Seria ‘Born Again’, 11° disco da carreira do Black Sabbath, um “clássico injustiçado”? O álbum teria tudo para ser um sucesso, já que aliava o vocalista Ian Gillan (Deep Purple) aos músicos do Sabbath, mas o disco é mais lembrado pela péssima qualidade da gravação do que por suas boas músicas.
Inicialmente, o guitarrista Tony Iommi queria que David Coverdale (Whitesnake) entrasse para o Black Sabbath, que havia perdido Ronnie James Dio em meio a brigas. Todavia, Coverdale já estava bem ocupado com sua própria banda, que se tornava cada vez mais popular.
Dessa forma, Ian Gillan foi convocado após uma conversa “alegre” em um bar com Iommi e o baixista Geezer Butler, visto que as coisas não estavam bem nem para o Sabbath – que, além de Dio, já não contava mais com Vinny Appice -, nem para Ian Gillan, que não conseguiu convencer com sua carreira solo. O trio se uniu e, para completar a formação, Bill Ward foi chamado para retornar ao Sabbath.
“Born Again” foi lançado em 7 de agosto de 1983 e as vendas impressionaram de início, devido à curiosa união entre Gillan e Sabbath. O disco chegou ao 4° lugar das paradas britânicas e 39° nos charts dos Estados Unidos. Contudo, o álbum entrou em queda livre nos rankings e as críticas vieram em peso ao registro.
Os comentários negativos a respeito de “Born Again” fazem menção à qualidade da gravação, que não corresponde ao padrão de produções passadas do Black Sabbath. A sonoridade abafada e saturada fez com que boas músicas se perdessem. O cuidado que o grupo teve com o material foi tão tosco que até a capa apresenta sinais de amadorismo.
“Eu fiquei horrorizado com a mixagem”, contou Ian Gillan, em recente entrevista ao Loudwire. “Adorei as músicas, amo compor com Tony, ainda somos grandes amigos e ainda escrevemos juntos ocasionalmente. Peguei algumas trilhas do monitor em uma fita, as quais ainda tenho, e ainda soam incríveis. Então, ouvi a mixagem e a produção pela primeira vez. Era como se alguém colocasse um cobertor em cima de tudo”, destacou ele, que elencou um culpado: o baixista Geezer Butler, que foi escalado para supervisionar o trabalho de mixagem e masterização de Robin Black.
Além disso, a expectativa criada em torno de “Born Again”, principalmente por contar com a participação de Ian Gillan, fez com que a decepção fosse grande. Houve quem não gostasse dos vocais agudos do notório frontman do Deep Purple em meio ao som heavy do Black Sabbath.
Apesar dos “contras”, “Born Again” tem muitas virtudes. A performance de Ian Gillan é macabra – o que se encaixa perfeitamente à proposta. O restante da banda fez o que já estava habituado: som pesado focado nos riffs e num groove grosseiro.
Por incrível que pareça, a turnê que promovia “Born Again” – que não contou com Bill Ward, mas, sim, com Bev Bevan (ELO) – também não ajudou o Black Sabbath Sabbath: Ian Gillan não foi tão bem aceito pelos fãs mais saudosistas na época, já que seus vocais eram bem diferentes de seus antecessores, Dio e Ozzy Osbourne. A voz hard e estridente de Gillan não se encaixou da forma esperada nos clássicos heavy metal da banda. Ao fim da tour, o vocalista foi chamado para retornar ao Deep Purple e deixou o Sabbath.
“Born Again” não é um disco fácil de ser apreciado. A audição deve ser minuciosa. Caso seja ouvido com atenção, o álbum apresenta músicas incríveis, como as pauladas “Digital Bitch”, “Disturbing The Priest” e “Zero The Hero”, além da belíssima faixa título e das verdadeiras pérolas “Trashed” e “Hot Line”.
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Embora injustiçado, “Born Again” é considerado, por alguns, o melhor disco do Black Sabbath após a formação original. Entre essas pessoas, está Ozzy Osbourne. “‘Born Again’ é o que de melhor ouvi do Sabbath desde o fim da formação original”, disse o Madman, à revista Circus, em 1984.
Ian Gillan (vocal)
Tony Iommi (guitarra)
Geezer Butler (baixo)
Bill Ward (bateria)
Geoff Nicholls (teclados)
01. Trashed
02. Stonehenge
03. Disturbing The Priest
04. The Dark
05. Zero The Hero
06. Digital Bitch
07. Born Again
08. Hot Line
09. Keep It Warm