Os 15 anos de ‘St. Anger’, do Metallica – um disco que não é tão ruim assim

Metallica – “St. Anger”
Lançado em 5 de junho de 2003

Colocado em perspectiva com o restante da discografia, “St. Anger” é, certamente, o pior álbum do Metallica. Contudo, isso não quer dizer que seja um trabalho ruim.

- Advertisement -

De forma indireta, os eventos que culminaram em “St. Anger”, de 2003, tiveram início antes mesmo da virada de século. Os álbuns “Load” (1996) e “Reload” (1997) não agradaram tanto os fãs, embora canções como “Until It Sleeps” e “Fuel”, entre outras, tenham emplacado. Em 2000, a imagem da banda ficou mais arranhada após um processo movido contra o Napster, programa de compartilhamento de músicas, devido a uma versão demo de “I Disappear”, feita para a trilha sonora do filme “Missão: Impossível 2”, ter vazado por lá.

O Metlalica acabou muito criticado por se posicionar contra o download – que, na essência, é ilegal por não reverter renda para os criadores da obra, mas, para muitos (incluindo para o autor deste texto), não é imoral. E a situação ficou ainda pior após o baixista Jason Newsted ter saído da banda, em janeiro de 2001, por, supostamente, os demais integrantes – o vocalista e guitarrista James Hetfield, em especial – o terem proibido de lançar um disco com seu projeto paralelo, Echobrain.

O jornalista freelancer Rob Tannenbaum foi enviado pela revista “Playboy” para entrevistar o Metallica pouco antes de Jason Newsted ter saído da banda, ainda no ano 2000, e relatou nunca ter visto uma banda “tão briguenta e turbulenta” em toda a sua carreira na área. “A maioria das farpas era trocada com humor – Newsted zombou do jeito de Hetfield cantar, Hetfield zombou da bateria de Ulrich e Ulrich, que entrevistei por último, respondeu com desdém a várias citações de Hetfield”, contou.

Leia também:  James Hetfield faz tatuagem com cinzas de Lemmy Kilmister

– 7 composições que mostram como James Hetfield é bom letrista

Os problemas do Metallica começaram a ser resolvidos após James Hetfield ter feito tratamento para se livrar do alcoolismo, em uma clínica de reabilitação, no fim de 2001. Os músicos também fizeram sessões de terapia em grupo para resolver conflitos internos. Todo o processo foi gravado por dois cineastas e exibido no documentário “Some Kind Of Monster”, lançado em 2004.

Com tantos problemas para serem resolvidos, os planos de gravar um novo disco foram adiados para 2002. Sem baixista fixo àquela altura (Robert Trujillo só foi efetivado após as gravações), o grupo contou com o produtor Bob Rock para registrar as linhas do instrumento.

Como era de se esperar, o resultado de tudo isso seria mais agressivo e depravado que o usual. E esses dois adjetivos descrevem “St. Anger” muito além de questões estéticas empregadas ao som. O oitavo álbum do Metallica é, de longe, o mais visceral de sua carreira.

“St. Anger” não agradou tanto, em especial, graças à sua sonoridade ligada ao nu metal. A bateria de Lars Ulrich tem um timbre estalado, com destaque para a caixa. Os instrumentos de corda usam afinações mais graves e não há solos de guitarra. O baixo, por sua vez, é quase inaudível – como de costume em vários discos do Metallica pós-Cliff Burton.

Leia também:  James Hetfield faz tatuagem com cinzas de Lemmy Kilmister

Entretanto, o repertório presente em “St. Anger” é até bom. Músicas como “Frantic”, “Some Kind Of Monster”, “Dirty Window”, “The Unnamed Feeling” e a faixa título contavam com grande potencial, especialmente pelos riffs pesadíssimos e por andamentos que fogem do convencional. Contudo, são canções claramente atrapalhadas por uma produção equivocada.

Por mais que tenha sido criticado por sua direção artística questionável, “St. Anger” fez sucesso, como qualquer outra empreitada do Metallica. O álbum estreou no topo das paradas de 14 países e tem mais de 6 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. A faixa título ainda conquistou um Grammy, na categoria “Melhor Performance de Metal”, em 2004.

Há de se reconhecer que não é fácil entender “St. Anger” por completo. É recomendável assistir ao documentário “Some Kind Of Monster”, bem como ler as letras de James Hetfield, para auxiliar na compreensão. E, especialmente, tratar o álbum como um momento de desabafo e depravação de seus integrantes.

James Hetfield (vocal, guitarra)
Kirk Hammett (guitarra)
Bob Rock (baixo)
Lars Ulrich (bateria)

1. Frantic
2. St. Anger
3. Some Kind of Monster
4. Dirty Window
5. Invisible Kid
6. My World
7. Shoot Me Again
8. Sweet Amber
9. The Unnamed Feeling
10. Purify
11. All Within My Hands

* Siga IgorMiranda.com.br no InstagramFacebook e Twitter.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioResenhasOs 15 anos de 'St. Anger', do Metallica - um disco que...
Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades