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Roger Waters fala sobre Lula, Bolsonaro e suposta ameaça de prisão no Brasil

O músico Roger Waters, ex-Pink Floyd, falou sobre a sua recente turnê pelo Brasil em entrevista ao site Brooklyn Vegan. O giro pelo país aconteceu no mês de outubro e gerou polêmica pelo show de tom político, com críticas ao então candidato à presidente Jair Bolsonaro, e depoimentos bem opinativos à imprensa em meio às eleições.

Waters comentou sobre o Brasil após ter sido perguntado a respeito de seu envolvimento com o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que pratica boicote contra Israel. A campanha pede o “fim da ocupação dos territórios da Palestina, igualdade de direitos para os árabes em Israel e respeito ao direito de retorno dos refugiados palestinos”, de acordo com suas lideranças.

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Ao ser questionado se passou por experiências semelhantes às que teve com o BDS, Roger Waters citou o Brasil. “No exterior, ameaçaram me jogar na prisão no Brasil porque eu estava me intrometendo nas eleições deles, ao me juntar ao movimento #EleNão – que fracassou. Você conhece que Bolsonaro, o fascista Bolsonaro, foi eleito apesar da resistência a ele. Quis visitar Lula quando fomos ao sul, onde ele está preso, e o juiz local me negou essa possibilidade. Era um momento muito sensível, próximo das eleições”, afirmou, inicialmente.

Na verdade, a suposta ameaça de prisão cita o fato de ele ter se manifestado politicamente, para um público amplo, em meio à corrida eleitoral de 2018. Antes de um show que faria em Curitiba, um dia antes do segundo turno de votação, Waters chegou a ser alertado pela Justiça Eleitoral do Paraná que não poderia apresentar nada de tom político direto após às 22h da data em questão. Faltando 30 segundos para o horário, o telão do palco exibiu a seguinte mensagem: “Essa é a nossa última chance de resistir ao fascismo antes de domingo. #EleNão. São 10 horas. Obedeçam a lei”.

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Em seguida, Waters disse que “a única razão para Lula estar preso é porque ele venceria as eleições com enorme facilidade se pudesse concorrer, o que não lhe foi permitido, porque o prenderam sob falsas acusações de corrupção”. “As pessoas dizem que é outro político corrupto, mas ele não é. Ele está na prisão por acusações forjadas colocadas lá pelos poderosos no Brasil”, disse.

Após falar sobre seu envolvimento com causas na França e outros tópicos mais específicos do movimento BDS, Roger Waters voltou a mencionar o Brasil ao ser perguntado se houve algum protesto violento após ter se posicionado a respeito das eleições e se sentiu algum perigo contra sua vida.

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“Meus seguranças tentaram me fazer mudar de hotel, não ficar no Rio de Janeiro e blá-blá-blá. Eu falei: ‘não vou mudar de hotel, entendo que vocês são profissionais e estão fazendo seus trabalhos, mas não vou fazer isso'”, afirmou Waters.

O músico contou, ainda, que já foi avisado sobre riscos à sua segurança há alguns anos, quando estava em Nova York. “Tive um encontro com um homem que trabalha em uma grande empresa de segurança internacional e exercia um grande cargo na CIA por muitos anos. Queria dizer o nome dele, mas não vou falar. Enfim, ele tentou me convencer de que é melhor ser Martin Luther King do que Malcolm X e se eu poderia mover um pouco mais a minha política para o centro. Ele praticamente sugeriu que eu era um suicida e disse que não queria ver nada de ruim acontecendo comigo. Eu argumentei gentilmente, mas pensei: ‘estou sendo ameaçado pela CIA em minha própria casa'”, disse.

O ex-Pink Floyd mencionou, ainda, que sente mais medo de ser morto por um fã maluco, como Mark David Chapman – o assassino de John Lennon – do que pelo governo. “Sei que se o Mossad (serviço secreto de Israel) quiser me matar, eles fariam issoa gora mesmo. Sei que estou realmente no radar deles, que devem me achar muito irritante. Sou uma pedra no sapato deles. E acho que eles me matariam se isso resolvesse o problema, porque eles têm pouco respeito pela vida humana. Porém, são os Mark Chapmans desse mundo que preocupam mais”, afirmou.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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