A Billboard divulgou quais os álbuns de rock mais vendidos nos Estados Unidos, principal mercado fonográfico do mundo, no primeiro semestre de 2020. As informações chamam atenção em um ponto, de certa forma, negativo para quem busca algo realmente novo nesse cenário.
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Os cinco discos de rock mais vendidos no primeiro semestre de 2020 são, basicamente, coletâneas. Veja o ranking com o número de vendas de cada trabalho, considerando streaming e downloads digitais (lembrando que é preciso ter 1,5 mil streams ou 10 downloads pagos para equivaler a uma cópia de álbum).
1. Queen – ‘Greatest Hits’ (1981) – 448 mil cópias
2. Elton John – ‘Diamonds’ (2017) – 372 mil cópias
3. Creedence Clearwater Revival – ‘Chronicle Vol. 1’ (1976) – 299 mil cópias
4. Journey – ‘Greatest Hits’ (1988) – 273 mil cópias
5. Fleetwood Mac – ‘Rumours’ (1977) – 265 mil cópias
Há quem possa dizer que artistas grandes não lançaram bons trabalhos neste ano, ou mesmo que a pandemia pode ter afetado. Ok, o novo coronavírus realmente provocou um caos em todos os segmentos do mercado musical, mas não é só isso. Existe um grande movimento saudosista em torno do rock e seus subgêneros há anos – e ganha cada vez mais força.
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Em seu relatório, a Billboard aponta que diversos novos álbuns de rock e até heavy metal conseguiram estrear em posições altas nas paradas americanas. Entre eles, foram citados ‘Ordinary Man’, de Ozzy Osbourne; ‘Gigaton‘, de Pearl Jam; ‘Father of All…‘, do Green Day; ‘F8‘, do Five Finger Death Punch, e ‘Rough and Rowdy Ways‘, do Bob Dylan (este último, já em junho, dificilmente entraria em qualquer ranking do primeiro semestre).
Outro ponto de atenção está na lista dos cinco artistas de rock que mais venderam no primeiro semestre de 2020. Apenas um deles, o Imagine Dragons, surgiu no século 21 – e não chega a ser exatamente rock. Os demais são bandas antigas e, em alguns casos, até mesmo com atividades já encerradas.
1. Beatles – 1,094 milhão de cópias
2. Queen – 768 mil cópias
3. Imagine Dragons – 593 mil cópias
4. Fleetwood Mac – 565 mil cópias
5. Metallica – 551 mil cópias
Os dados reafirmam aquilo que todos sabemos desde sempre: os Beatles são gigantes. A clássica banda de rock e o BTS foram os únicos grupos a vender mais de um milhão de cópias nos Estados Unidos durante o primeiro semestre de 2020. Os outros que conquistaram esse feito, como Dua Lipa e Luke Combs, são artistas solo.
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O grupo de k-pop chegou a essa marca no embalo de seu novo álbum, ‘Map of the Soul: 7’, enquanto que o Fab Four adquire tais recordes, no geral, com relançamentos de materiais antigos.
O comportamento saudosista se repete nas listas de músicas mais tocadas nas rádios americanas e mais reproduzidas ou compradas diretamente pelo público.
As músicas mais tocadas nas rádios dos EUA:
1. Panic! at the Disco – ‘High Hopes’ (750 milhões em audiência, com 217 mil reproduções)
2. Journey – ‘Don’t Stop Believin” (413,1 milhões em audiência, com 73 mil reproduções)
3. Bon Jovi – ‘Livin’ on a Prayer’ (379 milhões em audiência, com 72 mil reproduções)
4. The Police – ‘Every Breath You Take’ (350,6 milhões em audiência, com 61 mil reproduções)
5. Phil Collins – ‘In the Air Tonight’ (348,1 milhões em audiência, com 57 mil reproduções)
As músicas mais reproduzidas ou compradas pelo público:
1. Imagine Dragons – ‘Believer’ (793 mil)
2. Journey – ‘Don’t Stop Believin” (731 mil)
3. Queen – ‘Bohemian Rhapsody’ (680 mil)
4. Panic! at the Disco – ‘High Hopes’ (656 mil)
5. Eagles – ‘Hotel California’ (618 mil)
Os números são mais generosos nos rankings do pop e do R&B, mas o country americano começa a adotar o mesmo perfil do rock: marcas mais baixas e um olhar mais carinhoso para artistas consolidados há anos.
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No ranking de álbuns gerais, considerando apenas trabalhos de inéditas, parece existir uma luz no fim do túnel: ‘Fine Line‘ (2019), de Harry Styles, ficou em 10° lugar, com 166 mil cópias vendidas neste ano. Desde o fim do One Direction, Styles aposta em uma carreira solo bastante influenciada pelo rock, ainda que em uma veia bem retrô, com influências de, veja só, Elton John e Fleetwood Mac.
Ainda que não seja seguro confiar no ex-One Direction para mobilizar novos fãs de rock com material realmente inédito, trata-se de uma das várias saídas que podem ser encontradas para o estilo voltar a, pelo menos, não ter só coletâneas entre seus best-sellers anuais.
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