo frontman James Hetfield.
Duas décadas depois, Ulrich refletiu, durante bate-papo com o Apple Music (via Blabbermouth), sobre os vinte anos da saída de Newsted do Metallica. Envolvido em outros projetos e com sua criatividade sempre cerceada pelos cabeças da banda, o músico se retirou surpreendendo a todos.
“Jason estava em um lugar totalmente diferente de onde estávamos. Aconteceu simplesmente porque era para ser assim. Se hoje Robert (Trujillo, atual baixista) chegasse e falasse que ia sair, lutaríamos para que ele ficasse. Não fizemos o mesmo daquela vez.”
Admitindo ressentimentos com a atitude do ex-colega, Lars admitiu ter revisto sua posição com o passar do tempo.
“Se você analisar, Jason foi o único membro a sair do Metallica por vontade própria. É um fato, basta pesquisar. Ficamos bravos, sentíamos que ele não podia fazer aquilo a não ser se nós quiséssemos que fosse embora. Não estávamos preparados para compreender seus motivos. Hoje, vinte anos depois, percebemos que fazia completo sentido de acordo com a visão dele.”
Jason Newsted, Echobrain e Metallica
À época, Jason Newsted estava envolvido com o Echobrain, projeto que lançou um disco em 2002. O escape criativo o fez enxergar sua função na banda de forma diferente, conforme destacado por Lars Ulrich.
“James e eu compomos as músicas e tomamos as decisões no Metallica. Ninguém mais tem essa liberdade. De repente, ele fez algo que deu satisfação e uma voz perante o mundo. Ficamos bravos e isso causou ressentimentos que o levaram a sair. Parece caso psiquiátrico, mas realmente não estávamos preparados para encarar isso.”
Mesmo assim, o saldo final da parceria é positivo para todos quando a situação é analisada de forma ampla pelo baterista.
“Jason nos dedicou 14 anos de sua vida. Todos os dias, todas as performances, sempre estava pronto. Chegávamos a brincar que ele precisava pegar leve, pois vivia preparado. Era o primeiro a chegar e o último a ir embora. Ficava para dar autógrafos quando tínhamos ido embora. Hoje estou pronto para reconhecer e agradecer por tudo isso. No relançamento recente do ‘Black Album’ ele se envolveu integralmente, incluindo na parte de conceder entrevistas e fazer o vídeo do unboxing. Foi muito gentil de sua parte.”