Joni Mitchelle entrou em outro patamar em sua carreira com seu quarto álbum de estúdio, “Blue” (1971). Todavia, nem sempre o trabalho foi reconhecido como é hoje.
Composto de maneira bem pessoal, com letras inspiradas em alguns relacionamentos de Mitchell, o disco foi criticado por ser muito “expositivo” em relação aos sentimentos dela. A visão era compartilhada por muitos dos homens que tiveram acesso ao material na época.
Foi o que ela disse em recente entrevista ao jornal L.A. Times, para celebrar os 50 anos do lançamento de “Blue”. A artista chega a comparar o choque com que o trabalho foi recebido com a reação da crítica na época em que Bob Dylan passou a usar guitarra nos shows – só que, no caso de Joni, o “susto” não era com o som, mas, sim, com a mensagem das letras, todas compostas pela artista, que também assina a produção do material.
“A maior parte do feedback que recebi foi de que eu tinha ido longe demais e estava me expondo muito. Eu não podia falar do que tinha criado, realmente. A resposta inicial que tive foi crítica, especialmente de cantores/compositores homens. Foi como Dylan usando guitarra elétrica. Eles ficaram assustados. Tipo: isso é contagioso? Teremos que ser honestos assim agora? Era isso que os meninos me diziam. ‘Guarde um pouco de você, Joni. Ninguém nunca vai fazer covers dessas músicas. Elas são muito pessoais.’”
O motive do choque com “Blue”
Quando escreveu a maioria das canções de “Blue”, Joni Mitchell tinha acabado de terminar um relacionamento complicado com Graham Nash, integrante do trio Crosby, Stills & Nash.
Eles, que ficaram juntos entre 1968 e 1970, terminaram por carta enquanto ela fazia uma viagem pela Europa. O fim do relacionamento inspirou músicas como “My Old Man” e “River”.
Já na época das gravações do disco, Joni estava no meio de um rápido, mas intenso relacionamento com o cantor James Taylor. O músico chegou a gravar as guitarras de algumas faixas do trabalho.
A insegurança dela ao lado de alguém que estava começando a se tornar muito famoso, além de outros detalhes como o vício de Taylor em heroína, serviram como pano de fundo para composições como “This Flight Tonight”, “All I Want” e a faixa-título.
Mitchell e Taylor terminaram a relação poucos meses antes do lançamento de “Blue”, devido a atritos causados pelo auge meteórico na popularidade do cantor. O fim repentino também teria colaborado para a aura introspectiva que Joni coloca no álbum, algo que realmente chama a atenção do ouvinte.
O sucesso de Joni Mitchell
Os colegas não gostaram tanto de “Blue”. Não importa: o álbum estourou em vendas na época e tornou-se um clássico atemporal do folk rock americano.
O álbum alcançou o 3º lugar no Reino Unido, com direito a disco de platina dupla. Conseguiu ainda um 9º lugar no Canadá e um bom 15º nos Estados Unidos, além da 24ª colocação na Noruega. O principal single foi “Carey”, que entrou no Top 100 da Billboard, no 93º lugar.
O sucesso foi tão grande que Joni, até então afastada dos palcos, decidiu voltar a fazer shows. Com o tempo, o legado do álbum só se reforçou. Cinco décadas depois, ainda soa como um trabalho contemporâneo, que estabeleceu bases para influenciar muitos outros artistas.
“Blue” é uma presença quase certa em diversas listas de maiores álbuns de todos os tempos. Com justiça.
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