O vocalista Robert Plant revelou, em seu novo podcast “Digging Deep”, sobre o caminho que sua carreira tomou ao longo do tempo. O cantor disse que planejava deixar o rock e trabalhar na world music bem antes do fim de sua banda, o Led Zeppelin, em 1980.
Plant destacou que ainda estava “fascinado” pelo poder e potencial do Led Zeppelin enquanto força criativa. No entanto, ele afirmou que estava cada vez mais próximo da world music.
“Acho que o glorioso confinamento de estar em uma banda de quatro integrantes por um longo período… era magnífico às vezes, mas a ideia própria de trabalhar com qualquer outra pessoa e descobrir outro ângulo musical… não estava nas cartas”, afirmou, inicialmente.
O cantor disse que o Led Zeppelin queria se apresentar sempre como “uma unidade”. “Conforme o tempo foi passando a partir de 1975 ou 1976, comecei a sentir… sabe, havia muito da música do norte da África que me intrigava naquele momento, desde minha primeira viagem para o Marrocos em 1972. Eu sabia que havia a possibilidade de trabalhar em muitas áreas diferentes”, pontuou.
– Led Zeppelin quase fez turnê pelo Brasil em 1975
Mesmo com Bonzo
A declaração de Robert Plant volta a indicar que o fim do Led Zeppelin não ocorreu somente pela morte do baterista John Bonham, em 1980. Tudo aponta para um eventual rompimento da banda mesmo se o icônico percussionista não tivesse falecido naquele momento.
Não à toa, Robert Plant passou as últimas duas décadas distante do rock, explorando gêneros diferentes. Seu álbum mais recente, “Carry Fire” (2017), por exemplo, é totalmente influenciado pela world music. Outros registros flertam com o blues, o country e com a americana.
‘Só macho’
Em entrevista concedida ao canal de YouTube “House Of Strombo”, em 2018, Robert Plant já havia falado sobre a mudança de direcionamento em sua carreira. Ele contou que desejou largar o rock de vez após um episódio curioso ao lado do guitarrista Jimmy Page, já em 2000: notou que a plateia de um show com o amigo era composta somente por “homens levantando punhos no ar”.
Segundo Plant, a mudança “se desenvolveu até o ano 2000, quando Jimmy Page e eu viajamos ao redor do mundo com uma orquestra egípcia”. “Chegou a um ponto em uma noite em Mannheim, na Alemanha, onde estávamos tocando dentro de um grande cubo de concreto para uma enorme audiência de homens levantando seus punhos para o ar. Eu pensei: ‘bem, não acho que nós precisamos mais disso, é hora de sair com o ônibus rapidamente'”, afirmou.
Plant destacou que o “nós” em seu pensamento se referia às “muitas miríades” dele mesmo”. E relatou outro evento que fez mudar sua perspectiva de carreira. “Chegamos a Paris e fizemos um show no 50° aniversário da Declaração dos Direitos Humanos. Foi um projeto de lei insignificante. Estavam o Radiohead em seus primórdios, Bruce Springsteen acústico, Peter Gabriel acústico e Dalai Lama. […] Vi o guitarrista no Radiohead e na hora de um solo, ele apenas se ajoelhava e mexia nos pedais… pensei: ‘bem, isso é muito diferente do mundo em que estive, de gestual expressivo’. Percebi que era hora de mudar. Então, comecei a escrever”, disse.
Desde então, os discos solo de Robert Plant passaram a explorar outros estilos fora do espectro do rock.