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Blues Pills sai da bolha retrô e se supera em Holy Moly!, ouça e leia resenha

O Blues Pills lança seu novo álbum, 'Holy Moly!', que tem edição nacional em CD pela Shinigami Records. É o terceiro trabalho de estúdio da banda sueca.

O Blues Pills lança, nesta sexta-feira (21), seu terceiro álbum de estúdio. Intitulado ‘Holy Moly!’, o disco chega a público por meio da Nuclear Blast, com edição nacional em CD pela Shinigami Records.

‘Holy Moly!’ foi gravado no estúdio próprio da banda, o Blues Pills Studio, com mixagem de Andrew Scheps (Red Hot Chili Peppers, Rival Sons, Black Sabbath). A capa é de Daria Hlazatova.

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Em nota, a banda afirma que ‘Holy Moly!’ é um álbum do qual seus integrantes terão orgulho “até depois da morte”. “Essas músicas vêm de um período obscuro de nossas vidas. Perdas, raiva, ansiedade, tristeza e mudanças. Endossamos cada nota e cada composição”, diz.

Ouça abaixo, via Spotify. Uma resenha com minha opinião sobre o disco está disponível a seguir.

Blues Pills sai da bolha retrô e se supera em Holy Moly!

Ao menos em minha visão, o Blues Pills estava com uma certa dívida com os fãs. Apesar da boa recepção em mercados como Alemanha (1° lugar nas paradas) e Suíça (2°), o álbum ‘Lady in Gold’ (2016), segundo da banda, não traz a mesma pegada e inspiração do primeiro, autointitulado, de 2014.

O grupo passou por mudanças na formação – o guitarrista Dorian Sorriaux saiu, o baixista Zack Anderson assumiu as seis cordas e sua vaga foi preenchida por Kristoffer Schander – e, no fim das contas, levou quatro anos para lançar ‘Holy Moly!’, mas o álbum chegou a público. E que álbum.

Além do repertório mais inspirado que o de ‘Lady in Gold’, ‘Holy Moly!’ traz um elemento sonoro que nem o bom disco de estreia havia trazido: boa qualidade de gravação. O som deixou de ser abafado, naquela tentativa de parecer retrô ao abrir mão de timbragens mais cristalinas. Agora, ouve-se tudo com clareza.

A performance de cada integrante também faz a diferença. A vocalista Elin Larsson é uma força da natureza e segue incontestável, embora pareça estar ainda melhor neste álbum. O trio instrumental, por sua vez, mostra bem suas credenciais. Zack Anderson não só demonstra técnica na guitarra, como se saiu bem na função de co-autor das canções ao lado de Larsson. André Kvarnström é um baterista ainda melhor que seu antecessor, Cory Berry, que gravou o primeiro álbum, enquanto Kristoffer Schander cumpre bem a função e fecha o time.

O Blues Pills precisava de tudo isso para despontar de vez. E logo na abertura, ‘Proud Woman’, a diferença para esse novo trabalho em comparação aos outros fica evidente. Precedida por um discurso de uma manifestante que pede direitos iguais entre homens e mulheres, a faixa é um digno rock de arena na veia retrô que o grupo sueco faz com tanta competência. ‘Low Road’, na sequência, coloca o pé no acelerador, o que cria ambiente para a bateria de Kvarnström brilhar.

‘Dreaming My Life Away’, a mais curta do álbum, é um heavy rock legítimo. Comprime e entrega um clima caótico com precisão. Duas das melhores faixas estão logo adiante: ‘California’, uma balada soul com ganchos melódicos envolventes e um show nos vocais, e ‘Rhythm in the Blood’, conduzida por uma levada de bateria que impressiona por sair do lugar comum.

Seria um crime para uma banda reconhecidamente retrô soar mais contemporânea? Se for para produzir uma música como ‘Dust’, de forma alguma. Sua pegada soturna e quase alternativa é irresistível. O conceito “atual” se repete em ‘Wish I’d Known’, baladinha muito influenciada pelo soul e gospel, mas com um groove típico de produções modernas. Em meio a essas duas, há ‘Kiss My Past Goodbye’, que não foi lançada como single à toa: é um hard rock grudento e bem formatado.

O álbum não perde o fôlego nem em suas faixas finais, que são mais lentas e até experimentais. ‘Bye Bye Birdy’, por exemplo, parte do início meio blues, meio garage, para uma quebradeira que nos transporta para a primeira fila de um show de som pesado e lisérgico. A melancólica ‘Song from a Mourning Dove’ volta a evidenciar toda a qualidade de Elin Larsson, que vai de falsetes delicados ao vozeirão costumeiro. ‘Longest Lasting Friend’ fecha a conta de forma pouco convencional: apenas voz, novamente com show à parte de Larsson, e uma guitarra leve, mas repleta de efeitos.

Além dos êxitos já mencionados, ‘Holy Moly!’ acerta ao romper a barreira do heavy rock “retrô porque sim”. O álbum tem proposta. Tem início, meio e fim. As músicas são boas e não soam parecidas umas com as outras, nem replicam fórmulas pré-estabelecidas. O que mais empolga é que dá vontade de apresentar esse disco para outras pessoas, enquanto que os outros dois parecem estar predestinados a nichos.

A expectativa é que ‘Holy Moly!’ não só repita a aceitação dos trabalhos anteriores, como amplifique o som do Blues Pills para mais e mais pessoas. Por um lado, é uma pena que um álbum tão bom saia em um momento tão complicado, onde nenhuma banda pode sair em uma turnê de divulgação. Por outro, é um alento poder ouvir algo tão bom em um período como esse.

Elin Larsson (vocal)
Zack Anderson (guitarra)
André Kvarnström (bateria)
Kristoffer Schander (baixo)

1. Proud Woman
2. Low Road
3. Dreaming My Life Away
4. California
5. Rhythm In The Blood
6. Dust
7. Kiss My Past Goodbye
8. Wish I’d Known
9. Bye Bye Birdy
10. Song From A Mourning Dove
11. Longest Lasting Friend

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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