O produtor Ted Templeman não queria David Lee Roth como vocalista do Van Halen. Logo nos primórdios da banda, na década de 1970, ele pensou em trazer um cantor de performance mais forte na visão dele, como Sammy Hagar – à época, conhecido pelo trabalho com o Montrose.
A história não é nova, embora tenha sido contada de formas diferentes ao longo dos anos. Agora, o caso ganha contornos “definitivos”, já que Ted Templeman resolveu dar sua versão em sua biografia, ‘Ted Templeman: A Platinum Producer’s Life In Music’, escrita pelo jornalista Greg Renoff.
Templeman já era um produtor famoso na década de 1970, pois já havia trabalhado com nomes como The Doobie Brothers, Van Morrison, Captain Beefherat, Carly Simon e o próprio Montrose. Porém, sua vida mudou em 1977, após assistir a um show do Van Halen no Starwood, casa de eventos em Los Angeles, Estados Unidos.
– Leia também: David Lee Roth explica a diferença entre Sammy Hagar e ele no Van Halen
“Logo de cara, Eddie Van Halen me envolveu de jeito naquele show. É estranho falar, mas foi como me apaixonar por uma garota no primeiro encontro. Eu já havia visto Miles Davis, Dave Brubeck, Dizzy Gillespie, mas Ed era um dos melhores. Sua escolha de notas me lembrava do saxofonista Charlie Parker. Os dois melhores para mim eram Parker e o pianista de jazz Art Tatum. Agora, havia o terceiro”, contou, inicialmente.
Depois do show, o produtor encarou uma chuva e saiu à procura de telefones públicos (os famosos “orelhões”) para falar com Donn Landee, braço-direito no estúdio. “Fiquei tão empolgado que nem dormi direito naquela noite. Ao amanhecer, liguei para Mo Ostin, CEO da Warner Bros Records, e pedi para ele desmarcar toda a agenda para assistir ao show. Eu poderia ter falado com Lenny Waronker, chefe do A&R da Warner, mas eu sabia que Mo, diferentemente de Lenny, era fã de heavy metal. Mo era fã de The Who e contratou The Kinks e Jimi Hendrix”, afirmou.
– Leia também: Por que o Black Sabbath não curtiu fazer turnês com Van Halen e Kiss
Ted Templeman não era bobo: sabia que precisava mobilizar logo a Warner para contratar o Van Halen, caso contrário, outra gravadora faria o serviço. Os dois foram ao novo show com Russ Titelman, vice-presidente da Warner Music, e ficaram impressionados. “O som de Ed me impressionou. Eles tocaram ‘You Really Got Me’ e sabia que aquela música do Kinks iria conquistar Mo”, disse.
Porém, Ted percebeu que algo na banda não o agradava: o vocalista, David Lee Roth. “Como performer e cantor, ele me decepcionou. A presença de palco dele era estranha e ele não cantava tão bem. Isso tirou um pouco da minha confiança com relação a Mo, que poderia não curtir por causa das palhaçadas do vocalista. Eu também pensava: o que vou fazer com essa banda se nós a contratarmos e o vocalista não aguentar a pressão? Poderia transformar o guitarrista em artista solo”, afirmou.
– Leia também: Billy Sheehan diz que foi chamado 3 vezes para fazer parte do Van Halen
Foi aí que Templeman pensou em Sammy Hagar. “Eu me vi pensando em dispensar o vocalista por um cantor mais forte, como Sammy Hagar, do Montrose. Pensei: ‘cara, esse seria o vocalista perfeito para o Van Halen'”, disse. Porém, esse plano jamais foi colocado em prática.
Quis o destino que Sammy Hagar acabasse ocupando a vaga de David Lee Roth – só que quase uma década depois. Antes disso, claro, Roth gravou seis álbuns com o Van Halen, incluindo os dois trabalhos de maior sucesso da banda: o debut autointitulado, de 1978, e “1984”, seu último até “A Different Kind of Truth”, em 2012.
– Sammy Hagar diz que foi cogitado para entrar no Van Halen em 1978
Hagar, por sua vez, se juntou ao Van Halen em 1985 e gravou quatro álbuns com a banda. Os registros também fizeram muito sucesso e se destacaram por singles como “When It’s Love”, “Why Can’t This Be Love” e “Can’t Stop Lovin’ You”, alguns dos maiores êxitos comerciais do grupo.
Templeman foi o produtor de vários álbuns do Van Halen. Além de todos os discos com David Lee Roth até “1984”), ele trabalhou em “For Unlawful Carnal Knowledge” (1991) – neste, em parceria com Andy Johns. Ele também comandou as gravações de “Crazy From The Heat” (1985) e “Eat ‘Em And Smile” (1986), da carreira solo de Roth. Curiosamente, Ted passou bem mais tempo com DLR do que com Sammy Hagar.
– Resenha: ‘Balance’, o álbum da interrompida transição do Van Halen
Parabéns mas faltou mais conteúdo, a matéria do Black Sabbath foi mais contagiante.