Os últimos anos do Quiet Riot com o vocalista Kevin DuBrow foram bastante conturbados. A banda parecia estar bem após a reunião da formação clássica em 1997, com DuBrow, o guitarrista Carlos Cavazo, o baixista Rudy Sarzo e o baterista Frankie Banali. Os músicos chegaram a lançar dois discos, “Alive And Well” (1999) e “Guilty Pleasures” (2001), e se preparavam para divulgar o ao vivo “Live In The 21st Century”, mas, antes do registro chegar a público, o grupo se separou, em setembro de 2003.
Em maio de 2004, Kevin DuBrow lançou “In For The Kill”, seu único disco solo, cuja tracklist é composta somente de covers. No mesmo mês, o Quiet Riot anunciou seu retorno, com Alex Grossi na guitarra e Chuck Wright no baixo.
A banda, porém, não se firmou. Entre 2005 e 2006, quatro guitarristas (Grossi, Neil Citron, Billy Morris e Tracii Guns) e dois baixistas (Wright e Wayne Carver) diferentes passaram pelo Quiet Riot até que “Rehab”, enfim, começasse a ser gravado. E, diga-se de passagem, com um músico de estúdio: Tony Franklin no baixo. Grossi e Neil Citron se alternaram nas gravações das guitarras. Da formação clássica, restou apenas Kevin DuBrow e Frankie Banali.
Toda essa bagunça nos bastidores do Quiet Riot poderia ter se refletido em “Rehab”, mas não foi o caso. Curiosamente, trata-se de um dos discos com direcionamento musical mais evidente. O grupo mergulhou de vez em influências mais clássicas, como o hard rock setentista, o blues e a soul music.
Naturalmente, ambas as principais forças do Quiet Riot – Frankie Banali e Kevin DuBrow – caminhavam para um resultado diferente. Os músicos compuseram “Rehab” separadamente. Enquanto Banali colaborou com Neil Citron, DuBrow trabalhou com Michael Lardie (Great White, ex-Night Ranger) e Alex Grossi, além de Glenn Hughes, que, além de contribuir com a autoria das canções, cantou e tocou no icnrível cover para “Evil Woman”, original do Spooky Tooth. Uma forma de retribuir o favor que DuBrow fez a ele ao gravar backing vocals para “Soul Mover” [2005].
Em entrevista ao BraveWords, Frankie Banali explicou o processo de concepção de “Rehab”. “Já trabalhava em sessões com Neil Citron, então estávamos sintonizados um com o outro e compúnhamos não só para o Quiet Riot, como também para outros artistas. Fizemos ‘Old Habits Die Hard’ para outra banda. Kevin ouviu e disse: ‘Não, essa é do Quiet Riot’. Um grande número de músicas que eu escrevi para Neil eram diferentes do estilo que Kevin estava acostumado, então, ele chamou Glenn Hughes para fazer letras e melodias”, disse.
No fim das contas, as parcerias e o próprio desejo dos “chefes” fizeram com que “Rehab” soasse como um disco retrô, mesmo que com a pegada levemente metálica que é característica do Quiet Riot.
Os backing vocals em coro e os exageros em estúdio ficaram de lado. Foi a vez de dar espaço a efeitos mais secos, voz principal em primeiro plano e até curiosas inserções de gaita (em “South Of Heaven”), vocais femininos (em “Old Habits Die Hard”) e órgão (em “Beggars And Thieves” e “Evil Woman”). A sobriedade da produção, assinada por Kevin DuBrow e Frankie Banali, casou bem com a falta de orçamento para o disco, lançado sob um selo independente (Chavis Records) e não tão bem gravado.
Entre as performances individuais, a que mais chama a atenção é a de Kevin DuBrow. Já cinquentão na época, DuBrow teve uma performance digna. É como se sua voz não tivesse mudado nada ao longo dos anos. Os músicos envolvidos são bons de serviço, mas DuBrow está no rol dos grandes vocalistas do hard rock. E fez justiça a esse posto até em seu último registro.
Após o lançamento de “Rehab”, o Quiet Riot caiu na estrada, com Alex Grossi e Chuck Wright de volta. Porém, pouco mais de um ano após o disco chegar a público, Kevin DuBrow foi encontrado morto. Ele sofreu uma overdose de cocaína e seu corpo ficou trancado no apartamento onde morava, em Las Vegas, por seis dias, até que fosse localizado.
É difícil dizer o que seria do Quiet Riot se Kevin DuBrow continuasse vivo. O cantor era muito imprevisível e poderia ter dado fim à banda a qualquer momento.
No entanto, garanto que o grupo agradaria ainda mais se seguisse a linha de “Rehab” em trabalhos futuros. Em uma discografia cheia de altos e baixos, a despedida de Kevin DuBrow é um ponto de destaque.
Kevin DuBrow (vocal)
Neil Citron (guitarra)
Tony Franklin (baixo)
Frankie Banali (bateria)
Músicos adicionais:
Glenn Hughes (vocal e baixo em 11)
Alex Grossi (guitarra em 1 e 6)
01. Free
02. Blind Faith
03. South of Heaven
04. Black Reign
05. Old Habits Die Hard
06. Strange Daze
07. In Harm’s Way
08. Beggars and Thieves
09. Don’t Think So
10. It Sucks to be You
11. Evil Woman (Spooky Tooth cover)
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