Jaco Pastorius foi um dos maiores músicos da história do baixo, sendo referência para qualquer estudante do instrumento, em todos os estilos. Tão certo quanto isso é o fato de que os últimos anos da vida do artista foram problemáticos, o que levou à sua morte, em 21 de setembro de 1987, aos 35 anos, de forma brutal e evitável.
Genial como músico, Pastorius fez história nas décadas de 70 e 80 como um dos grandes baixistas de jazz fusion. Iniciou sua trajetória como artista solo, tendo gravado um álbum, “Jaco Pastorius” (1976), com participações de Wayne Shorter, Herbie Hancock, Michael e Randy Brecker, entre vários outros nomes, além de um disco, “Jaco” (1974), com Pat Metheny.
A carreira decolou de vez ao lado do Weather Report, onde fez história dentro do fusion e expandiu ainda mais seu leque artístico. Acabou deixando a banda em 1982, muito devido a seu comportamento errático, envolvendo vícios e brigas.
Posteriormente, envolveu-se com o Word of Mouth, além de trabalhar com Randy Bernsen, Bob Mintzer, Jimmy Cliff e por aí vai. Vale destacar que antes mesmo de deixar o Weather Report, Pastorius gravou com Joni Mitchell, Airto Moreira, Flora Purim, Ian Hunter, entre outros.
Ao mesmo tempo, ele era uma pessoa complicada para se conviver e trabalhar. Muito provavelmente, o artista sofria de distúrbios psiquiátricos, que eram agravados pelo consumo de álcool e drogas.
Todo esse contexto o levou a ser dispensado de vários trabalhos no âmbito musical, bem como situações pessoais complicadas, especialmente em seus últimos anos de vida. Frequentemente, o baixista se envolvia em brigas.
Na noite de 11 de setembro de 1987, dez dias antes de seu falecimento, não foi diferente.
Invasão no show do Santana e a última briga
Naquela ocasião, Jaco Pastorius havia conseguido ingressos para um show da banda do guitarrista Carlos Santana, tendo garantido a entrada também de sua ex-companheira, Terry Nagell, e o novo namorado dela. Nervoso com a situação, o músico bebeu além da conta, como de costume, e chegou a invadir o palco de Santana, posicionando-se atrás do baixista, antes de ser retirado pela segurança.
Ainda naquela noite, ele, perturbado e muito alcoolizado, ainda discutiria com Terry pelo telefone. Em seguida, rumou para outra casa noturna – agora, para o Midnight Bottle Club, em Wilton Manors, nas proximidades de Fort Lauderdale, Florida, onde o baixista cresceu e viveu boa parte da vida.
Chegando lá, Pastorius, bem alterado, não buscava nada além de confusão. Ao ter sua entrada negada, por estar visivelmente alcoolizado, ele chutou e quebrou uma porta de vidro, o que resultou em uma briga.
O responsável por contê-lo foi Luc Havan, um imigrante vietnamita de 25 anos que trabalhava como segurança do bar e era especialista em várias artes marciais. O baixista, de estatura alta, mas fraco e fora de si, acabou levando a pior.
O ataque e a morte de Jaco Pastorius
Luc Havan atacou Jaco Pastorius com tamanha violência que o músico perdeu a consciência, entrando em um coma profundo. Ele sofreu traumatismo craniano, diversas fraturas e escoriações na face, cabeça e outras partes.
Foi necessário hospitalizá-lo de imediato, com um período de internação de 10 dias que, infelizmente, levou a um destino trágico. Em alguns momentos, o músico chegou a iniciar um processo de melhora, mas uma hemorragia interna acabou causando morte cerebral.
Os aparelhos de suporte à vida de Jaco Pastorius foram desligados em 21 de setembro de 1987. Seu coração permaneceu ativo por mais 3 horas antes de parar.
Foi assim, de forma abrupta, que morreu um dos músicos mais lendários de sua geração, considerado até hoje como um dos maiores baixistas – se não o maior – de todos os tempos.
À justiça, Luc Havan confessou ter atacado o músico. O segurança foi condenado a 22 meses de prisão, com mais 5 de probatório, mas acabou liberado depois de 4 meses por bom comportamento.
Embora o ataque tenha sido extremamente violento, a família de Jaco Pastorius reconhece que se não fosse pelas mãos de Havan, o músico teria morrido de outra forma se não tivesse parado seu comportamento destrutivo.
* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta e edição geral por Igor Miranda; redação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.
Excelentes e ponderados comentários, obrigado! Nosso grande Pastorius era maior que ele mesmo e não se continha. Uma enorme tristeza. Droga e álcool em excesso…