O Rammstein, enfim, lançou o seu novo álbum, autointitulado “Rammstein”. O disco chega a público, nas plataformas digitais, por meio da Universal Music.
O novo trabalho sucede “Liebe Ist Für Alle Da”, de 2009 – ou seja, é o primeiro registro de estúdio do Rammstein em 10 anos. A produção ficou a cargo de Olsen Involtini e da própria banda. A mixagem é assinada por Rich Costey (Rage Against The Machine, Muse).
Ouça “Rammstein” no player a seguir, via Spotify:
O clipe de “Deutschland” foi divulgado como a primeira prévia do álbum. Como era de se esperar, o vídeo gerou polêmica – algo recorrente na carreira do Rammstein.
Felix Klein, da comissão de antissemitismo do governo da Alemanha, afirmou ao jornal “Bild” que a banda “cruzou uma linha vermelha” ao fazer “uma exploração insípida da liberdade artística”. A líder de um grupo judeu Charlotte Knobloch disse, por sua vez, que “é irresponsável instrumentalizar e tratar o Holocausto como algo trivial”.
Os comentários foram feitos com base apenas no teaser, divulgado dias antes do clipe ser revelado por completo. Tanto o vídeo quanto a letra da música ironizam o discurso supremacista que a Alemanha já pregou em outros momentos da história e que o roteiro não cita apenas o regime nazista, como, também, outros fatos anteriores e posteriores ao governo de Adolf Hitler.
Assista ao clipe de “Deutschland”:
Menos metal
A audição integral do álbum “Rammstein” chama a atenção por um detalhe: a banda está cada vez mais distante do metal que a consagrou nos trabalhos anteriores. A sonoridade segue pesada e obscura, porém, de outros modos.
Apesar da faixa “Deutschland” obedecer ao “padrão Rammstein” de outros tempos, a partir da segunda faixa, “Radio”, é possível notar que o grupo aposta mais em uma pegada híbrida industrial-dance. O groove dançante e a ideia de “festa decadente” se prolonga por várias músicas do álbum.
Vejo a mudança de forma positiva, já que não dá para alguém ficar uma década sem lançar um álbum e, ao voltar, apostar no mesmo som de antes. As mudanças de pensamento e até de gostos que uma pessoa pode passar em 10 anos são infinitas.
Em entrevista ao Consequence of Sound, ainda em 2018, o guitarrista Richard Kruspe já havia revelado que não queria o Rammstein se repetindo. Ele afirmou que gostaria da banda sendo lembrada por sua música, não pelo visual.
“Acho que será um álbum com certo tipo de potencial ainda não conquistado pelo Rammstein. Uma das razões para voltar a gravar com o Rammstein é para equilibrar a popularidade da banda como uma atração ao vivo na música atual. Com o Rammstein, as pessoas tendem a falar dos fogos e das coisas de shows. Eu penso: não quero ser como outro Kiss, onde as pessoas falam da maquiagem e coisas do tipo, mas ninguém fala da música”, pontuou, na ocasião.
Apesar da declaração pretensiosa, é interessante ver uma banda como o Rammstein, que está entre as mais importantes do metal nas últimas décadas, explorando sonoridades diferentes a essa altura do campeonato. Mostra que os integrantes estão dispostos a se reinventarem e mostrarem algo diferente do trivial.
Veja, abaixo, a capa e a tracklist do álbum:
01. Deutschland (05:26)
02. Radio (04:37)
03. Zeig Dich (04:16)
04. Ausländer (03:52)
05. Sex (03:56)
06. Puppe (04:33)
07. Was Ich Liebe (04:30)
08. Diamant (02:33)
09. Weit Weg (04:19)
10. Tattoo (04:10)
11. Hallomann (04:09)