Ex-guitarrista do Thin Lizzy e do Motörhead, Brian Robertson atingiu o estrelato cedo demais. Dei-me conta disso quando percebi que, nesta segunda-feira (12), o guitarrista faria “apenas” 60 anos. Para efeito de comparação, Phil Lynott teria chegado aos 67 em 2016 se não tivesse falecido.
A pouca idade influenciou para que Brian Robertson não soubesse como se portar com a fama. Ele se tornou alcoólatra aos 20 e teve uma carreira inconstante em função disso.
Por outro lado, Brian Robertson tem grandes méritos. Entrou para o Thin Lizzy com apenas 18 anos e foi um dos responsáveis por mudar a cara da banda. Com um jeito peculiar de tocar, desenvolveu uma parceria influente ao lado de Scott Gorham: os dois guitarristas introduziram de vez as guitarras gêmeas ao rock.
No Motörhead, há quem diga que tenha agido de forma errada ao tentar mudar o som da banda. Mas nada era feito no grupo sem o aval de Lemmy Kilmister. E Lemmy aprovou aquela pegada – apesar da ideia de não tocarem mais os clássicos feitos com “Fast” Eddie Clarke não ser das melhores.
Além disso, o único disco do Motörhead gravado cmo Brian Robertson é muito bom. “Another Perfect Day” (1983) se tornou um clássico cult, o tipo de trabalho que merece ser ouvido mais vezes para ser devidamente compreendido.
Em homenagem ao 60° aniversário de Brian Robertson, seis momentos de destaque do guitarrista.
1) Thin Lizzy – “Still In Love With You” (ao vivo): a versão de estúdio desta música, presente no disco “Nightlife” (1974) foi gravada com Gary Moore. Mas ganhou identidade extra quando foi parar nas mãos de Brian Robertson. O registro em “Live And Dangerous” (1978), com seu solo ao meio, é irretocável.
2) Thin Lizzy – “Silver Dollar”: única música composta somente por Brian Robertson no catálogo do Thin Lizzy. Lado B com curiosos momentos que remetem ao reggae.
3) Thin Lizzy – “Don’t Believe A Word”: uma das melhores notas de abertura de um solo que já ouvi. É o suficiente.
4) Wild Horses – “Street Girl”: a parceria entre Brian Robertson e Jimmy Bain não foi das melhores, mas até que rendeu algumas músicas divertidas. “Street Girl” é uma delas.
5) Motörhead – “I Got Mine”: gera estranheza ver o Motörhead bem produzido e com tendências hard rock. Mas “Another Perfect Day” foi o melhor momento “fora da curva” da banda. “I Got Mine”, um rock single com barba, cabelo e bigode feitos, reflete isso.
6) Brian Robertson – “Devil In My Soul”: demorou muito para que Robertson lançasse um disco solo. “Diamonds And Dirt” (2011) mostra suas raízes blues rock. A música “Devil In My Soul”, em especial, é um crossover curioso entre ZZ Top e Led Zeppelin.
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