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O que esperar da reunião do Helloween?

O Helloween, enfim, se reuniu com Michael Kiske e Kai Hansen. A relação entre os remanescentes e Kiske, em especial, não era das melhores. Entretanto, nos últimos anos, tudo foi ficando cada vez mais brando.

O próprio Michael Kiske mudou muito desde que saiu do Helloween. Natural, pois ninguém continua o mesmo de décadas atrás.

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Ao ser despedido do Helloween, Michael Kiske embarcou em uma carreira solo pouco notável e bem afastada do heavy metal. Voltou aos holofotes após se envolver com o Avantasia, de Tobias Sammet.

Até a atual década, cada projeto que contava com o nome de Michael Kiske (e não foram poucos) era diferente entre si. Quase nunca com heavy metal no meio. E sem shows: Kiske passou 17 anos, de 1993 a 2010, sem pisar em um palco.

A situação mudou quando o Unisonic estreou, em 2010, ao lado dos colegas de Place Vendome, Dennis Ward e Kosta Zafiriou, além de Mandy Meyer. Um ano depois, a entrada de Kai Hansen foi anunciada – e, com ele, o metal voltou à rotina de Michael Kiske. Um projeto que seria apenas um sucessor do Place Vendome ganhou força e peso com Hansen.

Diferente de Kiske, Kai Hansen nunca se desligou do metal, nem passou por diferentes projetos, muito menos se afastou dos palcos. Após sair do Helloween, ainda na década de 1980, formou o Gamma Ray, banda de extensa discografia que lidera até hoje.

O Helloween seguiu bem sem Michael Kiske e Kai Hansen. Com Andi Deris nos vocais, a banda lançou ótimos discos, por vezes sem a pegada power metal que consagrou o grupo na década de 1980, mas sem deixar a peteca cair.

A formação mudou por algumas vezes. O substituto de Hansen, Roland Grapow, deixou o grupo, assim como houve rotatividade entre os músicos que assumiram as baquetas no lugar do falecido Ingo Schwichtenberg. Entretanto, desde 2005, a line-up não muda: consolidou-se com Andi Deris no vocal, Michael Weikath e Sascha Gerstner nas guitarras, Markus Grosskpf no baixo e Daniel Löble na bateria.

E o mais importante: o Helloween não dava sinais de que faria uma reunião. Por outro lado, é fato que o discurso abrandou com o tempo. O “líder” da banda, Michael Weikath, parou de alfinetar Michael Kiske e vice-versa.

Nos últimos anos, Michael Kiske chegou a dizer, em algumas ocasiões, que não era contra se reunir com o Helloween. O cantor passou a afirmar que as mágoas ficaram de lado.

Dá, sim, para esperar coisa boa da reunião do Helloween.

Até o momento, trata-se de apenas uma turnê comemorativa, com os cinco músicos do Helloween juntos de Michael Kiske e Kai Hansen. O momento afável pode se transformar em um disco. Quem sabe?

Fato é que alguns dos envolvidos encontram-se em ótima forma. A voz de Michael Kiske é como vinho: parece ter melhorado ainda mais com o tempo. Perdeu-se um pouco em potência, mas ganhou-se em senso melódico e caminhos vocais. Andi Deris perdeu mais em técnica, mas é dono de um timbre icônico.

Nos shows do Unisonic, Michael Kiske e Kai Hansen reproduzem músicas como “March Of Time”, “Future World” e “I Want Out” sem dever em nenhum aspecto.

Kiske consegue cantar as músicas de sua época no Helloween com maestria, algo que Andi Deris não faz, obviamente, por ter um vocal bem diferente. Por outro lado, Deris tem, a seu favor, as ótimas canções de seu período com o Helloween, especialmente dos dois primeiros álbuns na banda, “Master Of The Rings” e “The Time Of The Oath”. Seria ótimo se composições de tais registros ganhassem espaço nos repertórios, visto que foram tão esquecidas nas turnês mais recentes.

Os demais músicos não deixam a desejar. Kai Hansen ainda toca muito e segue um vocalista razoável. Michael Weikath e Markus Grosskopf continuam ótimos em seus instrumentos, apesar de terem perdido um pouco o tato para composições. Os integrantes mais novos são excelentes em termos técnicos: tanto Sascha Gerstner e Daniel Löble.

A maior ansiedade com relação a essa reunião é se haverá um disco de inéditas. Digo isso porque, com exceção de Löble, todos os envolvidos são ou foram, em algum momento, bons compositores. O repertório de um álbum de inéditas com esses caras seria fora de série.

Tempos atrás, disse que o Helloween não soube ser grande (http://whiplash.net/materias/opinioes/248440-helloween.html). Ainda assim, é uma banda notável em seu nicho – e que, com essa reunião, vai desfrutar ainda mais de seu reconhecimento e influência.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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